Estou de volta?

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Narrador P.O.V

Rhaenyra levou alguns segundos para se recompor, o peso da realidade ainda pairando sobre seus ombros. Eu voltei, pensou ela, tentando assimilar o que aquilo significava. Quando seus olhos voltaram a focar no bebê em seus braços, sentiu algo estranho, quase reconfortante. Se os deuses me deram essa chance, eu a aceitarei de bom grado.

Ela inspirou fundo, trazendo de volta a compostura, e ergueu o olhar até encontrar o de seu pai. Viserys estava visivelmente emocionado, seus olhos brilhavam de orgulho ao observar o filho recém-nascido. Com um leve sorriso nos lábios, Rhaenyra quebrou o silêncio:

— Parabéns, pai, pelo nascimento de seu tão esperado filho homem.

Viserys sorriu largamente, o peso dos anos parecia derreter naquele instante. Ele segurou a mão de Rhaenyra com afeto, seus olhos enchendo-se de emoção ao falar:

— Obrigado, minha querida. Significa muito para mim que você esteja aqui, minha primeira filha, minha herdeira. Este é um momento importante para todos nós, e é ainda mais especial com você ao meu lado.

Ao ouvir as palavras de Viserys, especialmente o termo herdeira, Rhaenyra notou uma mudança instantânea no semblante de Alicent, que estava deitada na cama. A felicidade momentânea em seus olhos apagou-se como uma vela sendo sufocada pelo vento. Alicent franziu a testa, e com uma voz baixa, mas claramente irritada, pediu:

— Quero meu filho de volta.

As palavras dela cortaram o ar da sala com uma tensão palpável. Sem esperar por uma resposta, Alicent estendeu os braços para que o bebê fosse entregue. Quando Aegon foi colocado em seus braços, ele começou a chorar imediatamente. Seu rosto pequenino ficou vermelho, as lágrimas rolando livremente enquanto seu choro agudo enchia a câmara. Alicent, visivelmente desconfortável e exausta, tentou acalmá-lo, mas sem sucesso. Quanto mais o balançava, mais desesperado ele parecia.

Rhaenyra observava a cena com uma curiosa mistura de emoções. "Curioso", pensou, como se o destino estivesse já mostrando sinais de que as coisas poderiam ser diferentes desta vez. E assim, vendo o desespero de Alicent, ela tomou uma decisão ousada.

— Pai — disse Rhaenyra calmamente, mantendo o tom tranquilo —, posso segurá-lo mais um pouco?

Viserys, ainda encantado com a presença da filha, assentiu de imediato.

— Claro, minha filha. Talvez ele encontre algum conforto em você.

Sem perder tempo, Rhaenyra se aproximou de Alicent, que relutantemente entregou Aegon de volta a ela. Assim que ele foi novamente colocado nos braços de Rhaenyra, o choro do bebê começou a diminuir. O pequeno corpo antes tenso começou a relaxar, e em questão de instantes, Aegon estava novamente calmo, seu rosto se acomodando contra o peito de Rhaenyra como se encontrasse paz ali.

Rhaenyra sentiu algo estranho crescer dentro dela. Não era apenas o ato de acalmar o bebê que a surpreendia, mas sim o simbolismo daquele momento. Ela olhou para o rosto pacífico de Aegon, seus olhos já fechados enquanto ele dormia. "Este bebê, que um dia seria minha ruína, agora descansava em meus braços como se confiasse completamente em mim."

Viserys, ao notar o efeito calmante que Rhaenyra tinha sobre o filho, sorriu com aprovação.

— Veja só isso, Alicent. Nosso filho se sente seguro com Rhaenyra.

A Herdeira Das Chamas | A casa do dragão Onde histórias criam vida. Descubra agora