A tempestade se aproxima

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O amanhecer em Driftmark trouxe consigo uma névoa sombria e um silêncio pesado. O ar estava denso com a tristeza da perda, e as ondas suaves do mar pareciam ecoar o lamento que todos carregavam em seus corações. O barco trazendo a família de Rhaenyra e Alissane chegou com as primeiras luzes do dia, e tudo já estava preparado para o funeral de Laena. A única coisa que faltava era a chegada do rei, cuja presença era aguardada com a mesma solenidade que o evento pedia.

Rhaenyra estava profundamente abalada, seus olhos inchados e o rosto marcado pela dor de perder sua prima e amiga de longa data. Alissane também sofria, e ambas encontravam algum consolo nos braços de seus maridos, Aaron e Daemon, que faziam o possível para aliviar o peso da tristeza. O luto estava presente em cada expressão, em cada movimento silencioso dos presentes.

As crianças, inocentes mas cientes da gravidade do momento, estavam reunidas em uma sala, sendo acalmadas por Aegon, Rhaegar e Baelon, que tentavam manter os mais novos distraídos e confortados diante da perda de sua tia e mãe. Os mais velhos, como Jacerys, Visenya, Helaena, e Lucerys, estavam mais introspectivos, tentando processar o luto de uma forma madura, embora ainda fossem jovens.

Cregan, devastado, permanecia ao lado de seu cunhado Laenor, que também estava profundamente abalado. Ambos compartilhavam a dor da perda de Laena de maneira silenciosa, trocando olhares sombrios, unidos pela tristeza. Rhaenys, a Rainha Que Nunca Foi, estava nos braços de seu marido, Corlys Velaryon, ainda chorando copiosamente. A perda de sua filha era insuportável, e mesmo o homem mais forte de Westeros, o Serpente Marinha, parecia diminuído diante do imenso luto de sua esposa.

O som das ondas quebrando nas pedras parecia carregar as preces silenciosas de todos que aguardavam. A morte de Laena não era apenas a perda de uma senhora do Norte ou uma cavaleira de dragão, mas a perda de uma mulher que unia três das maiores casas de Westeros. O peso dessa tragédia recaía sobre todos, e a espera pelo funeral, pela última despedida, apenas intensificava o sentimento de vazio que se instalava em Driftmark.

O funeral de Laena seria mais do que uma cerimônia. Seria um marco na história da Casa Velaryon e da Casa Stark, e os ventos que sopravam no horizonte pareciam pressagiar mudanças, enquanto as brasas da pira de Laena aguardavam para transformar seu corpo em cinzas e memória.

O navio real chegou em Driftmark com a bandeira Targaryen balançando ao vento, trazendo o rei Viserys, a rainha Alicent, seus gêmeos Maegor e Daegon, e o Lorde Otto Hightower. A presença deles era formal, mas carregava o peso de tensões silenciosas. Assim que desembarcaram, seguiram diretamente para o local onde a família de Laena aguardava, o corpo da falecida senhora preparado para o rito que uniria os costumes Targaryen e Velaryon, em homenagem à sua linhagem de sangue e mar.

O clima estava solene, e o mar parecia lamentar a perda da filha de duas grandes casas. Laena Velaryon, montadora de Vhagar e senhora de Winterfell, receberia o tributo mais honroso que um Targaryen poderia receber: o fogo. E, como filha do mar, seu corpo seria depois entregue às profundezas, onde descansaria entre as ondas.

Com todos os presentes em seus lugares, os olhares se voltaram para Baela, a filha mais velha de Laena e Cregan Stark. A jovem deu dois passos à frente, o peso da responsabilidade e do luto visível em seus olhos. Ela fixou o olhar em sua dragão, Bailalua, que esperava ao longe, pronta para cumprir o comando de sua montadora. Baela respirou fundo, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair, sua expressão uma mistura de dor e determinação.

Ela hesitou por um momento, sua mão tremendo ligeiramente enquanto encarava o corpo de sua mãe. O vínculo entre mãe e filha ainda era forte, e o desejo de manter Laena ao seu lado por mais um instante tornava a despedida mais dolorosa. Olhando para seu pai, Cregan, ela encontrou força no olhar dele, que assentiu lentamente, encorajando-a a cumprir o ritual. Nesse momento, seu primo Rhaegar se aproximou silenciosamente, colocando uma mão reconfortante em seu ombro. O simples gesto ofereceu o apoio de que Baela precisava.

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