A Herdeira Das Chamas | A casa do dragão

Fogo e sangue, mar e sal

Dois anos se passaram desde o retorno de Otto Hightower à corte como Mão do Rei, e muita coisa havia mudado. A relação de Rhaenyra com seu pai, Viserys, se deteriorou profundamente. O distanciamento entre pai e filha era evidente, e o rei sentia uma dor profunda por ver sua herdeira se afastar cada vez mais. Ele sempre a havia considerado sua favorita, mas as escolhas que fez ao longo dos anos, especialmente ao trazer Otto de volta e permitir que Alicent retornasse a pedido dos gêmeos, Daegon e Maegor, fizeram com que Rhaenyra se voltasse contra ele.

Rhaenyra, focada em suas responsabilidades como herdeira, explodiu em um momento de frustração, confrontando Viserys com palavras duras. Ela o acusou de ceder demais às pressões de Otto e Alicent, colocando em risco a unidade de sua família. Apesar de sua raiva, Viserys não respondeu com ira, mas com dor e arrependimento, o que só aprofundou o fosso entre eles.

Enquanto isso, a corte estava cheia de intrigas e tensões. Alicent, agora de volta, circulava pelos corredores como uma sombra do passado, sempre acompanhada por seus gêmeos. Otto, por sua vez, continuava a influenciar o rei, o que irritava profundamente Rhaenyra.

Naquele tempo, os filhos mais velhos de Rhaenyra começaram a montar seus dragões. Jacerys e Visenya, agora com 10 anos, mostravam grande habilidade em lidar com as majestosas criaturas que habitavam Dragonstone. Lucerys, ainda jovem, também começava a desenvolver uma conexão com seu dragão, enquanto Aemond, que ainda não possuía uma montaria, lutava com sua própria frustração.

Cumprindo sua promessa, Rhaenyra levou Aemond e Helaena a Dragonstone na esperança de que ambos pudessem reivindicar dragões para si. A sorte, no entanto, sorriu apenas para Helaena. Ela conseguiu montar Dreamfyre, uma dragão venerável e majestosa, algo que encheu os corações dos Targaryen de orgulho. Para Aemond, no entanto, a jornada foi amarga. Ele esperava encontrar Vermithor, um dos dragões mais antigos e poderosos, mas o grande dragão não pôde ser encontrado, frustrando suas esperanças de finalmente se tornar um cavaleiro de dragão.

Apesar de seus fracassos e frustrações, Aemond guardava seu ressentimento em silêncio, observando os eventos que se desenrolavam na corte. Ele sabia que, um dia, teria sua chance de provar seu valor e reivindicar um dragão, mas por enquanto, o vazio e a raiva cresciam em seu coração.

Durante um dos treinos no Fosso dos Dragões, os gêmeos da rainha Alicent, Daegon e Maegor, decidiram provocar Aemond de maneira humilhante. Eles entregaram-lhe um porco, zombando dele por ainda não ter um dragão, uma provocação que fazia referência à humilhação anterior que ele havia sofrido com o "Dragão de Porco".

A provocação não passou despercebida por Jacerys e Visenya, os filhos mais velhos de Rhaenyra. Ambos ficaram indignados com o tratamento que Aemond estava recebendo e, em um impulso de proteção, atiçaram seus dragões, Vermax e Baelax, na direção dos gêmeos da rainha. O calor das chamas começou a crepitar no ar, e por um momento, parecia que Daegon e Maegor seriam transformados em churrasco.

Se não fosse por Aegon, que rapidamente interveio, os dois gêmeos poderiam ter virado comida de dragão. Aegon conseguiu acalmar a situação antes que os dragões de Jacerys e Visenya atacassem os irmãos. No entanto, isso não foi o suficiente para impedir a humilhação verbal que viria logo a seguir.

Visenya, conhecida por sua língua afiada, se voltou para Daegon e, com um olhar de desdém, disse:

— Você não deveria dizer nada. Afinal, você também não tem um dragão. Não passa de um Hightower brincando de ser Targaryen.

As palavras afiadas cortaram fundo, e antes que Daegon pudesse se defender, ela se virou para Maegor, cujas tendências alcoólicas eram bem conhecidas:

— E você, Maegor, é apenas um bêbado. Nem sabe falar sua própria língua materna, quem dirá comandar seu dragão. Não passa de uma vergonha para a nossa casa.