Rumores Infundados

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A Fortaleza Vermelha havia sido palco de três dias de grandiosas celebrações pelo primeiro dia do nome de Aegon. No entanto, os rumores sussurrados pelos corredores manchavam o brilho da festa. Comentários maldosos sobre o comportamento de Rhaenyra com o príncipe dornês Aaron Martell circulavam entre as damas e os lordes, insinuando que a princesa havia se entregado a ele tão rápido quanto o havia conhecido. Aquilo a enfurecia profundamente, pois já sabia quem estava por trás das difamações.

Ao cair da noite, Rhaenyra chamou sua dama de companhia, Laena Velaryon, ao seu quarto. Quando Laena entrou, viu a princesa completamente diferente de seu costume. Rhaenyra vestia roupas simples de criada, os cabelos dourados escondidos sob uma touca, e ela segurava um manto negro pesado.

- Rhaenyra... - começou Laena, confusa. - O que está acontecendo? Por que está vestida assim?

Rhaenyra a encarou com um olhar determinado, ajustando o manto sobre os ombros.

- Há coisas que preciso resolver esta noite, Laena. Coisas que só eu posso fazer - ela falou, a voz firme. - Preciso que você fique aqui, cuide de Aegon e, não importa o que aconteça, mantenha a porta fechada.

Laena hesitou, claramente preocupada.

- Mas o que você pretende? Isso é perigoso, Rhaenyra. E se algo der errado?

- Não vai - respondeu Rhaenyra, com convicção. - Vou sair pela passagem secreta. Conheço cada canto dela. Voltarei antes da hora do lobo. Você só precisa confiar em mim.

- Claro que confio, mas... - Laena deu um passo à frente, os olhos brilhando com apreensão. - Aegon precisa de você. Não faça nada que possa colocar sua vida em risco. Não vale a pena.

Rhaenyra se aproximou e segurou as mãos de Laena.

- Eu sei, e é exatamente por ele que estou fazendo isso. Não posso permitir que espalhem essas mentiras sobre mim, Laena. Não vou permitir que Alicent ou Otto manchem minha reputação ou me afastem de minha posição.

Laena suspirou, sabendo que, uma vez decidida, Rhaenyra não voltaria atrás.

- Está bem. Farei como pediu. Fique atenta e... volte em segurança.

Rhaenyra sorriu para a amiga, agradecida por seu apoio.

- Obrigada, Laena. Você sempre foi a melhor companheira que poderia ter.

Dito isso, Rhaenyra puxou o capuz do manto sobre a cabeça, cobrindo completamente seu rosto, e foi até a parede do quarto. Com um gesto firme, abriu a passagem secreta que levava até as profundezas da Fortaleza Vermelha. Antes de desaparecer pela porta estreita, ela lançou um último olhar para Laena.

- Não se preocupe comigo. Eu sei o que estou fazendo.

E com essas palavras, ela atravessou a passagem, fechando-a atrás de si.

Os túneis escuros da Fortaleza a cercavam, mas Rhaenyra se movia com agilidade e familiaridade. Conhecia aqueles caminhos secretos desde criança, quando a curiosidade a havia levado a explorá-los. Agora, eles seriam sua rota para a liberdade e, mais importante, para confrontar os responsáveis por espalhar os boatos venenosos.

Ao emergir das sombras na cidade, Rhaenyra manteve o capuz puxado, misturando-se com os plebeus que caminhavam pelas ruas estreitas e mal iluminadas. Ela sabia exatamente para onde estava indo.

Rhaenyra caminhou pelas ruas de Porto Real com passos rápidos e decididos, sempre mantendo o capuz bem ajustado sobre a cabeça. A lua iluminava fracamente as vielas, lançando sombras longas que a envolviam. A cidade estava em seu auge noturno, com sons de risadas, conversas e o tilintar de copos ao longe. Ela subiu a Rua da Seda, o coração das casas de prazer de Porto Real, ignorando os olhares curiosos das pessoas que cruzavam seu caminho.

A Herdeira Das Chamas | A casa do dragão Onde histórias criam vida. Descubra agora