A Herdeira Das Chamas | A casa do dragão

Os bebês reais

⚠️Atenção o capítulo a seguir pode conter gatilhos para quem sofre ou já sofreu de depressão ou depressão pós parto.⚠️

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Dois anos haviam passado desde o grandioso casamento de Rhaenyra e Aaron, e muitas mudanças ocorreram na corte de Porto Real. Alissane e Daemon haviam se casado apenas duas luas após o casamento de Rhaenyra, em uma cerimônia que uniu ainda mais a casa Targaryen. Ao mesmo tempo, Laena Velaryon e Cregan Stark também selaram sua união, consolidando alianças importantes para o reino. Agora, com suas amigas casadas e distantes, Rhaenyra se via novamente sozinha na corte.

A rainha Alicent retornara recentemente de Oldtown, onde havia dado à luz gêmeos. Para a surpresa de muitos, ela havia deixado os filhos recém-nascidos sob os cuidados de seu pai, Otto Hightower, permanecendo mais seis meses por lá antes de voltar sozinha para Porto Real. Essa decisão não agradou nem um pouco a Rhaenyra, que não via com bons olhos o afastamento de Alicent de seus próprios filhos.

Quando Alicent finalmente retornou à Fortaleza Vermelha, algo na atmosfera havia mudado. A presença dela, que antes parecia trazer uma paz momentânea, agora trazia um clima pesado. Era como se a "cobra", como Rhaenyra frequentemente pensava nela, voltasse mais venenosa do que nunca. A harmonia que havia reinado na corte nos últimos meses parecia ter morrido, substituída por uma tensão crescente.

Nesse período, Aegon, o primogênito de Rhaenyra, completou dois aniversários e agora tinha sete anos. Ele havia passado uma lua inteira em Runestone, onde estava sob a tutela de seu tio Daemon. Rhaenyra, limitada pela gravidez, ensinou-lhe política e a língua ancestral dos Targaryens, o Alto Valiriano. Contudo, reconhecendo a importância das artes marciais e da montaria, enviou-o para Daemon, que seria capaz de treiná-lo para se tornar um verdadeiro guerreiro e montar dragões com destreza.

A gravidez de Rhaenyra avançava, e com isso, suas preocupações aumentavam. A presença de Alicent não ajudava em nada, e ela sabia que precisaria ser ainda mais cuidadosa nas próximas semanas.

Rhaenyra estava sentada em sua escrivaninha, focada em revisar as últimas cartas que recebera de Sor Harwin Strong, vindas de Pedra do Dragão. Ela havia mandado construir uma cidade pequena, mas robusta, logo abaixo do castelo, para abrigar seu exército secreto, um exército que mantinha oculto de todos, inclusive de seu pai, o rei. As construções avançavam rapidamente, e Harwin enviava informações detalhadas sobre cada progresso. Rhaenyra lia cada linha com atenção, certificando-se de que tudo estava no controle. Quando terminou, queimou as cartas cuidadosamente no braseiro ao lado, como sempre fazia.

Ela suspirou, passando a mão na barriga, já pesada pela gravidez. Alicent estava grávida também, e com o passar dos dias, parecia que elas estavam apenas uma lua de diferença uma da outra. A tensão entre as duas não parava de crescer, e a situação na corte ficava mais insuportável a cada encontro.

Tentando se distrair, Rhaenyra pegou uma carta de Laena, esperando que as notícias de sua amiga fossem mais leves e agradáveis. Mas antes mesmo de abrir a carta, uma serva entrou apressada em seus aposentos, com uma expressão de pura preocupação.

— O que houve? — Rhaenyra perguntou, largando a carta de Laena sobre a mesa.

A serva, ainda ofegante, se aproximou e fez uma reverência curta antes de falar:

— Princesa... perdoe a interrupção, mas algo urgente aconteceu. A rainha Alicent... parece que entrou em trabalho de parto antes do previsto.

Rhaenyra franziu o cenho, uma onda de sentimentos a invadindo. Alicent não estava tão distante dela em sua gravidez, mas entrar em trabalho de parto tão cedo... aquilo não era bom.