Capítulo 11- TREINOS E PROMESSAS NAO DITAS

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Pov Narrador

A manhã nasceu calma em Paris, mas a serenidade do exterior não refletia os sentimentos dentro de Simone. Ela acordou com um sorriso suave nos lábios, lembrando-se do beijo e da promessa que pairava entre ela e Rebeca na noite anterior. A dúvida sobre se Rebeca se lembraria do momento, porém, insistia em cutucar seus pensamentos, mas ela decidiu não deixar essa incerteza estragar seu dia.

Depois de se vestir com a precisão de uma atleta pronta para um dia de treinos, Simone se reuniu com sua equipe para o café da manhã. Ela estava mais focada e centrada do que de costume, mas isso não a impediu de sentir uma leve tensão ao avistar a equipe brasileira entrando no salão. Seus olhos rapidamente procuraram por Rebeca, mas ela não estava entre as primeiras a aparecer.

Enquanto esperava, Jordan se aproximou de Simone com um sorriso provocador.

- Você viu o novo reels que a equipe brasileira postou? Lorrane e Rebeca arrasaram! Estão dominando as redes sociais. Não dá pra negar que elas têm estilo - disse Jordan, mostrando o vídeo no celular.

Simone, tentando parecer indiferente, assistiu ao vídeo, mas não conseguiu esconder o suspiro quando Rebeca apareceu na tela dançando com um sorriso confiante e um olhar cheio de charme. A química entre as meninas no vídeo era evidente, e o jeito descontraído de Rebeca fez o coração de Simone bater mais forte.

- Estão roubando a cena, hein? - comentou Simone com um sorriso discreto, tentando disfarçar o impacto que o vídeo teve sobre ela.

Foi nesse momento que Rebeca finalmente entrou no salão, com o celular na mão e rindo de algo com Flavinha enquanto se aproximava da mesa. Simone não conseguia desviar o olhar. Tentava encontrar alguma pista no comportamento de Rebeca, algum gesto que indicasse se ela se lembrava da noite anterior.
No entanto, Rebeca parecia perfeitamente tranquila, como se tudo estivesse normal. Isso mexia com Simone, que, pela primeira vez em muito tempo, se sentiu um pouco insegura.

Depois do café da manhã, as equipes seguiram para o ginásio para os treinos finais antes da competição noturna. O ambiente era eletrizante, repleto de tensão competitiva e expectativas. A delegação brasileira se posicionou em uma área do ginásio, enquanto a equipe de Simone se preparava no lado oposto. O espaço compartilhado por várias seleções permitia que todos se observassem, e não demorou para que os olhares de Rebeca e Simone se encontrassem novamente, dessa vez em um breve instante de cumplicidade.

As atletas se aqueciam com precisão. Cada alongamento era uma preparação para a batalha que enfrentariam mais tarde. Simone iniciou com sua tradicional sequência de saltos e acrobacias no solo, cada movimento perfeitamente cronometrado. Rebeca, por outro lado, estava focada nas barras assimétricas, um de seus aparelhos favoritos, e demonstrava uma concentração afiada.

As brasileiras treinavam com uma energia contagiante. Flavinha e Lorrane aqueciam lado a lado, trocando piadas para aliviar a tensão, enquanto Júlia revisava suas séries na trave com uma expressão séria. Rebeca era a mais silenciosa do grupo, mas sua presença era marcante; seus olhos castanhos brilhavam intensamente, e cada movimento seu parecia calculado com perfeição.

Simone não conseguia tirar os olhos dela. Vê-la tão focada, tão dona de si, era hipnotizante. Decidida a também dar seu melhor, Simone avançou para a área de saltos e se preparou para executar um Amanar, um dos movimentos mais desafiadores e conhecidos no mundo da ginástica.

O barulho dos passos de Simone no tablado ressoou pelo ginásio. Ela correu com uma explosão de energia e precisão. Ao se aproximar da mesa de salto, ela impulsionou seu corpo em uma sequência perfeita de rotação e torção, aterrissando com firmeza e precisão. Os técnicos americanos aplaudiram, satisfeitos com a execução impecável, mas o olhar de Simone buscou por algo mais, por uma reação específica: os olhos de Rebeca.

Rebeca havia parado momentaneamente seu treino nas barras para observar Simone. Seus olhos se encontraram brevemente e, por um instante, a tensão da noite anterior voltou, densa e palpável. Simone percebeu um pequeno sorriso nos lábios de Rebeca, mas não conseguiu discernir se era de aprovação ou outra coisa.

Agora era a vez de Rebeca brilhar. O treino nas barras exigia precisão e força. Cada movimento fluía como uma coreografia meticulosamente ensaiada. Rebeca iniciava com uma elevação fluida, agarrando a barra superior com graça, seguida de transições rápidas e ousadas para a barra inferior. A série de soltos e giros era intensa, desafiadora, e quando parecia impossível manter o ritmo, ela aumentava a complexidade.

Simone, em meio ao seu próprio treino, não resistiu e começou a prestar atenção. Viu quando Rebeca executou um Jaeger, um dos movimentos mais técnicos na barra superior, seguido por um Pak salto que fez com que o público no ginásio suspirasse. O domínio que Rebeca tinha do aparelho era uma combinação de leveza e poder. Quando ela finalizou sua série com um duplo mortal carpado na saída, cravando a aterrissagem, o ginásio irrompeu em aplausos, mas o que capturou o olhar de Rebeca foi o discreto sorriso de aprovação de Simone, que estava no canto da sala observando-a atentamente.

Conforme o treino se aproximava do fim, Simone e Rebeca continuaram a trocar olhares furtivos. As palavras ainda não ditas, as promessas não resolvidas, tudo isso pairava entre elas como uma linha invisível. Mesmo sem conversarem, havia uma tensão evidente, algo além da competição que se aproximava.

Enquanto todas as equipes se preparavam para deixar o ginásio e retornar aos quartos para descansar antes do grande evento à noite, Simone fez questão de dar uma última olhada para Rebeca. O brilho nos olhos da brasileira ainda estava lá, um lembrete silencioso de que, independentemente do que acontecesse na competição, havia algo mais em jogo.

O dia estava apenas começando, e a noite traria desafios não só nos aparelhos, mas também no que realmente importava para elas. Se Rebeca se lembraria de tudo o que ocorreu na noite anterior? Isso ainda era um mistério, mas uma coisa era certa: ambas estavam em um ponto sem volta, onde seus caminhos se cruzariam novamente, de uma forma ou de outra.

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