CAPÍTULO 26 - DESPEDIDA

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Pov Narrador

O aeroporto de Paris estava um verdadeiro frenesi, um emaranhado de corpos e sons que se misturavam em um espetáculo de partidas e chegadas. No entanto, no meio desse caos, dois corações estavam imersos em um silêncio introspectivo, profundamente envolvidos em uma despedida que parecia impossível de enfrentar. Rebeca e Simone estavam prestes a se separar, e a saudade, como uma nuvem carregada de emoções, pairava sobre elas.

A palavra "distância" parecia se materializar no ambiente, não apenas como uma separação física, mas como um espaço emocional crescente. A distância aqui não se resumia a metros ou quilômetros; era um desvio invisível que se formava entre dois corações. Era o espaço que aparecia quando se sentia a falta de algo ou alguém com intensidade. Era o eco de um sentimento que, embora não fosse sempre palpável, fazia sua presença sentida com um peso esmagador.

Rebeca olhava ao redor, os olhos fixos no movimento dos passageiros que se afastavam e se reuniam, cada um seguindo seu próprio caminho. Ela sentia a distância se aproximar, uma sensação de separação que ia além dos quilômetros físicos. Era uma distância emocional, um espaço que parecia se alargar a cada instante. Havia uma saudade crescente, uma sensação de ausência que começava a se infiltrar em seus pensamentos. A competição havia terminado, e o que restava agora era a sensação de um ciclo que se fechava, um fim que não parecia real, como se as memórias e emoções ainda estivessem em um limbo, longe de serem totalmente processadas.

Simone estava um pouco atrás, sua mente cheia de pensamentos turbulentos. As memórias das últimas semanas, os momentos compartilhados e as conversas íntimas estavam agora se misturando com a dor iminente da separação. Biles se via relembrando cada momento que passaram juntas em Paris, desde as risadas compartilhadas até os olhares furtivos que se tornaram cada vez mais frequentes. A saudade começava a fazer o seu trabalho, tornando-se um peso constante no peito de Simone. Cada pensamento sobre a partida de Rebeca parecia amplificado pela dor da separação iminente. E então em meio a tantos pensamentos, ela se aproximou de Rebeca, suas mãos tremendo ligeiramente.

- Rebeca - Simone começou, sua voz suave e hesitante - eu… eu não sei bem o que dizer.

Rebeca virou-se lentamente, encontrando o olhar de Simone. - Eu também não sei. É difícil colocar em palavras o que estou sentindo.

Simone suspirou, sua expressão carregada de tristeza. - Eu nunca imaginei que essa despedida seria tão difícil. É como se todas as memórias que construímos juntas estivessem agora se tornando um peso maior.

- Eu entendo-  Rebeca respondeu, seu tom melancólico. - É como se cada momento que vivemos aqui estivesse se tornando um eco que vai reverberar em minha mente. A saudade está se tornando uma presença constante.

Simone assentiu, os olhos marejados. - E eu sinto como se a distância fosse algo mais do que apenas metros entre nós. É um espaço emocional, um buraco que se forma quando pensamos em tudo o que teremos que deixar para trás.

- Sim -  Rebeca concordou. - é um espaço que vai crescer e se tornar uma parte de nós. É uma sensação estranha, quase como se estivéssemos sendo puxadas em direções opostas, mas com um fio invisível que ainda nos une.

O silêncio caiu entre elas, uma pausa pesada que parecia absorver o barulho ao redor. Simone tomou uma respiração profunda e olhou ao redor, procurando por um lugar que pudesse oferecer algum tipo de privacidade.

- Ms acompanha- Simone disse, puxando gentilmente Rebeca pela mão. - Preciso encontrar um canto mais tranquilo onde podemos conversar.

Rebeca seguiu Simone, e juntas, elas se dirigiram a um canto isolado do aeroporto, um espaço vazio que parecia ter sido criado para elas. O movimento frenético do terminal parecia distante ali, e a quietude que encontraram era um alívio momentâneo.

- Este lugar é perfeito.Simone comentou, tentando forçar um sorriso - Parece um pouco mais tranquilo do que o resto do aeroporto.

Rebeca sorriu tristemente. - É verdade. Às vezes, esses pequenos momentos de calma são tudo o que precisamos para processar o que estamos sentindo.

Simone se aproximou de Rebeca, olhando para ela com uma intensidade que falava mais do que palavras poderiam expressar. - Eu sei que precisamos nos despedir, mas…

-Eu também sinto isso...-  Rebeca interrompeu, suas palavras carregadas de emoção. - É como se cada palavra que dissemos e cada momento que vivemos aqui estivesse se tornando um legado que levaríamos conosco.

Simone olhou para Rebeca, seus olhos brilhando com lágrimas não derramadas. - É estranho como tudo pode mudar tão rapidamente. Um dia, estamos celebrando nossas vitórias, e no outro, estamos nos despedindo.

Rebeca deu um passo mais perto, seu olhar fixo em Simone. - É verdade. Mas eu quero que saiba que, mesmo que a distância nos separe, o que sentimos um pelo outro é real e duradouro.

Simone sorriu, um sorriso triste, mas sincero. - Eu também sinto isso. A distância pode ser grande, mas o que temos entre nós é algo que transcende isso.

Rebeca balançou a cabeça, concordando. - Sim, é como se estivéssemos conectadas por algo que vai além das palavras e dos momentos físicos.

Simone tomou a mão de Rebeca, apertando-a suavemente. - Você está certa. E, apesar de tudo, quero que leve isso com você. Que lembre sempre que há uma parte de mim com você, mesmo quando estamos longe.

Rebeca olhou para Simone, seu coração batendo mais rápido. - Eu farei isso. E eu também quero que saiba que você sempre terá um lugar especial no meu coração.

O silêncio entre elas se tornou ainda mais profundo, carregado de uma saudade que parecia se materializar ao seu redor. Simone, com uma expressão de determinação, tomou a iniciativa de selar aquele momento. Ela se aproximou ainda mais de Rebeca, seu olhar fixo no dela.

- Eu tenho algo para te dar - Simone disse suavemente. - Algo que quero que você leve consigo...

- Ah, o que? - Rebeca perguntou, curiosa.

Simone se inclinou lentamente, capturando os lábios de Rebeca em um beijo suave e demorado. Era um beijo cheio de saudade, de sentimentos não expressos e promessas de um futuro em que se encontrariam novamente.

O beijo continuou, cada movimento lento e deliberado, como se quisessem eternizar aquele momento antes de serem forçadas a seguir caminhos diferentes. Quando finalmente se separaram, ambos estavam com os olhos marejados, mas um sorriso sereno se formou em seus lábios. Era um sorriso que dizia que, apesar da dor da separação, havia algo que permanecia intacto, algo que seria levado adiante, além da distância física.

- Isso é para te lembrar de mim -  Simone disse, sua voz suave e cheia de emoção.

Rebeca sorriu, um sorriso que misturava tristeza e alegria. - Eu vou lembrar de você sempre, Simone. E este beijo será uma lembrança constante de tudo o que vivemos juntas.

Biles sorriu e se aproximou até ficar próxima ao ouvido de Rebeca e sussurrou- Espero que goste do seu presente... - Ao falar, deu uma última olhada ao redor, certificando-se de que o canto estava realmente vazio. Ela então apertou a mão de Rebeca uma última vez, antes de se afastarem lentamente. O silêncio ao redor parecia agora ser um testemunho de um momento que ambas levariam com elas.

Enquanto se dirigiam de volta para onde os outros estavam esperando, a sensação de saudade estava ainda mais presente, mas também havia uma certeza silenciosa de que o que haviam compartilhado era especial e duradouro. O "até logo" que haviam selado com aquele beijo não era apenas um adeus, mas um lembrete de que, apesar da distância, algo precioso havia sido preservado entre elas.

Rebeca e Simone, agora com corações um pouco mais leves, se prepararam para seguir seus caminhos separados, carregando consigo a certeza de que, um dia, seus caminhos se cruzariam novamente. O aeroporto de Paris, com todo seu movimento e agitação, parecia ter guardado um espaço especial para aquela despedida, uma memória que ficaria para sempre gravada em seus corações.

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