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Agora que estava me mudando e praticamente sozinha em um apartamento que não conhecia, aquilo parecia estranho. Jungkook queria que eu me sentisse em casa ali, mas como seria possível? A atmosfera sinistra que as paredes escuras e aquela mistureba de decorações criavam só era intensificada pelo caráter insípido, imaculado e sem qualquer traço pessoal do apartamento.
Agora, a ideia de que eu finalmente poderia me dedicar à minha arte e ver porcarias na TV da sala parecia ridícula. Como poderia levar RuPaul ou os tesouros que encontrasse nos centros de reciclagem de Chicago para aquele apartamento intocado? Ele parecia tão cavernoso que eu me perguntava se faria eco se eu gritasse.
Abri a boca para tentar, então lembrei que Jungkook devia estar no outro quarto, dormindo. Acordá-lo gritando sem nenhum motivo provavelmente não seria uma boa forma de iniciar nossa relação de colegas de apartamento.
Puxei minha mala pelo corredor na direção dos quartos, tomando um cuidado especial para me manter longe do armário proibido. Quando passava por ele, pensei ter sentido um cheiro frutado vago, mas talvez tenha sido apenas minha imaginação. De qualquer maneira, ceder à curiosidade de ver o que havia ali dentro também não seria uma boa forma de iniciar nossa relação como colegas de apartamento, uma vez o pedido para que eu não entrasse ali fora uma das poucas exigências de Jungkook.
A porta do quarto dele estava fechada, lógico, mas havia um envelope colado do lado de fora da porta do meu quarto, com “Srta. Lalisa Greenberg” escrito em uma letra cursiva fluida.
Vi que o envelope havia sido fechado com um lacre com as letras JKJF em cera vermelho-sangue. Eu nunca tinha visto um lacre de cera na vida real.
Passei o dedo por baixo da aba do envelope, rompi o lacre e abri com todo o cuidado. Dentro, havia uma única folha de papel branco e grosso, dobrada certinha em três, com um monograma de JKJF estilizado no topo da página.
🧛🏻♀️
Cara srta. Greenberg, S
eja bem-vinda.
Sinto muito por não poder recebê-la pessoalmente. Caso tenha chegado às duas da tarde, como indicou que faria em seu último e-mail, devo estar no meu quarto, dormindo. Volto a pedir que, por favor, me permita descansar tranquilo.
Deixei instruções sobre diferentes aspectos do apartamento em lugares onde acredito que serão mais úteis. Acredito que eu tenha me lembrado de tudo, mas, caso tenha deixado algo crucial passar, por favor me comunique e farei o meu melhor para solucionar suas preocupações.
Conforme discutimos, imagino que nossa interação se dará com pouca frequência. Caso não se encontre aqui quando eu desejar transmitir alguma informação, deixarei um bilhete na mesa da cozinha. Peço que se comunique comigo da mesma maneira. Prefiro enormemente métodos mais “antiquados” de comunicação a e-mails e mensagens de celular. Inclusive, uso o celular o mínimo possível.
