🦇 𝕮ᥲ⍴í𝗍ᥙᥣ᥆ 𝕺ᥒzᥱ

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Posso pedir um favor, Jimin?

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Posso pedir um favor, Jimin?

    Achei que a gente não estava mais se falando

Logo você estará livre de mim para sempre.
Mas preciso de ajuda uma última vez, e é bastante urgente.

    Que foi?

Onde é possível comprar artigos de cozinha no século XXI?
E pode me explicar como se chega lá?

    Ah MERDA
 

Esquecemos as panelas né?


Também vou precisar usar seu cartãozinho de plástico uma última vez.

Também vou precisar usar seu cartãozinho de plástico uma última vez

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𝐄U desconfiava de que a ideia original da dona do Gossamer’s era de que fosse um café hipster e artístico, com obras de artistas locais nas paredes e apresentações de bandas independentes nos fins de semana

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𝐄U desconfiava de que a ideia original da dona do Gossamer’s era de que fosse um café hipster e artístico, com obras de artistas locais nas paredes e apresentações de bandas independentes nos fins de semana. Ficava em um prédio antigo que os guias de Chicago gostavam de dizer que tinha “importância arquitetônica”, com vitrais bonitos dando para a rua e linhas perfeitas inspiradas no estilo de Frank Lloyd Wright. O mobiliário de segunda mão era descolado e o nome das bebidas sempre começava com “Somos” e terminava com uma qualidade inspiradora.

Ninguém que trabalhava lá entendia por que um café que atendia principalmente o pessoal do mercado financeiro se importava em seguir convenções hipsters de nomenclatura para suas bebidas totalmente genéricas.

Porque, apesar da minha desconfiança em relação aos planos originais da dona, o bairro em que o Gossamer’s ficava era muito mais terno-e-gravata que hipster. A localização — ao lado de uma estação da linha marrom do metrô — significa que nossos clientes estavam quase todos indo ou voltando do trabalho, fora um ou outro universitário.

É claro que eu preferiria trabalhar em um café hipster de verdade, mas bico era bico. E aquele não pagava tão mal.Mesmo que a comida fosse péssima e as bebidas tivessem nomes bobos.

As opções para o jantar estavam ainda mais limitadas quando cheguei para o meu turno. Em geral, às seis da tarde a maior parte da comida pré-pronta já foi vendida há um bom tempo. Os únicos sanduíches que restavam eram um triste e empapado de manteiga de amendoim e geleia e um de homus e pimentão vermelho no pão integral. Quem quer que fornecesse a comida do Gossamer’s precisava fazer amizade com o sabor. E a textura.

Ainda faltavam quinze minutos para o meu turno começar, portanto eu tinha o tempo exato para comer alguma coisa. Peguei o sanduíche de homus e pimentão — a menos trágica das duas opções — e abri caminho até uma das mesas ao fundo.

Havia apenas um cliente no café — um cara de uns trinta e cinco anos, com cabelo loiro-escuro e chapéu fedora tão inclinado para a frente que cobria metade do seu rosto. Tinha uma caneca com alguma coisa bem quente diante dele.

Senti que ele me olhava enquanto eu seguia até a mesa no canto em que costumava comer antes dos meus turnos.

O cara pigarreou.

 — Hum — disse ele, para ninguém. — Vamos ver.

Agora o sujeito estava me encarando sem nem disfarçar, meio inclinado na minha direção, atento. Seu rosto, sua expressão, até mesmo sua postura — tudo no cara sugeria que ele estava me analisando. Avaliando. Não de um jeito sexual ou predatório. Era mais como se eu estivesse em uma entrevista de emprego e ele tentasse decidir se eu era a pessoa certa para a vaga.

Mesmo assim, era assustador.

Olhei para a porta do café, torcendo para que minha gerente, Katie, estivesse chegando. Depois de alguns instantes, o cara assentiu como se tivesse chegado a uma decisão.

— Não sei por que ele estava tão preocupado. Você deve servir.

Com a entrevista de emprego aparentemente concluída, ele voltou toda a sua atenção para o celular.

Às vezes apareciam uns tarados no turno da noite do Gossamer’s. Trabalhar em um café tinha dessas coisas. Geralmente, eu escolhia não interagir com eles e esperar que a gerente interviesse se a situação ficasse esquisita demais. Naquele momento, porém, eu estava exausta com a mudança e irritada demais com aquele comentário bizarro para esperar por Katie.

— O que foi que você disse? — perguntei, indo contra todo o meu bom senso.

 — Eu disse que você deve servir — respondeu ele, sem tirar os olhos do celular e parecendo irritado com a interrupção.

— Como assim, eu devo servir?

— Exatamente assim.

O cara olhou para mim, sorrindo. Afastou a cadeira e se levantou. Notei, então, que ele estava usando um sobretudo azul-marinho até o chão, que não tinha nada a ver com o fedora preto. Por baixo, usava uma camiseta vermelho-vivo dizendo “Claro que estou certo, sou o Todd!”.

Provavelmente não era um tarado. Só um esquisitão mesmo. Às vezes eles também apareciam.

— Já vou indo — disse ele, em um tom importante, mas desnecessário. — Vou dar uma ajuda para um amigo numa loja de móveis.

Quando voltei a levantar o rosto, ele já tinha ido. O único sinal de que havia estado ali era a caneca de Somos Muitos ainda fumegando que o cara havia deixado para trás. O cappuccino mais caro que fazíamos. Completamente intocado.

Nossa. Os clientes que pediam cafés caros e nem bebiam era os mais irritantes. Irritada e de cara feia, levei a caneca de “Todd” até a tina de plástico azul que usávamos para transportar as coisas sujas.

Não tinha muita gente trabalhando aquela noite. Colocar as coisas no lava-louça provavelmente ia sobrar para mim. Mas eu podia fazer aquilo depois.

Eu ainda tinha alguns minutos antes do meu turno começar, e meu sanduíche de homus e pimentão não ia se comer sozinho.

Eu ainda tinha alguns minutos antes do meu turno começar, e meu sanduíche de homus e pimentão não ia se comer sozinho

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𝐌ⱺ𝗋α𐓣ᑯⱺ 𝐂ⱺꭑ υꭑ 𝐕αꭑρ𝗂𝗋ⱺ.  Onde histórias criam vida. Descubra agora