41.

339 22 1
                                    

o resultado vai ser o mesmo, mas vou colocar o antónio a marcar.
para uma boa continuação da história.

o jogo começa ás 20h30. são 19h30.
perfeito timing para subir as escadas e arranjar-me. sento-me e começo a esticar o cabelo. depois lavo a cara e seco com a toalha, visto-me. umas calças azuis de boca de sino e um top branco, não levo a camisola do benfica porque está um calor infernal. calço os all star, agarro na mala e vou em direção ao estádio.
mas não chego às horas. nunca chego. são 20h40, e estou a passar o bilhete e sento-me ao lado da margarida, edgar e joão não retiram os olhares de mim enquanto me sento. margarida encosta a cabeça no meu ombro.

o antónio está a jogar bué, espero que não tenha acontecido nada. - constança diz e eu olho para edgar. que retira os seus olhos de mim e coloca-os no jogo. eu olho para constança e sorri. constança abre a boca. eu procuro o meu, que ainda não é meu, número 4. encontro, sle olha para mim rapidamente e dá um sorriso. a primeira parte foi uma seca. sem golos, sem raça. espero que isto mude na segunda parte. quando antónio vai para o balneário, sorri para mim. e entra. todas olham para mim. com a boca aberta.

começa a falar. - joão diz. eu ri-me.

só lhe ensinei a dançar. - digo a encostar-me á margarida. ela abraça-me.

só? - ela perguntou a susurrar. eu acenei com a cabeça. ela sorri. ninguém acredita. mas é a verdade.

a segunda parte começou. em tremenda seca, quando vejo alguém a cabecear a bola á baliza e esse alguém é o antónio, faz o 1-0. e vêm a correr para arrastar os joelhos na relva. tudo corre bem e não se esbardalha. a íris também está presente no jogo e está farta farta de berrar. até o antónio apontar para mim. vira-se e abraça os colegas de equipa. sinto um frio na barriga. como na música que ele acha deprimente. mas sabes de trás para a frente. ele caminha até á posição inicial. a olhar para mim. eu meto uma mecha de cabelo atrás da orelha. as meninas todas, retirando a íris, estão de boca aberta, novamente. eu ri-me. estou toda vermelha, sinceramente. ele ri-se e corre até ao outro meio campo. e o árbitro apita e a bola rola pelo campo. passaram cinco minutos depois do golo do antónio, e entra outra bola na baliza adversária. o miúdo que entrou á pouco tempo, tiago gouveia, soube que é um grande amigo do tomás. tanto que é o primeiro a abraça-lo. pelos vistos também têm namorada a ver o jogo. e faz o mesmo que antónio me fez. ainda estou pasma com tudo isto.
e depois marca o aursnes e todos no estádio gritam golo. três zero, um bom resultado. o árbitro apita e o prémio de homem do jogo vai até às mãos de antónio. antes de ir falar aos jornalistas, pós jogo, aponta para o prémio e depois para mim. tiro uma foto e meto nos stories.

tens a certeza que não se passou mesmo nada? - carolina disse. eu acenei com a cabeça. antónio está a falar, mais de metade dos adeptos já sairam então dá para ouvir o que antónio está a dizer. estou com um orgulho de outro mundo. ele acaba de falar e vêm até mim, passando com as pernas até às bancadas. entrega-me o prémio, eu arqueei as sobrancelhas. ele sorri a olhar para mim. eu reviro os olhos. não o beijo, porque ainda tenho jornalistas a focar a imagem do antónio. e não o quero prejudicar. e também continuo chateada com ele. ele prefere tomar banho em casa então eu conduzi até a sua casa. antes de abrir a porta, ele diz-me.

queres entrar? - antónio diz. eu abanei a cabeça a rir-me.

menos, antónio. continuo chateada contigo. mas agradeço pelo golo e pelo prémio. - sorri e ele também. ele rouba-me um beijo. eu não recuei, tantas saudades, jesus cristo. recuei. ele sorri. o grupo vai a uma discoteca, daqui a bocado. estás pronto às 23h30. e eu venho buscar-te. - eu digo, ele acenou com a cabeça e disse até já, saiu fechando a porta do carro e entrando em casa. e eu conduzi até á minha.
consigo conduzir sim, com dificuldade, mas consigo. não é um braço partido que me vai estragar os planos. ou a minha rotina. estacionei o carro á frente da minha casa e troco de roupa. antes disso alguém me toca á porta e esse alguém é edgar correia.

sem fôlego - antónio silva.Onde histórias criam vida. Descubra agora