26.

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antes de dormir. não me esqueço de tomar a pílula. tinha saudades disto.
dormimos em sua casa. e acordo sem ele do meu lado. os lençóis estão desarrumados e a roupa dele não está cá. arqueei as sobrancelhas a levantar-me. visto-me, lavo a cara e pentei-me com os dedos. e prendo-o com o elástico que tenho no pulso. e desço as escadas. antónio está a fazer panquecas. quando olha para mim, sorri. sorri de volta. está apenas de calções, do próprio clube. num canto dos mesmos, está o número 4. e do outro o símbolo do benfica. ele veio até mim. e beijou-me lentamente com a mão na minha nageda.

queres panquecas? - diz ele. eu sorri. acenando com a cabeça.

adorava. - sorri. ele também. ele liga o ecrã do telemóvel e olha para mim. eu arqueei as sobrancelhas.
o que aconteceu? - digo a sorrir.

a minha mãe, chega daqui a 10 minutos. pensava que chegava amanhã, mas afinal é hoje. - diz ele. eu sorri aproximando-me.

devo-me esconder quando ela chegar? - digo a sorrir para ele, que solta um sorrisinho.

sim. quero dizer, eu nunca apresentei nenhuma gaja, á minha mãe. então, seria estranho. - diz ele envergonhado. eu ri-me beijando-o.

tudo bem. - digo eu. ele sorri voltando-me a beijar. de uma maneira quente e loucamente apaixonada. eu separo o beijo, e retiro as panquecas da frigideira com um talher próprio para aquilo.
e levo uma á boca. estão a ferver. antónio ri-se. eu faço das minhas mãos, num leque. a minha boca está a arder.

queres que sopre? - antónio ri-se. eu abro a boca e ele assopra. suspiro a fechar a boca. muito melhor. ficamos ali. a trocar de olhares. uma troca de olhares onde tudo á nossa volta, pareceu desaparecer. ele passa a sua mão no meu rosto e eu sorri. e beija-me delicadamente. o beijo para de imediato, com o toque da campainha. ambos sorrimos. antónio volta a beijar-me e eu subo as escadas até ao quarto, fechando a porta. oiço a conversa daqui de cima.

tanto tempo para abrir uma porta. - diz a mãe de antónio, pousando umas supostas compras na mesa. eu sorri.

oh mãe, por favor. - antónio diz.

tens finalmente uma rapariga no quarto? - mãe de antónio diz. eu entro em desespero.

não, credo. - antónio diz. eu revirei os olhos.

hm. e como vai a margarida, daquela menina, que me falas á dois anos. - aposto que antónio está a corar como um pimentão. pagava para ver. ele tenta falar. e quando o faz, gagueja.

eu decido descer as escadas. devagar. como se tivesse acabado de acordar. a mãe do antónio olha para mim, de boca aberta. antónio olha para mim, como sempre olhou. como se tivesse o mundo á frente. dá um sorriso.

olá, eu sou a margarida. sou uma amiga, do antónio. - digo a sorrir. mãe de antónio olha para o filho de boca aberta. antónio coloca os olhos no chão. e a mãe de antónio volta a olhar para mim.

meu deus, és tão linda. - a mãe do antónio elogia-me e dá-me um beijo em cada bochecha. eu corei.

obrigada. - sorri. olhando para antónio, que têm os braços cruzados.  que sorri de volta para mim. na sua mente, ele concorda com a mãe.
eu posso ajudar, com as compras. - digo a dar um sorriso educado.
mãe de antónio olha para antónio.

esta é para casar, ouviste-me? - diz ela. eu ri-me. antónio abana a cabeça. e a mãe de antónio volta a olhar para mim.

podes almoçar connosco hoje. o irmão e o pai do antónio devem estar a chegar. vão adorar conhecer-te. - diz ela. eu olho para antónio. que dá de ombros a sorrir. eu acenei com a cabeça. e a mãe de antónio sorri para mim. ajudei-os com as compras. e entretanto chega o irmão e o pai. o antónio comprimenta o irmão. que não tira os olhos de mim. o que me causa desconforto. antónio percebe e agarra-me na anca, beijando-me a cabeça. sorri.

sem fôlego - antónio silva.Onde histórias criam vida. Descubra agora