sem fôlego - antónio silva.

36.

margarida ferreira pov'

acordo, sem o antónio do meu lado, mas vejo uma margarida pousada na cama, sorri de orelha a orelha. agarro nela, e tiro uma foto, mando a todos do grupo, tirando a íris, o antónio, e o joão. todos surtaram, eu percebo. ri-me e levanto-me da cama, tomo um banho na casa dele e volto a vestir o top e uma saia, e acabo de sair de sua casa, direita para a minha.

antónio silva pov'

dirijo-me até á casa da íris, não para fazer sexo, mas para me devolver as chaves e eu dar-lhe as dela, bato á porta, e ela abre, ela esboça um sorriso, mas não era nada daquilo que ela estava supostamente a pensar, ela aproximou-se.

— não é para isso. - digo, antes que ela me salte para cima. o sorriso dela, desaparece.

— o que aconteceu? - pergunta ela, eu retiro as chaves do bolso e entrego-as. ela olha para mim. eu acenei com á cabeça.

— estou farta de te avisar, ela não é para ti, mas nunca me vais dar ouvidos. - ela entrega-me a cópia das minhas chaves e eu coloco-as no bolso.

— desculpa. - viro costas e ela começa a falar novamente, virei-me para ela.

— sabes que eu posso acabar com a tua namoradinha, num piscar de olhos, com aquele vídeo, não sabes? - diz ela, sinto uma má disposição no estomago, nem quero pensar nisto, mas não demostro parte fraca.

— eu sei, mas não o farias. - ignoro tudo o que me diz daqui para a frente e sigo caminho até ao carro, e vou direitamente para o último treino antes do jogo.

cheguei ao benfica campus, vou-me equipar, e entro no treino, agora começo a pensar, como é que ela ainda têm aquele vídeo, estou com um medo avassalador que possa estragar tudo, novamente, respiro fundo e concentro-me no treino.

quando o treino acaba, tomo banho em casa, onde guida já não está, mas levou a margarida que lhe dei, acho que ignorar a guida uns dias, é o melhor, nunca tive tanto medo, como agora, o que disse naquele vídeo é totalmente mentira, vocês não conseguem medir o meu medo, acho que está a rebentar a escala, estou com uma toalha enrolada da cintura para baixo, quando saio do banho. olho-me ao espelho e respiro fundo, com as duas mãos apoiadas no lavatório. meto as mãos ao rosto, e digo um monte de asneiras, estava completamente bêbado naquele vídeo, e ainda não me tinha apaixonado por ela, deus, estou me a sentir péssimo, tão péssimo. o meu telemóvel toca um milhar de vezes, é tudo mensagens da guida, acho melhor não responder, por agora, respiro mais uma vez fundo e visto-me. vou no autocarro com a equipa toda, isso absorve-me de alguns pensamentos negativos que tenha, hoje, provavelmente nem vou jogar, falei com o mister e ele disse que era o melhor. olho para o vidro do autocarro e começo a penar nela, na margarida, no sorriso, em tudo. o meu ecrã liga-se e tomás consegue ler a mensagem.

'antónio, estás a ignorar-me. o que se passa, responde-me, agora.'

tomás olha para mim, preocupado, eu desliguei o ecrã do telemóvel e voltei a olhar para o vidro do autocarro, estamos a passar a ponte 25 de abril.

— meu, o que aconteceu? - tomás pergunta, chamando a atenção do resto do pessoal do grupo. e suspiro.

— não aconteceu nada, está tudo bem. - só sou um medricas com medo de perder a pessoa que mais amo, a seguir á minha mãe.

— meu, conta lá, é a guida, o que lhe fizeste desta vez? - samuel e tomás sentam-se á minha frente.

— já vos disse que está tudo bem. - digo a meter os fones de ouvido. a viagem até famalicão vai ser um bocado longa. ainda consigo ouvir o samuel e o tomás a tentarem falar comigo, mas não lhes dou ouvidos, o tomás retira os meus fones e eu quase me passo, tudo o que menos quero falar é daquele vídeo que já não tem sentido. — eu já conheço a íris antes de entrar neste grupo, estava bêbado, numa noite, e a íris fez um aposta comigo, merda. - coloquei a mão no rosto. — nessa aposta eu disse que a ia fazer apaixonar por mim e puf, quando ela o fizesse, eu ia desligar tudo. - Samuel e tomas abrem ligeiramente a boca — eu sei, sou um tremendo estúpido, e merda, eu apaixonei-me. - volto a encostar-me no banco. Samuel meche na própria nuca. e tomas passa a mão no próprio rosto.