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antónio silva pov'

o tomás é o primeiro a chegar, eu levanto-me e acabo de levar um murro na cara, e vou levar outro, mas o samuel, agarra-o. 

isto é tudo culpa tua, percebes? - tomás grita. saindo dos braços de samuel, constança é a próxima, a dar-me uma chapada, eu mereço, eu mereço isto tudo. 

seu, seu.. - diz constança cheia de lágrimas nos olhos e vai a correr assim que vê a margarida, carolina olha para mim, com um vazio dentro dela e vai ter com constança. margarida traz uma moldura, rosas e chocolates, pousa tudo na mesa ao lado de onde margarida está. elas sentam-se todas á volta dela, uma lágrima escapa do meu rosto e dirijo-me á casa de banho do hospital mais próxima e olho-me ao espelho. meto as mãos á cara e suspirei fundo. oiço gritos do joão. ganho coragem e saio, volto para o quarto. o joão dirige-se a  mim e dá-me um murro, hoje é o dia mundial de murros para mim. 

joão acalma-te, o puto já apanhou suficiente. - edgar afasta o joão de mim. eu engoli em seco. e coloquei as mãos nos bolsos e encosto-me á porta. 

trataste-a como se fosse um objeto, sabes o que isso é? - grita joão, edgar e todos os outros proíbem que ele se chegue a mim, provavelmente é o mais magoado da sala. a seguir a mim. eu juro-te, se ela não acordar, eu parto-te a boca toda. - joão saí dos braços de todos e vai apanhar ar, sinto que já não estou lá a fazer nada, então saio e não sei se tenho a coragem de voltar, apanhei o carro da íris, ela estava dentro dele e saí como se estivesse preocupada com a guida, mas é totalmente o contrário, por dentro ela estava rezar para que ela fica-se em coma para o resto da vida dela. 

estás feliz? - digo eu com um olho roxo, e com a marca da chapada da constança. com as mãos nos bolsos. ela abre ligeiramente a boca. odeio-te tanto. mas tanto. - digo a limpar as lágrimas e entro no meu carro. vou para casa. abro a porta de casa e ponho uma compressa no olho que tenho a sangrar. até estancar o sangue todo. depois meto a compressa no lixo e suspiro fundo. olho-me ao espelho, e suspiro fundo pela milésima vez. engoli em seco. e tocam-me á porta, é a minha mãe. abro devagar a porta, ela pousa tudo no chão.

oh, filho. - ela abraça-me, nunca costumo chorar, mas agora estou, mais do que nunca. 

mãe. eu fiz merda, com a margarida, e ela está em coma. - a minha mãe abre a boca. nunca lhe bateria. não lhe bati, mãe, era incapaz disso. - a minha mãe meteu a mão ao peito suspirou fundo.  lembraste da íris?- perguntei a levar as compras para cima da mesa da cozinha e sente-me no sofá para continuar a falar com ela. fizemos uma aposta, que era.. - não consegui terminar de falar. ela suspira. 

filho, eu sei o resto. - ela pousa a mão no meu maxilar.  tu amas a margarida, ou não? - mais do que tudo, as acho que neste preciso momento, ela não sente o mesmo. acenei com a cabeça. 

porque é que fizeste a aposta? - a minha mãe retira as mãos do meu rosto. e suspira fundo. 

eu não sei, mas se desse para voltar atrás, eu juro que eu mudava tudo. - coloquei as mãos á cara, a minha mãe fez-me festas nas costas. é culpa minha, ela está em coma, por causa de mim, se a íris não voltasse para me infernizar a vida, nada disto tinha acontecido. - estou a entrar numa crise de pânico. 

filho, respira. eu estou aqui. - levanto-me e digiro-me ao meu quarto, e derrubo tudo o que vejo á frente. sento-me no chão e fecho os olhos, eu penso e consigo ouvir o seu riso, que me consegue acalmar, respiro mais cinco vezes seguidas. meto as mãos ao rosto e suspiro novamente. eu preciso de saber, eu vou voltar ao hospital, nem que leve mais uma surra. 

sem fôlego - antónio silva.Onde histórias criam vida. Descubra agora