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Eu estava no tatame, tentando controlar minha respiração enquanto meu irmão mais velho, Tutor, me observava com olhos atentos. Ele tinha essa expressão séria, concentrada, que sempre me deixava um pouco nervoso, mas ao mesmo tempo, eu sabia que ele estava ali para me ensinar e me ajudar a melhorar.

- Você está muito tenso, Vegas. - Tutor disse, dando um passo em minha direção. - Relaxe um pouco. Se você estiver rígido, seus movimentos vão ser mais previsíveis.

Assenti, tentando seguir o conselho dele. Tutor sempre foi o tipo de irmão que sabia como me colocar na linha, mas de uma forma que me fazia querer melhorar. Eu sabia que, por mais que ele fosse duro às vezes, era tudo para o meu bem.

- Vamos de novo. - Ele disse, assumindo a posição de luta. - Tente se concentrar nos seus movimentos e nas minhas intenções. Antecipe, mas não se apresse.

Respirei fundo, tentando liberar a tensão dos meus ombros. Quando Tutor se moveu, eu estava preparado, mas ele ainda era mais rápido e mais forte. Em poucos segundos, me vi no chão, com Tutor me olhando de cima.

- Você melhorou, mas ainda está hesitando demais. - Ele disse, me ajudando a levantar. - Confie mais em si mesmo. Você tem potencial, Vegas, mas precisa acreditar que pode fazer isso.

Eu sabia que ele estava certo, mas ouvir isso dele, alguém que eu admirava tanto, sempre me deixava um pouco pressionado. Eu queria ser tão bom quanto ele, queria que ele se orgulhasse de mim, e, ao mesmo tempo, não queria falhar.

- Vamos de novo? - Perguntei, determinado a fazer melhor dessa vez.

Tutor sorriu, assentindo. Ele sabia que eu não desistiria facilmente, e isso parecia agradá-lo.

- Vamos, mas lembre-se: não é só sobre força. Use a sua cabeça e mantenha a calma. É isso que faz a diferença.

Nos preparamos novamente, e dessa vez, me concentrei mais em antecipar seus movimentos, tentando ver além do que ele estava mostrando.

Depois de terminarmos a luta, eu estava suado e exausto, mas satisfeito com o treino. Tutor deu um leve sorriso, orgulhoso do meu progresso, enquanto tirava as luvas e limpava o suor da testa com o antebraço.

- Você está melhorando, Vegas. - Ele comentou, jogando as luvas de lado. - Mas ainda tem muito a aprender.

- Valeu, mano. - Respondi, ainda ofegante. - Tô tentando.

Ele deu um tapinha nas minhas costas e, enquanto pegava uma garrafa d'água, me olhou com aquela expressão de quem estava prestes a me pedir um favor.

- Ei, Vegas, pode fazer um favor pra mim? - Ele perguntou, bebendo um gole da água.

- Claro, o que é? - Respondi sem hesitar, já acostumado a fazer essas coisas para ele.

- Vai no mercado aqui ao lado e compra umas frutas e umas garrafas de água? Vou preparar algo pra gente mais tarde.

- Pode deixar. - Respondi, pegando minha carteira e as chaves de casa. - Volto rapidinho.

Dei uma última olhada em Tutor antes de sair, e ele acenou em agradecimento. O mercado não ficava muito longe, então não demorei para chegar lá. Enquanto entrava, uma brisa fresca passou por mim, aliviando um pouco o calor que ainda sentia do treino.

Mas antes mesmo de começar a procurar as coisas, algo chamou minha atenção. Eu ouvi uma voz conhecida, alta e claramente irritada. Fui atraído pelo som e virei a esquina de uma das prateleiras, para ver Pete, claramente esquentado, discutindo com um homem. Pete estava gesticulando com as mãos e trocando algumas palavras em espanhol, enquanto o outro homem parecia perdido, sem entender nada.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora