19

180 35 29
                                    

Chegou o dia da segunda fase do concurso. Eu via como Pete estava focado, tentando manter a calma, mas eu sabia que por dentro, ele estava uma bagunça completa.

Yim se aproximou, com aquele sorriso animado.

- Ei, chamei o meu pai pra vir assistir. - Ele disse casualmente. Ele disse que vai. Acho que o Pete vai ficar muito feliz.

Meu coração deu uma leve batida a mais. Caralho, o pai dele vindo? Isso podia mudar tudo. Pete podia surtar de felicidade, ou... podia pirar de vez com a pressão. Fiquei observando de longe enquanto Yim ia dar a notícia. Pete parou por um segundo, como se estivesse processando, e então aquele brilho nos olhos dele apareceu. Um sorriso genuíno tomou conta do rosto dele, mas, ao mesmo tempo, eu sabia que a expectativa só tinha acabado de subir umas dez vezes.

Eu fui até o Pete que estava sentado em um canto, mexendo nervosamente no celular.

- Hey, amor. - Falei, tentando chamar a atenção dele. Me abaixei na frente do Pete, olhando bem nos olhos dele. - Tá tudo bem?

Ele respirou fundo, desligando o celular e me encarando.

- O meu pai vem assistir...

Eu passei a mão no cabelo dele, tentando acalmar. Eu sabia que ele estava colocando muita pressão em si mesmo. Esse concurso já era importante pra caralho, e agora tinha essa expectativa extra.

- Vai dar tudo certo. - Falei. - Você é o melhor daqui, sem dúvidas. Se tem alguém que merece essa vaga, é você, cariño.

Ele mordeu o lábio, o olhar dele suavizando um pouco.

- Porra, Vegas... só não me deixa surtar, tá?

Sorri de volta, inclinando-me pra beijar sua testa.

- Nunca. Tô aqui pra garantir isso.

Saí do camarim depois de acalmar o Pete e fui até a plateia. No meio de tanta gente se acomodando, eu logo encontrei o Yim. Ele estava sentado ao lado do pai dele. Ou seja, meu sogro também estava ali, olhando com aquela cara séria de sempre.

Sentei ao lado do Yim e fiquei observando, meio pensativo. Do nada, ouvi um barulho de cadeira se arrastando, e alguém se sentou ao meu lado.

Quando olhei, quase não acreditei.

- Alejandro? - Soltei, surpreso.

Ele me olhou de volta com aquele sorriso calmo, ajustando os óculos e ajeitando a postura na cadeira.

- Vegas, certo? - Ele respondeu, parecendo tão surpreso quanto eu. - Que coincidência encontrá-lo aqui.

Eu ainda estava processando aquilo, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele completou.

- Estou aqui para assistir meu filho.

Eu pisquei, confuso.

- Filho? - Perguntei, encarando ele, ainda tentando ligar os pontos.

Alejandro riu de leve, como se estivesse se divertindo com minha reação.

- Sim, meu filho.

Continuei conversando com Alejandro, tentando entender melhor essa história. A relação do Pete com o pai era tensa, e agora isso? Alejandro falava sobre a vida dele, o mercado e como ele estava animado para assistir ao filho.

Mas, antes que eu pudesse processar tudo, as apresentações começaram. As luzes se apagaram e as vozes ao nosso redor se calaram. Uma por uma, as pessoas iam para o palco. Minha atenção começou a se desviar da conversa quando vi que finalmente era a vez do Pete.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora