20

147 25 53
                                    

Era uma tarde qualquer e eu estava jogado no sofá, tentando não pensar no que tinha acontecido no concurso. Quando o carteiro bateu à porta, eu estranhei, porque não esperava nada. Peguei o envelope, que não tinha remetente ou qualquer nome, e franzi o cenho. O que seria isso?

Ao abrir, encontrei um pendrive. Minha curiosidade me levou até o quarto, onde joguei o pendrive na mesa, antes de procurar minha câmera. A sensação de que algo não estava certo aumentava a cada segundo, mas eu precisava descobrir do que se tratava.

Depois de conectar o pendrive na câmera, abri os arquivos. Meu coração disparou quando vi os vídeos. O que estava na tela me pegou de surpresa: era o Pete adolescente, sua expressão sonolenta mas ainda sim com lágrimas nos olhos, enquanto Alejandro aparecia ao fundo, como se estivesse em uma cena íntima.

O maldito Alejandro! A angústia tomou conta de mim enquanto assistia. A imagem de Pete, tão vulnerável, me deixou puto. Ele estava sem roupa, sendo tocado por Alejandro de um jeito tão nojento...

Não consegui terminar de assistir. O coração pesando no peito, minha cabeça fervilhava com pensamentos. Eu precisava falar com Pete, precisava proteger ele.

Eu estava prestes a desmoronar, segurando as lágrimas que insistiam em se formar nos meus olhos, quando a campainha tocou novamente. Respirei fundo e fui até a porta. Ao abri-la, lá estava ele: Pete, com aquele sorriso que sempre iluminava meu dia.

Mas porra, tudo o que vinha à minha mente eram as imagens do Pete adolescente, vulnerável, e Alejandro gravando tudo. Meu coração apertou ao encarar aqueles olhos brilhantes, inocentes, sem saber o que eu tinha acabado de descobrir.

- Oi, amor. Esqueci minha carteira no seu quarto. – Disse Pete, entrando e subindo as escadas, sem perceber a tempestade que se formava dentro de mim.

Corri atrás dele, um nó se formando na minha garganta. Quando chegamos ao quarto, Pete viu minha câmera na mesa e fez uma expressão curiosa.

- Você tá tirando fotos? – Perguntou, sorrindo.

Ele pegou a câmera e começou a ver os vídeos. Eu não consegui desviar o olhar, enquanto o pânico se instalava em mim. E então, vi a mudança em seu rosto. O sorriso se foi.

- Quem mandou isso pra você? – Ele perguntou, a voz embargada, enquanto as lágrimas começavam a rolar pelo seu rosto.

Meu coração afundou. Eu não queria que ele visse isso, não daquela maneira. Em vez de responder, apenas me aproximei, tentando encontrar as palavras, mas a culpa e a raiva de Alejandro se misturavam, me impedindo de falar.

- Pete, eu... – Comecei, mas as palavras se perderam. Ele precisava saber que eu estava aqui, que nada iria mudar o que sentíamos um pelo outro, mas naquele momento, eu não conseguia encontrar uma maneira de confortá-lo.

Pete se afastou, a expressão no rosto dele mudando rapidamente para vergonha.

- Você deveria ter nojo de mim. – Ele disse, a voz tremendo. As lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto, e meu coração se partiu ao vê-lo assim.

- Não, Pete, eu não tenho nojo de você. – Respondi, tentando alcançar sua mão, mas ele recuou ainda mais.

- Alejandro obrigava eu a fazer essas coisas. – Ele soluçou. – Às vezes, ele me dopava. E eu odiava isso, Vegas. Odiava cada segundo!

Senti uma raiva fervendo dentro de mim.

- Pete, isso não é sua culpa. Ele é um filho da puta, e você não merece passar por isso.

- Mas as imagens estão lá, Vegas. Como você pode me olhar nos olhos agora? Como pode ainda me querer?

- Porque eu te amo, porra! – Explodei. - Isso não muda quem você é. Você é muito mais do que isso. Você é forte e incrível. Não deixe que essa merda defina você!

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora