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Naquela tarde, depois de muita indecisão, decidi que era hora de enfrentar meus medos e ir até o estúdio de dança do Pete. Já fazia alguns dias desde a última aula que assisti, e desde então não conseguia parar de pensar nele.

Pete era diferente de todas as pessoas que eu já conheci. Ele tinha uma luz própria que brilhava onde quer que fosse, e eu não conseguia evitar de querer estar perto dele, mesmo que isso me deixasse nervoso pra caramba.

Cheguei ao prédio pequeno onde ele dava suas aulas. Era um lugar simples, mas arrumado, com grandes janelas de vidro que deixavam a luz do sol entrar e iluminar tudo por dentro. Respirei fundo, tentando me acalmar enquanto subia as escadas.

Não foi difícil encontrar a sala de dança, e eu segui até a porta semiaberta. Espiei pelo vão, e lá estava Pete, sozinho na sala, ajustando o som. Ele parecia tão concentrado, perdido em seu próprio mundo. Por um segundo, hesitei. Não queria atrapalhar, mas ao mesmo tempo, sabia que não poderia perder essa chance.

- Pete... – Chamei, batendo de leve na porta para chamar sua atenção.

Ele se virou, um pouco surpreso ao me ver ali. Por um momento, achei que ele ia me mandar embora, mas então um sorriso apareceu em seu rosto, aquele sorriso que fazia meu coração bater mais rápido.

- Vegas, o que você tá fazendo aqui? – Ele perguntou, desligando o som.

Dei de ombros, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava.

- Eu... eu queria te ver, saber como você tá. Depois daquela aula, achei que talvez você precisasse de um amigo.

- Você é o único que apareceu. – Pete disse, com um sorriso meio triste. – Acho que os outros desistiram depois da última aula.

- Talvez eles só precisem de um tempo pra digerir tudo. – Respondi, dando um passo para dentro da sala. – Você é um ótimo professor, Pete. Eles só precisam enxergar isso.

Ele deu um risinho, balançando a cabeça.

- Eu não sei se sou tudo isso que você tá dizendo, mas... obrigada por acreditar em mim, Vegas. Isso significa muito.

Eu queria dizer mais, dizer a ele o quanto ele era incrível, o quanto ele significava para mim, mas as palavras pareciam fugir antes que eu pudesse capturá-las. Então, apenas fiquei ali, olhando para ele, esperando que de alguma forma ele pudesse entender o que eu não conseguia expressar.

Pete ficou me olhando por um tempo, parecendo pensar em alguma coisa.

- Você ainda quer ter aula comigo?

Minha respiração travou por um momento. Eu já tinha pensado nisso antes, mas ouvir ele perguntar assim, direto, me pegou de surpresa. Não consegui evitar o nervosismo que subiu pelo meu peito, mas fiz o melhor para escondê-lo.

- Sim, quero sim. – Respondi, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

Pete sorriu, aquele sorriso que sempre me fazia perder o chão por um segundo, e balançou a cabeça.

- Então hoje a gente vai dançar uma música mais calma, que tal?

Assenti, sem saber exatamente o que esperar. Pete se virou para o som e escolheu uma música lenta, melódica, que começou a tocar suavemente na sala. Ele então voltou até mim, seus movimentos fluindo com uma facilidade que me deixava hipnotizado.

- Vem cá. – Ele disse, se aproximando de mim. Senti meu coração disparar quando ele ergueu os braços e os envolveu em volta do meu pescoço. – Só segue o meu movimento.

Eu queria dizer alguma coisa, mas as palavras simplesmente não saíam. Sentia o calor do corpo dele tão perto do meu, o toque dos seus braços ao redor do meu pescoço, e tudo o que conseguia fazer era focar em respirar e tentar não tropeçar nos meus próprios pés.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora