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Pete ainda estava de bico por causa da brincadeira de ontem. Ele se alongava em frente ao espelho, enquanto eu o observava da lateral, sentindo que precisava resolver isso logo.

- Você nunca me chamou de gostoso. – Pete disse. – Mas chamou aquela menina inventada.

Suspirei, sabendo que ele ainda estava irritado com aquilo.

- Pete, a menina nem existe. – Falei, tentando argumentar de novo.

Ele parou, me encarando pelo reflexo no espelho, claramente esperando mais do que essa resposta.

- Mesmo assim. – Ele cruzou os braços, se virando para mim. – Cadê o "gostoso" pra mim, então?

Corei um pouco, sem saber o que responder de imediato. Pete apesar de estar de bico, era sempre muito direto, o que me deixava sem jeito. Eu ri nervosamente, levantando as mãos como se estivesse me rendendo.

- Tá bom, tá bom... – Disse, andando até ele. – Você é muito mais que gostoso, Pete. Não precisa ficar com ciúmes de uma pessoa que nem existe.

Ele arqueou uma sobrancelha, claramente não satisfeito ainda.

- "Muito mais que gostoso" não é "gostoso". – Ele retrucou, me provocando.

Suspirei mais uma vez, me aproximando dele.

- Tá bem, então... – Murmurei, tentando não gaguejar. – Você é... gostoso, Pete. Muito gostoso. Tá feliz agora?

Pete continuava fazendo drama, cruzando os braços e olhando para mim de rabo de olho pelo espelho, como se estivesse esperando mais.

- Ah, é assim então? – Perguntei, dando um passo rápido na direção dele.

Antes que ele pudesse reagir, agarrei Pete pela cintura e o puxei para mais perto, fazendo-o se desequilibrar um pouco. Comecei a encher seu rosto de beijos, um atrás do outro, sem parar, ignorando os protestos dele, que logo se transformaram em risadinhas enquanto tentava se afastar.

- Vegas! Para! – Ele disse entre risadas, tentando se desvencilhar.

Mas eu não deixei. Continuei os beijos, agora no pescoço, e ele começou a se derreter, rindo mais, apesar de ainda tentar manter a pose de bravo.

- Tá bom, baixinho bravo, tá bom. – Murmurei contra a pele dele, apertando-o mais forte. – Você sabe que eu só estava brincando.

Pete finalmente parou de resistir e relaxou nos meus braços, mas não sem soltar mais um suspiro dramático.

- Hm, baixinho bravo? – Ele disse, tentando parecer ofendido, mas o sorriso nos lábios entregava tudo. – Você que é um idiota.

- Sou idiota por você. – Sussurrei no ouvido dele, roubando mais um beijo.

Ele bufou, mas deixou escapar uma risadinha, se encostando em mim, já menos resistente.

Ouvimos o som de palmas lentas vindo da porta do estúdio. Eu me afastei do Pete no mesmo instante, sentindo meu corpo ficar tenso, e virei na direção do som. Lá estava ele, Roberto, encostado na porta, batendo palmas e com um sorriso de escárnio no rosto.

- Então é isso? – Ele começou, a voz cheia de desdém. – Você me trocou por um moleque que nem saiu das fraldas?

Senti a raiva borbulhar instantaneamente. Eu sabia quem era Roberto, sabia das histórias, de tudo o que ele fez o Pete passar. Meu sangue fervia só de ouvir a voz dele. Pete por outro lado, parecia paralisado por um momento, encarando Roberto com um olhar que misturava surpresa e... talvez medo.

- O que você tá fazendo aqui, Roberto? – Pete finalmente conseguiu dizer.

Roberto deu de ombros, ainda com aquele sorriso nojento no rosto.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora