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Acordei com uma dor latejante que parecia atravessar minha cabeça, como se alguém estivesse martelando meu cérebro por dentro. O mundo ao meu redor estava turvo, e por um momento, não sabia onde estava ou o que tinha acontecido. Pisquei algumas vezes, tentando focar minha visão, mas tudo parecia fora de lugar.

Com um esforço, consegui me sentar. O chão era duro e frio, e ao olhar ao redor, comecei a lembrar. O estúdio... Roberto... Alejandro. Pete!

- Pete! – Minha voz saiu rouca e desesperada, enquanto eu tentava me levantar, mas minhas pernas ainda estavam bambas. A dor na cabeça só piorava a cada movimento.

Levei a mão à cabeça, sentindo algo quente. Sangue. Roberto tinha me derrubado com força, e Alejandro... A lembrança de Pete desmaiando, com Alejandro pressionando aquele maldito pano contra o rosto dele, fez meu estômago revirar.

Preciso encontrá-lo.

Me levantei cambaleando, quase caindo de novo, mas forcei meu corpo a ficar de pé. Eu não podia perder tempo. Pete estava em perigo, e eu tinha que encontrá-lo antes que algo pior acontecesse.

Corri o mais rápido que pude até a mansão do pai do Pete, ignorando a dor lancinante que martelava minha cabeça a cada passo. Meus pulmões ardiam, mas eu não conseguia pensar em outra coisa além do Pete, e do que aquele desgraçado do Alejandro podia estar fazendo com ele agora.

Cheguei à mansão completamente fora de mim, as palavras saindo antes mesmo de processar direito.

- Eles levaram o Pete! O Alejandro, ele sequestrou o Pete! –Minha voz estava desesperada, quase inaudível pela dor e pela raiva que rasgavam meu peito.

- O Pete deve ter procurado uma desculpa pra fugir. Sempre dramático. – Disse Melissa.

- Que porra é essa que você tá falando? Ele foi sequestrado pelo padrasto! Como você pode ser tão estúpida?

Antes que eu pudesse processar a reação de Melissa, o pai do Pete ficou em silêncio, sua expressão fechada. Eu surtei. Meu corpo agiu por instinto, empurrei uma mesa que estava ao lado, quebrando tudo em cima dela.

- Seu filho foi sequestrado! E você vai ficar aí sem fazer porra nenhuma?! - Meu grito ecoou pela sala, mas o silêncio dele continuava impenetrável.

Então, ele me encarou.

- Eu estava conversando com a mãe do Pete. - Ele finalmente falou. – Ela admitiu que... que ele não é meu filho. Alejandro é o pai biológico do Pete. Eu suspeitava disso há anos.

As palavras dele bateram em mim como um soco no estômago. Senti meu corpo ficar paralisado por um momento, o mundo ao meu redor girando. Eu sabia que o Pete tinha problemas com o pai, mas... isso?

- Vai se foder! – Minha voz saiu como um rugido, cheia de ódio. – Mesmo que o Pete não seja seu filho de sangue, ele cresceu acreditando que você era o pai dele! Porra, ele só queria ser bem tratado, ser amado. E você ficou aí, enquanto o verdadeiro pai dele, o desgraçado do Alejandro, abusava dele, destruía a vida dele!

Quando meu celular vibrou no bolso, uma pontada de esperança me atravessou. Pete! Peguei o telefone com mãos trêmulas, mas assim que atendi, minha esperança se desfez.

- Alô, Vegas. - A voz de Alejandro ecoou do outro lado da linha, fria e cínica. Meu sangue ferveu instantaneamente.

- Onde está o Pete?! - Rosnei, cada fibra do meu corpo em alerta. - Deixa ele em paz, seu desgraçado!

Alejandro soltou uma risada amarga.

- O Pete é meu filho, Vegas. Ele vai voltar pro México comigo. Lá é o lugar dele, junto do pai dele.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora