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O estúdio estava em silêncio, exceto pelo som dos meus dedos tamborilando no chão. Eu olhava para Pete que estava parado no meio da sala, ainda preso em seus próprios pensamentos. As palavras de Melissa ainda pesavam sobre ele, e eu sabia que, por mais que eu tentasse ele estava longe de conseguir se concentrar no ensaio. Algo dentro dele havia quebrado, e eu precisava encontrar uma forma de trazê-lo de volta.

Foi então que tive uma ideia.

Levantei-me lentamente, caminhando até a caixa de som no canto da sala. Mexi nos botões até encontrar a música certa. Quando os primeiros acordes de "Careless Whisper" começaram a tocar, o som do saxofone preencheu o espaço.

Pete me encarou, confuso, mas eu apenas sorri e estendi a mão para ele.

Ele arqueou uma sobrancelha, hesitante por um momento, mas depois se aproximou aceitando a minha mão. Puxei-o gentilmente para mais perto de mim, posicionando uma mão na sua cintura e entrelaçando nossos dedos com a outra.

Era um clichê, eu sabia, mas às vezes, clichês funcionam.

Começamos a nos mover lentamente. Eu o girei suavemente e ele seguiu meus movimentos, seus pés descalços deslizavam pelo chão de madeira.

Tudo parecia tão cinematográfico. Pete com a cabeça baixa, foi se aproximando mais de mim, seus olhos finalmente encontrando os meus, e por um momento, parecia que o tempo tinha parado.

A letra da música flutuava ao nosso redor e nós apenas dançávamos, como se fôssemos os únicos no mundo.

Eu sabia que isso não curaria as feridas de Pete, mas, pelo menos por agora, talvez fosse o suficiente para que ele esquecesse a dor, mesmo que só por um instante.

Me inclinei um pouco, trazendo seus lábios para os meus em um beijo suave. Nossos corpos ainda se moviam no ritmo da música, mas de repente, Pete começou a rir. Não foi uma risada tímida ou contida, mas uma gargalhada de pura surpresa.

- Eu não acredito que você tá realmente fazendo isso.

- O quê? Dançar? – Perguntei, com um sorriso meio travesso.

- Dançar desse jeito! – Pete respondeu, girando os olhos em fingida descrença, enquanto deslizávamos pelo estúdio. – Você melhorou muito, Vee. Quando a gente se conheceu, você mal sabia como andar em linha reta.

Ele puxou meu braço, me fazendo rodopiar de um jeito inesperado. Eu quase tropecei, mas me recuperei rapidamente, rindo junto com ele.

- Olha só pra você. – Ele comentou, ainda sorrindo. – Não é que você tá mandando bem?

- Eu tive o melhor professor. – Respondi, fazendo uma leve reverência, como se ele fosse uma plateia que aplaudiria. Pete riu balançando a cabeça.

Eu sabia que ele estava certo. Antes eu não teria nem tentado algo assim, mas com Pete, tudo parecia diferente. A confiança, a liberdade... era como se com ele, eu pudesse ser qualquer coisa, fazer qualquer coisa.

A música começou a esquentar, e com isso, nossa dança também. Pete aproximou o corpo do meu, um sorriso de pura diversão em seus lábios. Havia um brilho malicioso nos olhos dele enquanto ele se mexia, quase desafiando, testando o quanto eu acompanharia o ritmo.

- Tá tentando me fazer tropeçar? – Perguntei, rindo ao sentir a maneira como ele se mexia de forma mais ousada.

- Talvez. – Ele respondeu, os lábios quase encostando nos meus. – Quem sabe?

Eu não pude deixar de me sentir ainda mais atraído por ele nesse momento. Pete não estava apenas dançando, ele estava se divertindo, me desafiando.

- Vai ter que fazer melhor que isso pra me derrubar, professor. – Brinquei, puxando-o para mais perto.

Corazón de niño, alma de hombre - VEGASPETE Onde histórias criam vida. Descubra agora