Antes da partida

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Enquanto Victória dormia profundamente, flashes de memórias invadiam sua mente, como se fossem partes de um quebra-cabeça desordenado tentando se unir. A primeira lembrança era de Thomas. Ele estava parado em um espaço imaculado, onde tudo era branco, uma claridade quase ofuscante preenchendo o ambiente. Thomas a observava em silêncio, como se tentasse entender algo que nem ele conseguia explicar. A calma e a paz que emanavam daquele lugar eram perturbadoras, mas ao mesmo tempo, traziam uma estranha sensação de segurança.

De repente, essa tranquilidade se dissipou. Victória se viu submersa em água, presa dentro de um tubo de vidro. O pânico a envolveu como uma corrente sufocante. Seus gritos ecoavam dentro do tubo, mas eram silenciados pela água ao seu redor. Ela olhou desesperadamente para os lados e viu que não estava sozinha – Alby, Newt, Gally e os outros estavam em tubos semelhantes, todos com expressões de desespero em seus rostos, lutando pela vida, mas igualmente incapazes de escapar.

A cena mudou novamente. Agora, ela estava em uma sala fria e estéril, conversando com os garotos. Eles discutiam sobre um lugar para onde iriam – o labirinto. As palavras trocadas entre eles eram pesadas, carregadas de incertezas e medos não ditos. Victória, tentando esconder sua própria ansiedade, olhou para Gally com uma determinação que escondia suas dúvidas. Ela se aproximou dele e, com um sussurro que parecia uma promessa, disse:

— Nos vemos do outro lado.

Aquelas palavras, tão simples, carregavam um peso imenso, uma promessa de que, não importa o que acontecesse, eles se reencontrariam.

Mas a memória mais perturbadora estava por vir. A mulher loira que Thomas mencionara antes surgiu em sua mente. Ela estava no comando de tudo, seus olhos frios observando os jovens como se fossem meros peões em um jogo cruel. Ela os manipulava, fazia testes, analisava suas reações, tudo em nome de uma ciência distorcida. Era ela quem os colocara no labirinto, tudo fazia parte de um experimento sádico para testar suas capacidades, suas resistências, suas almas.

Essas memórias misturavam-se a outras, mais leves, mais humanas, de momentos que Victória compartilhara com seus amigos. Risadas ao redor da fogueira, conversas sobre sonhos esquecidos, a amizade que florescera em meio ao desespero. Lágrimas começaram a escorrer silenciosamente por seu rosto enquanto ela permanecia inconsciente.

Newt, que observava cada movimento dela, notou algo diferente. Aproximando-se mais, ele sussurrou, com uma preocupação evidente na voz:

— Veja isso... são lágrimas? Ela está chorando?

O resto do grupo se aproximou, alarmado. Thomas, com o rosto tenso e olhos cheios de preocupação, comentou:

— Ela deve estar lembrando de alguma coisa... foi por isso que ela fez isso.

Gally, que estava sentado ao lado de Victória, não havia se afastado um segundo sequer. Ele segurava sua mão, sentindo a pele fria dela contra a sua, como se, de alguma forma, pudesse transmitir calor e vida de volta para ela. Seu coração estava apertado, a angústia crescendo a cada segundo que ela não acordava. Ele murmurou, sem conseguir esconder a impaciência que começava a se transformar em medo:

— Ela já não deveria ter acordado? — Seus olhos fixos no rosto de Vic, esperando por qualquer sinal de vida. — E se... e se ela não acordar?

De repente, Victória deu um sobressalto, como se tivesse sido puxada de volta à realidade por uma força invisível. Seu coração batia descontroladamente em seu peito, e seus olhos se abriram de uma vez, a visão ainda turva, mas ela conseguia distinguir as figuras ao seu redor. Eram seus amigos, aqueles que nunca a abandonavam, que sempre estavam ao seu lado, não importava o que acontecesse.

𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 || Maze runner Onde histórias criam vida. Descubra agora