O Despertar

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As sombras do crepúsculo começavam a se espalhar pela clareira quando o novato, ainda desnorteado e sem memória, fixou os olhos nas altas paredes do labirinto. Ele não conseguia desviar o olhar do espetáculo impressionante das enormes portas de pedra se fechando com um estrondo que ecoava pela clareira, como um aviso do que estava por vir.

— Fascinante, não é? — A voz profunda de Alby o tirou de seus pensamentos. Alby aproximou-se calmamente, observando o novato com um misto de curiosidade e cautela.

— Sim... — respondeu o novato, ainda sem desviar o olhar das portas que agora se fechavam por completo. — Mas... por que elas se fecham? E o que tem lá dentro?

Alby suspirou, seus olhos endurecendo um pouco ao recordar os perigos além daquelas paredes.

— Lá dentro, só há morte e escuridão. O labirinto é um lugar traiçoeiro, e à noite... bom, à noite, ninguém sobrevive. As portas se fecham para nos proteger das criaturas que espreitam nas sombras.

O novato engoliu em seco, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.

— E por que eu não me lembro de nada? Nem de quem eu sou? — perguntou, sua voz carregada de confusão e desespero.

Alby o observou por um momento, antes de responder com um tom mais suave.

— Todos nós chegamos aqui assim, sem memória. Mas com o tempo, você se lembrará de algo. Apenas... tenha paciência. — Alby colocou a mão no ombro do novato em um gesto de conforto. — A vida na clareira é difícil, mas estamos todos juntos nisso. Confie em nós.

O novato assentiu lentamente, ainda processando tudo que Alby dissera. Ele se afastou, seus olhos varrendo a clareira até avistarem um grupo de jovens reunidos em um círculo mais à frente. A curiosidade o fez se aproximar.

Ao chegar mais perto, ele notou que Gally estava no centro do círculo, lutando com um dos outros garotos. Era uma competição amigável, mas não menos intensa. Quem saísse do círculo perderia o jogo. Gally estava determinado, e sua habilidade era evidente a cada movimento.

Victória estava na beira do círculo, observando a luta com atenção. Seus olhos brilhavam, acompanhando cada passo de Gally, mas algo a fez desviar o olhar. Quando percebeu a chegada do novato, ela sorriu levemente.

— Parece que você não consegue evitar se meter onde há agitação, hein? — disse ela, em um tom brincalhão.

O novato sorriu de volta, embora ainda se sentisse um pouco perdido.

— Eu só... estou tentando entender o que está acontecendo aqui. — Ele olhou de relance para Gally, que estava prestes a derrubar seu oponente. — Ele é bom nisso, não é?

Victória assentiu, cruzando os braços enquanto observava Gally vencer mais uma vez.

— Gally é um dos melhores lutadores da clareira. Ele leva isso bem a sério, talvez um pouco demais, às vezes.

O novato riu, um som breve e quase aliviado em meio à tensão que sentia.

— E você? Não luta?

Victória balançou a cabeça, o sorriso ainda presente em seus lábios.

— Prefiro observar. Lutar não é muito a minha praia, mas gosto de entender as pessoas, suas motivações. Gally, por exemplo... ele tem um espírito competitivo, mas também está sempre tentando provar algo.

Antes que o novato pudesse responder, Gally, que havia vencido mais uma rodada, se virou em direção a eles, limpando o suor da testa.

— Ei, novato! — gritou ele, com um brilho desafiador nos olhos. — Que tal entrar na roda? Vamos ver o que você sabe fazer.

O novato hesitou, sentindo uma mistura de nervosismo e empolgação. Ele olhou para Victória, que apenas sorriu e deu de ombros.

— Por que não? Pode ser uma boa forma de se enturmar, — sugeriu ela, encorajando-o com um aceno de cabeça.

Engolindo o seco, o novato deu um passo à frente, entrando no círculo. Gally o observava, o olhar avaliativo, mas havia algo quase amigável ali, como se ele estivesse apenas testando o garoto.

A luta começou. O novato tentou se defender, mas a falta de prática ficou evidente. Gally o derrubou algumas vezes, mas, com determinação, ele continuava a se levantar. O círculo ao redor deles vibrava com gritos e aplausos, incentivando-os a continuar.

Em um momento de sorte, o novato conseguiu derrubar Gally no chão. O círculo explodiu em gritos de surpresa e aprovação. Mas a vitória foi breve. Antes que ele percebesse, Gally se recuperou rapidamente, derrubando o novato com um movimento habilidoso, e a cabeça do novato bateu contra o chão com força.

Por um momento, tudo pareceu girar ao redor dele. Ele ficou deitado ali, olhando para o céu que começava a escurecer, sentindo uma dor pulsante na cabeça. Mas, então, algo fez clique em sua mente. Ele se sentou de repente, seus olhos se arregalando enquanto a memória voltava.

— Thomas! — gritou ele, sua voz cheia de emoção e alívio. — Meu nome é Thomas!

O círculo ao redor dele ficou em silêncio por um segundo, antes que Victória começasse a bater palmas, um sorriso brilhando em seu rosto.

— Bem-vindo a clareira, Thomas, — disse ela, enquanto outros também começavam a aplaudir, comemorando a revelação.

Thomas olhou ao redor, ainda ofegante, mas agora com um novo senso de identidade. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas, naquele momento, ele sabia quem ele era. E isso era o suficiente.

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𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 || Maze runner Onde histórias criam vida. Descubra agora