Pessoas duvidosas

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A cidade à frente deles era um retrato sombrio de um mundo que já foi grandioso. Edifícios parcialmente desmoronados, veículos abandonados e paredes cobertas de poeira davam a sensação de abandono. Ainda assim, as pessoas ali presentes caminhavam com uma estranha familiaridade, como se o caos fosse parte de suas vidas. Era um cenário pós-apocalíptico, mas o movimento constante das pessoas dava um toque de normalidade inquietante ao ambiente. Vic, Brenda e Thomas caminhavam pelo centro da cidade, atentos a cada detalhe, tentando não chamar atenção.

Vic observava ao longe uma criança pequena, de mãos dadas com sua mãe, os dois andando em silêncio pelas ruas devastadas. O contraste da inocência da criança com o ambiente em ruínas a fez apertar os punhos levemente, seu coração apertado.

— É triste ver uma criança passando por tudo isso — comentou Vic, com um olhar de pesar, enquanto seus olhos seguiam o movimento da mãe e da filha.

Thomas, com o olhar distante, concordou, mas suas palavras foram mais frias e diretas do que o usual.
— Em casos como esse, é melhor nem estar vivo — disse ele, sombrio, deixando o silêncio tomar conta por um momento.

Brenda interrompeu o pensamento deles, sua voz baixa e firme, como se estivesse planejando cada movimento.
— Ajam naturalmente, não atraiam olhares — sussurrou. Ela gesticulou com a cabeça para uma casa de dois andares à frente. — Vejam, é ali onde Marcos mora.

A casa, diferente do restante da cidade, parecia viva, quase vibrante. Havia luzes coloridas e o som abafado de risadas e música escapava pelas janelas. Era uma cena incomum em meio à destruição ao redor, como se ali dentro as pessoas tivessem decidido ignorar o que estava acontecendo no mundo exterior. No entanto, para Vic, aquilo só parecia reforçar a atmosfera de perigo, como uma festa em pleno campo de batalha.

— Ele não é nada discreto, é? — disse Vic, franzindo a testa enquanto seus olhos percorriam a fachada da casa. Havia algo incômodo em todo aquele cenário, mas ela sabia que não tinham escolha.

Os três se aproximaram da casa e subiram os degraus da entrada. Assim que chegaram à porta, foram recebidos por uma mulher loira, com os cabelos desgrenhados e roupas que pareciam ter visto dias melhores. Sua aparência era duvidosa, e o cheiro de álcool no ar indicava que já tinha bebido um pouco demais naquele dia. Ela olhou para Brenda com olhos semicerrados, avaliando-a de cima a baixo, depois fez o mesmo com Vic e Thomas.

— O que vocês querem? — perguntou, arrastando as palavras.

Brenda manteve a compostura e sorriu de forma contida.
— Olá, eu gostaria de falar com o Marcos. Ele mora aqui, não é?

A mulher olhou para os três de maneira desconfiada, como se estivesse decidindo se deveria deixá-los passar ou não. Então, sem muita cerimônia, apontou para dentro da casa com um gesto preguiçoso.
— Ele tá lá dentro — disse ela, desinteressada, já começando a virar as costas.

— Obrigada — respondeu Brenda, pronta para entrar, mas antes que pudesse dar mais um passo, a mulher se colocou à sua frente, bloqueando a passagem com um movimento brusco.

— Ei, pera aí — a mulher disse, seu humor azedando de repente. — Tem um preço pra entrar.

Vic trocou um olhar rápido com Thomas, ambos entendendo que as coisas podiam ficar complicadas rapidamente. Brenda, sem perder o controle, fechou o semblante e perguntou, com a voz firme:
— Qual o preço?

A tensão no ar aumentou, e os três se prepararam para o que viesse a seguir, sabendo que aquela simples entrada não seria tão fácil quanto parecia.

A mulher soltou uma risada rouca e maliciosa ao ouvir a pergunta de Brenda. ela retirou do bolso uma pequena garrafa com um líquido verde-azulado.

— Um gole disso — disse ela, balançando a garrafa, e uma riso escapou de sua boca.

𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 || Maze runner Onde histórias criam vida. Descubra agora