A dura decisão

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A sala de reuniões estava lotada, com os garotos agitados, seus murmúrios enchendo o ar de tensão. Gally, Newt e Alby estavam no centro, tentando acalmar os ânimos, mas os olhares preocupados e as discussões acaloradas mostravam que não seria fácil. Victória, a última a chegar, entrou no recinto com passos firmes, mas por dentro sentia o peso das últimas horas. Assim que ela atravessou a porta, o caos se intensificou.

— Victória, o que vamos fazer com Ben? — perguntou um dos garotos, a voz carregada de ansiedade.

— Ele é um traidor, merece ser punido! — gritou outro, despertando murmúrios de concordância.

— Não, ele não tem culpa! Estava fora de si! — contestou um terceiro, defendendo o amigo.

Gally, percebendo a confusão, olhou diretamente para Victória, esperando que ela tomasse o controle. Ela respirou fundo, tentando organizar os pensamentos, e então ergueu a mão, exigindo silêncio. As vozes foram morrendo aos poucos, e todos os olhos se voltaram para ela.

— Silêncio! — disse Victória, sua voz ecoando com autoridade. — Ben será punido por quebrar as regras e atacar um dos nossos. Às 16h, todos se encontrarão em frente ao labirinto para que a punição seja executada. A reunião termina aqui.

Embora sua voz fosse firme, por dentro Victória lutava para não deixar as lágrimas transbordarem. Ben não era apenas mais um garoto da Clareira; ele era seu amigo. Ela queria acreditar que havia uma outra solução, mas as regras não permitiam exceções, e todos ali sabiam disso. Os meninos assentiram, embora muitos continuassem a cochichar enquanto saíam da sala. Victória, sem dizer mais nada, deixou o recinto. Gally, vendo seu estado, tentou ir atrás dela, mas Newt o segurou pelo braço.

— Dê um tempo a ela, Gally. — disse Newt suavemente. — Ela precisa de espaço.

Victória se afastou, o coração pesado, e encontrou refúgio em uma grande árvore que ficava nos arredores da Clareira. Subiu até um dos galhos mais altos e, dali, começou a relembrar os dias mais simples, quando Ben chegou e, rapidamente, se tornou amigo de todos. Agora, enquanto esperava pela hora da punição, a tristeza a envolvia. Ficou ali por alguns minutos, observando as folhas balançando suavemente ao vento, tentando encontrar alguma paz.

Depois de algum tempo, Victória percebeu que se isolar não ajudaria. Precisava estar com seus amigos, então desceu da árvore e caminhou em direção ao grupo que estava reunido sob algumas árvores próximas. Ao vê-la, todos se levantaram, as expressões de preocupação claras em seus rostos.

— Como você está, Vic? — perguntou Newt, a voz cheia de gentileza.

— Estou melhor, obrigada. — respondeu ela, com um pequeno sorriso que não chegou a seus olhos.

Eles se sentaram novamente, e Victória, buscando conforto, recostou a cabeça no ombro de Gally. Ele ficou imóvel por um momento, claramente apreciando o gesto, mas logo sua mente começou a vagar.

— Vocês não acham estranho o que Ben disse? — Gally finalmente falou, a voz grave. — Ele disse que Thomas era o culpado por tudo, que estávamos aqui por causa dele.

Newt franziu o cenho, pensando nas palavras de Gally. — É estranho mesmo, mas Ben estava fora de si, não podemos levar a sério o que ele disse.

— Exatamente, — acrescentou Minho, tentando afastar as suspeitas. — **Ele estava delirando, sem saber o que falava.

Mas Gally não estava convencido. Ele cuidadosamente afastou a cabeça de Victória do seu ombro, levantou-se e começou a andar de um lado para o outro. — Não sei, ele não falaria do Thomas do nada. Desde que ele chegou, as coisas começaram a ficar estranhas.

Victória ergueu os olhos para Gally, tentando entender sua preocupação. Para ela, Thomas parecia apenas mais um garoto perdido e assustado, tentando encontrar seu lugar.

— Thomas é só um garoto curioso, Gally. Ben estava fora de si, não podemos culpar Thomas sem provas.

Minho, sempre pronto para provocar, não resistiu à oportunidade. — Ou talvez você só não confie nele porque ele caiu por cima da Victória mais cedo, hein?

Gally se virou abruptamente, com os olhos brilhando de raiva. — O que você está insinuando, cabeça de plong?! — Ele avançou em direção a Minho, o punho cerrado.

Newt rapidamente se levantou para intervir, tentando acalmar os ânimos. — Gally, não vamos começar uma briga agora. Minho só está tentando te irritar, não vale a pena.

Victória também se levantou, posicionando-se entre os dois. — Gally, por favor. Minho só fala isso para te provocar. Não estamos em um momento apropriado para brigas idiotas. Ben será punido agora, e vocês brigando só piora as coisas.

O lembrete de Victória sobre Ben trouxe de volta a gravidade da situação. Gally, percebendo o quão abalada Victória estava, suspirou profundamente, deixando a raiva esvair-se. Ele lançou um olhar furioso para Minho, mas se controlou, pegou na mão de Victória e a conduziu em direção ao labirinto, onde Ben já estava sendo levado.

Chegando lá, eles se separaram, mas Victória ainda segurava o braço de Gally, como se buscando força. Ao se aproximarem do labirinto, Victória soltou o braço dele e se posicionou à frente dos demais.

— Apontem as lanças para Ben, — ordenou ela, a voz baixa e carregada de dor.

Ben, percebendo que seu fim estava próximo, começou a implorar desesperadamente. — Vic, por favor, não faça isso! Não foi minha culpa! Eu lembrei de tudo, é culpa do Thomas! Ele estava lá, do outro lado! Vic, por favor, somos amigos!

Mas as portas do labirinto começaram a se fechar, e os meninos empurraram Ben em direção a ele. Os gritos desesperados de Ben ecoavam pela Clareira, mas Victória já não conseguia suportar. Lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto, e ela permaneceu imóvel, sem conseguir dizer uma palavra. Newt, observando tudo um pouco distante, também sentiu as lágrimas escorrerem.

O labirinto estava quase completamente fechado quando Ben, vendo que não tinha outra escolha, correu para dentro, desaparecendo na escuridão. Todos ficaram em silêncio, observando as portas do labirinto se fecharem completamente e os gritos de Ben se extinguirem na distância.

Victória olhou ao redor, e seus olhos encontraram Thomas. As palavras de Ben ecoavam em sua mente, e, embora não quisesse acreditar, uma semente de dúvida começou a crescer em seu coração. Seria possível que Ben estivesse certo? Que Thomas fosse, de alguma forma, o responsável por tudo?

Sentindo-se sufocada por perguntas e pela dor de perder um amigo, Victória se afastou silenciosamente e foi para seu dormitório. Precisava de tempo para processar tudo, para tentar entender o que estava acontecendo. Quando os meninos perceberam sua ausência, souberam que ela preferia ficar sozinha.

Gally, por sua vez, sentia-se impotente. Queria tanto estar ao lado de Victória, abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas sabia que ela precisava de espaço. Newt, Alby e Minho compartilhavam o mesmo respeito por sua liderança e força, compreendendo que, mesmo sendo forte, Victória também era humana.

O dia terminou com todos voltando aos seus afazeres, preparando-se para o jantar e, depois, para descansar. A Clareira estava silenciosa, mas a tensão pairava no ar, enquanto cada um lidava à sua maneira com o que havia acontecido naquele dia.

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𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 || Maze runner Onde histórias criam vida. Descubra agora