A última chegada

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O amanhecer iluminava a Clareira, e Vic despertou com uma leve tontura, notando a claridade que penetrava através do telhado da enfermaria. Ela se sentou devagar, sentindo as costas arderem. Olhando ao redor, viu Alby deitado em outra cama, desacordado. Nick, o garoto responsável pelos feridos, estava por perto e, ao perceber que Vic havia acordado, aproximou-se rapidamente.

— Como está se sentindo? — perguntou, com uma expressão de preocupação.

— Minhas costas... estão ardendo — respondeu Vic, enquanto levava a mão à parte inferior das costas.

— Você sofreu um grande rasgo — explicou Nick. — Está na carne viva, por isso ainda dói. Vai demorar um pouco para melhorar completamente.

Vic respirou fundo e olhou para Alby, preocupada. — Quanto tempo eu fiquei assim? — perguntou, confusa.

— Três dias — disse Nick, com a voz séria. — Você apagou por três dias inteiros.

Vic arregalou os olhos, surpreendida. Não imaginava que seu ferimento havia sido tão grave. Determinada, tentou se levantar da cama, mas Nick colocou a mão no ombro dela.

— Você ainda não está totalmente bem. Melhor não se levantar.

— Estou bem o suficiente para caminhar — insistiu Vic. — Preciso ver meus amigos.

Nick suspirou, percebendo que não conseguiria argumentar com a líder. — Tudo bem, mas espere até se sentir melhor. Vou pedir para Chuck avisar aos outros que você acordou.

Vic assentiu, e Nick chamou Chuck, que saiu animado para contar a novidade. Em poucos minutos, todos os amigos de Vic entravam apressados na enfermaria, parecendo aliviados por vê-la acordada.

Chuck foi o primeiro a se aproximar, quase empurrando os outros. — Vic! Você está bem? Como estão suas costas?

Os outros também começaram a bombardeá-la com perguntas, preocupados. Logo, a conversa mudou para a tensão do confronto com o Verdugo, e Minho foi o primeiro a comentar.

— Foi muito idiota o que você fez — disse ele, balançando a cabeça —, mas impressionante. Todos ficaram boquiabertos.

Gally se aproximou mais de Vic, com um sorriso no rosto. — Foi arriscado, mas eu nunca vi nada tão incrível — disse, com um olhar profundo. — Estou muito feliz em ver que você está bem. Como estão suas costas?

Sem hesitar, Vic se virou e levantou a parte de trás da camiseta, revelando as cicatrizes que iam dos ombros até quase a base das costas. Todos ficaram em silêncio, perplexos com o tamanho do ferimento.

— Estou bem — afirmou Vic, com um sorriso, embora a dor ainda estivesse presente. — Só estou faminta.

Eles seguiram juntos até a cozinha, onde os Clareanos a receberam com aplausos e parabenizações pela vitória contra o Verdugo. Vic riu junto com eles, a alegria era contagiante. Enquanto comia, porém, seus pensamentos voltaram para Alby, e seu sorriso lentamente desapareceu.

— Não deveríamos estar comemorando enquanto um de nós ainda está ferido — disse, a voz cheia de preocupação.

A animação cessou, e todos ficaram em silêncio. Minho suspirou, parecendo desanimado.

— Alby foi picado. Eu vi quando aconteceu — murmurou.

Vic terminou sua refeição, ignorando a dor nas costas, e declarou que voltaria para a enfermaria para ver Alby. Seus amigos a acompanharam, enquanto o resto dos Clareanos voltava aos afazeres diários. Quando chegaram, reuniram-se ao redor de Alby, que permanecia imóvel, seu estado causando apreensão em todos.

De repente, ele começou a se debater violentamente. Nick correu para amarrá-lo, pedindo ajuda a todos. Alby gritava em agonia, e então, veias negras surgiram em seu pescoço, deixando todos horrorizados.

— É melhor saírem daqui — ordenou Nick, a voz tensa.

Obedecendo, o grupo se retirou, todos abalados pela cena terrível. A alegria que haviam sentido desaparecera completamente, e Vic se isolou, triste. As preocupações se acumulavam em sua mente, e ela odiava ver seus amigos sofrendo daquela maneira. Não bastava Ben... agora Alby. Quem seria o próximo?

Os outros voltaram aos seus deveres, enquanto Gally observava Vic de longe, lutando com seus próprios sentimentos. Ele queria estar ao lado dela, mas sabia que ela preferia ficar sozinha quando estava triste. Ele temia nunca ter a chance de dizer o que sentia, uma sensação que o consumia a cada minuto.

Vic, por sua vez, queria dizer o que sentia para Gally, mas as preocupações impediam isso. Ela caminhava perdida em seus pensamentos quando o som da sirene ecoou pela Clareira, alertando a todos.

Ela se virou imediatamente e correu para a Caixa. Confusa, assim como todos, Vic sabia que não haviam se passado nem duas semanas desde que Thomas chegara. Nunca antes haviam enviado outro calouro tão cedo.

Gally olhou para ela em busca de orientação, e Vic assentiu, dando-lhe permissão para abrir a Caixa. Ele pulou dentro, removendo a tampa com rapidez, revelando algo que deixou todos em choque: uma garota desacordada.

A multidão se entreolhou, incrédula. Outra garota? Aquilo era inédito. Gally se abaixou para observar mais de perto e notou algo na mão da nova garota. Ele retirou o objeto e, ao ver que era um bilhete, chamou Vic.

— Olha o que achei com ela — disse, entregando o papel e dois objetos metálicos nas mãos de Vic.

Os Clareanos se amontoaram ao redor dela, esperando com ansiedade. Vic abriu o bilhete com as mãos trêmulas e leu as palavras escritas com uma caligrafia firme e assustadora: *"Ela será a última."*

O ar parecia ter congelado. Todos trocaram olhares confusos. "A última?" O que aquilo queria dizer? Murmúrios e cochichos começaram a ecoar entre o grupo, mas Vic não conseguia tirar os olhos do papel. Ela levantou o olhar para Gally, assustada. Aquilo certamente não era um bom sinal.


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𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 || Maze runner Onde histórias criam vida. Descubra agora