Decisões precipitadas

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O sol nascia timidamente, e a Clareira acordava para mais um dia de trabalho. Cada Clareano seguia para seus afazeres habituais, enquanto Victória permanecia no centro, observando tudo com atenção. Ela, assim como os outros, tentava afastar as memórias dos últimos acontecimentos, especialmente a imagem de Ben sendo tragado pelo labirinto.

Mais cedo, os corredores, liderados por Minho, tinham partido para o labirinto. Victória, normalmente ansiosa para correr com eles, escolheu ficar na Clareira naquele dia. A lembrança de Ben gritando ecoava em sua mente, e por mais que tentasse afastar o som, ele sempre voltava. Ela precisava de um momento de distância, de alguma paz que parecia sempre fugir de suas mãos.

Durante o dia, Gally e Victória trocavam olhares furtivos. Toda vez que seus olhos se encontravam, um sorriso discreto se formava nos lábios de ambos. Apesar de tudo que estava acontecendo, havia algo especial entre eles, algo que ambos reconheciam, mas ainda não diziam em voz alta. E, nesses pequenos momentos de conexão, Victória encontrava um alívio silencioso.

No final da tarde, os Clareanos começaram a se reunir em frente ao labirinto, como faziam todos os dias. O crepúsculo tingia o céu de laranja, e o som das portas do labirinto começando a se mover lentamente trouxe uma tensão familiar a todos. Faltavam apenas dez minutos para que o labirinto se fechasse completamente, e os corredores ainda não haviam voltado.

Victória, de pé ao lado de Gally, cruzou os braços, sentindo um calafrio na espinha. Ela olhava fixamente para a entrada do labirinto, esperando, rezando para que Minho e os outros aparecessem. Quando os minutos passaram sem nenhum sinal, o desânimo começou a se espalhar entre os Clareanos. Alguns começaram a sair, murmurando temores do pior.

Então, um movimento na entrada do labirinto captou a atenção de todos.

— Olhem! — alguém gritou.

Minho surgiu, ofegante, carregando Alby, que estava gravemente ferido, praticamente inconsciente. Ele lutava para arrastar o corpo do amigo, mas seu progresso era dolorosamente lento. Victória sentiu seu coração disparar.

— Minho, rápido! — ela gritou, sua voz trêmula de desespero.

O labirinto estava se fechando cada vez mais rápido, e mesmo com os gritos de incentivo, Minho parecia não conseguir avançar o suficiente. O pânico crescia entre os Clareanos. Thomas, que estava por perto, observava a cena com os punhos cerrados. Ele sabia que Minho não conseguiria sair a tempo.

Antes que alguém pudesse detê-lo, Thomas começou a correr.

— Thomas! — Gally tentou segurá-lo, mas Thomas foi rápido demais. Ele correu em direção ao labirinto, sem hesitar.

O choque paralisou os Clareanos por um segundo. Victória olhou, incrédula, para a cena. Eles nunca haviam perdido ninguém tão próximo do fechamento do labirinto. Thomas, um novato, estava correndo direto para a morte.

Por um breve momento, o pânico tomou conta de Victória. Se Minho, Alby e Thomas ficassem presos no labirinto... ela não podia permitir que mais Clareanos morressem. Com uma decisão rápida, ela olhou para Gally ao seu lado, que a encarava em choque.

— Eu também sempre estarei com você, Gally — sussurrou Victória, baixinho, apenas para ele ouvir. — Eu vou ficar bem.

Antes que ele pudesse responder, ela disparou em direção ao labirinto, correndo com toda a velocidade que seus pés podiam oferecer. Gally gritou por seu nome, correndo atrás dela, mas era tarde demais. Ela era muito rápida, e antes que ele pudesse alcançá-la, o labirinto se fechou com um estrondo.

Gally caiu de joelhos, desesperado. Ele bateu na parede do labirinto, gritando o nome dela, mas as portas de pedra não respondiam. Newt se aproximou, tentando acalmá-lo.

— Gally... Ela vai ficar bem — disse Newt, tentando soar convincente. — Ela sabe o que está fazendo.

Mas Gally estava em pânico. A ideia de perder Victória para sempre o consumia. Ele continuou batendo na parede, impotente, enquanto a escuridão envolvia a Clareira.

Do outro lado do labirinto, Minho olhava incrédulo para Thomas e Victória, que agora estavam presos com ele.

— Vocês dois são idiotas — ele resmungou. — Isso não é coragem, é suicídio!

Victória se aproximou de Thomas, sua expressão furiosa.

— O que você acha que está fazendo? — ela o repreendeu. — Você acabou de se condenar! E a todos nós também!

Thomas olhou para ela, atônito, sem saber o que responder. Ele achava que estava fazendo o certo, mas agora, preso no labirinto, a gravidade da situação começou a pesar sobre seus ombros.

— Eu... não podia deixar vocês morrerem — respondeu ele, hesitante.

— E agora todos nós podemos morrer por sua imprudência! — retrucou Victória, sua voz cheia de raiva e medo. — Eu só entrei porque não podia perder mais ninguém.

Ela olhou ao redor, o labirinto imenso se erguendo ao redor deles, a escuridão engolindo o pouco de luz que restava. Ela pensou em Gally, no desespero em seus olhos quando ela correu. Seu coração apertou, e ela lutou para conter as lágrimas.

"Eu queria estar com ele", pensou ela, enquanto seu peito se enchia de dor. "Mas agora, talvez eu nunca o veja de novo."

Victória respirou fundo, tentando manter o foco. Não havia mais tempo para arrependimentos. Ela sabia o que tinha que fazer. Olhando para os outros dois, ela declarou com firmeza:

— Hoje, eu vou ter que lutar pela minha vida. E vocês também.

O som distante de algo se movendo nas sombras avisava que o verdadeiro perigo estava prestes a começar.

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𝐀 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐀 || Maze runner Onde histórias criam vida. Descubra agora