Frisson

170 11 1
                                    



Acordei com a claridade entrando pela janela da sala e uma fresta de luz batia bem no meu rosto. Tentei me mexer percebendo que estou em uma posição bem desconfortável no sofá e uma dor absurda no meu pescoço, mas um peso agradável no meu lado direito me chamou atenção, e um perfume gostoso de shampoo invadiu meus sentidos me trazendo a realidade e todas as lembranças da noite passada.

Giovanna está abraçada a minha cintura com pernas e braços, o que me impede de mudar de posição por medo de acordá-la. Mas como se estivesse sentindo meu olhar queimar sua pele, ela abre os olhos lentamente e esboça um sorriso que chega aos olhos, mas em segundos parece recobrar a consciência de quem sou eu e pula dos meus braços como se meu corpo estivesse em chamas. Não que não fosse real, minha calça estava mais apertada na região da virilha e a respiração tranquila dela enquanto dormia estava me fazendo queimar por dentro.


- Parece que conseguiu dormir bem. - Tentava puxar assunto com ela enquanto eu fazia um alongamento que me tirou um gemido de dor.


- O que vai querer de café da manhã? - Ela fingiu não me escutar e passou a mexer freneticamente no celular.


- Tá mandando mensagem para ele?


- Não é da sua conta! - Giovanna começou a andar pela sala sem rumo.


- Não liga para ele! - Tentei trazê-la pra realidade dos fatos. - O cara não quer mais nada com você!

- Nossa, não sei porque você acha que eu vou te escutar. - Ela sabe ser debochada quando quer.


- Eu pensei que se eu continuar falando talvez você escute alguma coisa.


- Olha, honestamente, qual o seu objetivo aqui? Eu sou uma bomba relógio prestes a explodir. Há meses sinto essa dores absurdas e ninguém descobre o que tenho. O idiota que jurou me ajudar e ficar comigo até o fim simplesmente sumiu, então faz um favor pra nós dois, SOME. Ficar me vigiando como um falcão não vai mudar nada!


- Isso não é verdade! - O que essa mulher tem, meu deus? Eu preciso de mais tempo com ela pra tentar entender o que está se passando aqui.


- É verdade sim! Todos vão embora, todos somem do nada. Não seja egoísta por me fazer acreditar que é diferente para poder sumir logo em seguida também.


- Eu não entendo porque alguém quer ficar sozinha quando claramente precisa de alguém que cuide dela.


- Mas não preciso que você entenda! Merda! Não sei porque se importa tanto, você nem me conhece!


- Eu também não sei! - Falei com toda sinceridade que eu poderia. - Eu não sei porque voltei, não sei porque fiquei, mas sei porque quero continuar. - Ela olhou pra mim com os olhos cheios d'água e arrisquei aproximar dela e tocar seu rosto.


- Me deixa ficar? - Aproximei meu corpo ainda mais ao dela e encostei minha testa na sua. - Precisamos de uma última refeição juntos. Até prisioneiros têm uma última refeição.

Roubada de Amor - GNOnde histórias criam vida. Descubra agora