Te Ver

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Fazer o que Giovanna pediu e deixá-la sozinha foi uma das coisas mais difíceis que já fiz até hoje, e não tem nada a ver com sexo ou desejo, mas sim com cuidado. Desde que a tirei daquele banheiro sinto uma urgência em protegê-la.

Do andar de baixo consegui ouvir o grito que ela deu e quase voltei para tomá-la em meus braços e dizer que tudo ficaria bem, mesmo não tendo ideia de como fazer isso. Mas preciso respeitar sua vontade. Sei que sua reação não foi de dor física, o que incomoda ela é algo maior, as cicatrizes que ela traz é na alma, e eu não sou a melhor pessoa pra cuidar disso.

Cheguei em meu apartamento que não via há dias e infelizmente Nemo não está mais entre nós. Parece ser algo insignificante, mas pra mim não, foi o segundo companheiro de quarto que me afeiçoei, o primeiro era o traidor do Rodrigo.

Deitei novamente em meu sofá fedido, fechei os olhos e senti minha barriga roncar de fome, me lembrando que não tomei café da manhã e já são quase meio dia. Tomei o celular pra ver se havia alguma mensagem dela e só consegui notar que nunca me importei com ninguém que não fosse minha avó ou minha tia. O que essa mulher desgraçada fez comigo?

Mandei mensagem pra Anselmo no intuito de passar um pouco sobre o caso da Giovanna e claro, tentar descobrir se ela já havia entrado em contato - Acho que é cedo demais ainda né? - Ele me respondeu em seguida que não havia nenhum agendamento com esse nome e meu peito apertou de preocupação.

Decidi mandar mensagem pra um amigo convidando para um barzinho hoje a noite. Preciso sair dessa confusão que me enfiei e esquecer aquela mulher infernal, nem que seja à base de álcool.


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Dizem que tentar esquecer é lembrar duas vezes e eu posso dizer que é real. Passei o dia inteiro tentando imaginar como está aquela maluca, mas ao menos tive uma boa notícia, Anselmo mandou mensagem dizendo que ela marcou a consulta para amanhã terça-feira.

Vim encontrar um amigo em plena segunda-feira em um bar pra tentar tirar aquele pesadelo da minha cabeça.

O bar do Joel é um lugar bacana, sempre tem roda de samba e chopp gelado e pra deixar tudo ainda melhor tem sempre umas gostosas caindo em cima.

Fui direto pro balcão do bar pra esperar por Ota e já pedir uma gelada, mas poucos minutos depois meu amigo entrou no ambiente acompanhado de uma loira espetacular. É serio que esse idiota vai me fazer ficar de vela a noite inteira?


- Fala, Nerão! - Otaviano chegou todo animado de mãos entrelaçadas com a loira. - Deixa eu te apresentar a Flávia.


- Prazer! - Dei um beijo de cada lado do rosto dela e encarei o cafajeste do meu amigo. - Vamos procurar uma mesa vazia ou ficamos aqui mesmo bar?


- Podemos pedir uma mesa? Passar a noite nesses bancos altos não estava nos meus planos. - Flávia falou bem humorada.


- Claro, claro! - Concordamos e nos encaminhamos para uma mesa no meio do ambiente um pouco mais próximo ao palco. Como hoje ainda é segunda não tem roda de samba, mas está aberto para os corajosos que querem se arriscar no microfone.


- Canalha, como você não me avisa que traria companhia e me deixaria de vela a noite toda? - Cochichei no ouvido de Ota enquanto Flávia ia na nossa frente para a mesa escolhida.


- Calma, cara, a Flavinha convidou duas amigas pra vir também, você escolhe qualquer uma e ainda terá reserva! - Que pilantra!


- Não tô na vibe hoje, Ota! - Falei quase como lamento e recebi um olhar assustado do meu amigo.


- Alexandre Nero, o grande pegador, não está afim de uma date casual? - Onde você bateu a cabeça, meu amigo?


- Não fode, otário! Só estou sem saco. Depois de terminar com a Fabíola não quero mais encrenca na minha vida.


- O que tá acontecendo que você não está me contando? E onde está o Rodrigo que não veio?


- Não sei do Rodrigo e não está acontecendo nada. - Falei cortando o assunto não querendo deixar render mais aquilo.


- Mas me conta Flavia, onde você encontrou esse idiota e como uma mulher maravilhosa foi cair no papinho desse cretino? - Perguntei quando sentamos para esperar nossos pedidos que havíamos feito no bar antes de sairmos.


- Trabalhamos juntos no escritório de advocacia. Se precisar de alguém pra te soltar da prisão eu sou a sua pessoa. - Flávia tem uma energia surreal. É divertida, bonita e parece ser muito inteligente. - Amor, vou lá fora encontrar as meninas que estão chegando, já volto. - Deu um selinho em Ota e nos deixou degustando nossos chopes que tinham acabado de chegar.

- Quem é a mulher, Alexandre? - Ergui as sobrancelhas pra ele me fazendo de desentendido. - Não adianta negar pois te conheço muito bem e sei que tem mulher na jogada.


- Tá bom! - Suspirei cansado não conseguindo negar o que estava estampado em minha cara. - Conheci uma garota em um evento meio inusitado, passamos o fim de semana juntos, mas ontem ela me mandou embora e eu não consigo tirar ela da minha cabeça. Tá satisfeito? - Otaviano começou a gargalhar.


- Que chá foi esse, cara? Um final de semana e você já tá assim? Você já foi menos emocionado, Alexandre! - Idiota, filho da puta!


- É sério que você vai ficar tirando uma com minha cara? - Bufei de ódio quase me levantando pra ir embora. Mas fiquei paralisado quando olhei na direção da entrada do bar e vi quem estava acompanhando a Flávia. Giovanna entrava com toda sua glória, com um vestido curto vermelho e um sapato alto, cabelo solto e uma cara de pouquíssimos amigos.


Não é possível, qual a probabilidade de termos pessoas em comum e nunca ter esbarrado na vida? Essa noite estava longe de terminar, e eu não faço ideia que rumo ela está tomando, mas to doido pra descobrir.


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Roubada de Amor - GNOnde histórias criam vida. Descubra agora