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Vejo mamãe sentada na espreguiçadeira perto da borda da piscina enquanto eu brincava com as minhas Barbies.

— Olha mama, como as minhas bonecas ficaram bonitas depois que cortei o cabelo delas.

Ela olha para mim e começa a sorrir, acho que ela não gostou muito do corte, começo a rir também.

— Ah Nalie, por que você cortou o cabelo delas?

— Porque fica melhor mama! — falo e volto a atenção para as minhas bonecas.

— Você não tem jeito! — mamãe fala e vem até mim me dando um beijo na testa — Como se sente agora que oito anos?

— Todo mundo diz que eu estou virando uma mocinha e que vou ter que me casar e ter filhos, mas eu não quero virar mocinha mama! — falo triste sem nem ao menos saber o que significa.

— Não se preocupe com o que os outros dizem meu amor, você vai ser para sempre o xodó da mama!

— Êêê! — bato palmas de felicidade e abraço a minha mãe.

— Se comporte, irei lá dentro só para buscar mais alguns brinquedos, não deixe as Barbies carecas ouviu, Nalie?

— Sim mama! — dou um sorriso travesso e ela sai.

Enquanto brinco, me mexo um pouco e o meu cachorro Apollo vem correndo até mim, ele era um Husky muito dócil que o papai me deu quando fiz cinco anos. Ele
pega uma boneca minha na boca e sai com ela e a joga na piscina, dando um sorriso travesso como se fosse uma criança, igual a mim.

— Apollo, por que você fez isso? — cruzo os braços de irritação e o Apollo sai correndo.

Me levanto e vou até a beira da piscina onde a minha boneca caiu, estico o braço para alcançá-la, mas ela já está distante demais, tento a perna, sem sucesso, tenho perninhas curtas.

Me seguro e estico novamente o braço, dessa vez com o corpo bem mais inclinado a piscina, e quando o meu dedinho toca a boneca a minha mão de apoio escorrega na borda da piscina e eu caio na água.

Começo a me debater, não consigo subir, meus olhos ardem quando tento abri-los, bato as minhas pernas mas nada acontece, não consigo voltar para a superfície.

A minha mama não vai me ouvir, tento me debater novamente para subir, mas nada acontece, a minha respiração começa a sair do meu corpo por leves bolhas de ar, até a última.

Não aguento mais prender o meu fôlego, sinto minha cabeça ficar tonta, a minha vista está escurecendo, de repente sinto uma movimentação na água, me forço para abrir os olhos, era o meu pai e enfim me entrego a escuridão.

Tusso compulsivamente colocando uma quantidade de líquido pra fora que supus ser água, a minha garganta está ardendo, tento inspirar, mas o meu nariz parece estar sendo invadido por facas.

— Calma Natalie, calma! Já passou! Você tá salva! — por que ouço a voz do Matteo? Eu...

Me forço para abrir os olhos e o vejo, ele está sentado ao meu lado, estou deitada em uma cama macia. Olho em direção a ele que me olha preocupado. Seus cabelos estão molhados, mas sua roupa está seca. Franzo o cenho.

— Você tá bem? — ele pergunta e eu aceno a cabeça devagar em concordância — Por que caralho entrou na água se não sabia nadar? — o seu xingamento vem carregado de preocupação e não apenas agressividade como sempre.

Prometida a Máfia Onde histórias criam vida. Descubra agora