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Eu desmoronei no chão assim que ele se foi, como todas as outras vezes, meu corpo tremendo por completo. Não de medo, mas de exaustão. A mistura de emoções como raiva, dor, e algo muito próximo do desejo, me deixava confusa, como se estivesse à deriva em um mar agitado. E o Matteo era o meu mar.

Eu passei a mão sobre os lábios inchados, sentindo a intensidade do beijo de Matteo ainda presente ali. Aquilo não tinha sido apenas uma afirmação de poder, tinha sido algo mais, uma prova de sua obsessão, de seu desejo absoluto de me possuir. O toque dele era ao mesmo tempo cruel e protetor, como se ele quisesse destruir quem eu era, mas ao mesmo tempo me salvar da própria escuridão.

E o mais aterrador era a resposta do meu corpo a ele. A forma como, apesar de tudo, eu o desejava, eu sentia a falta das suas mãos em mim por mais que nunca tivemos nada além de beijos. Não podia negar. Havia um fogo dentro de mim que apenas Matteo conseguia acender, uma faísca que, por mais que eu tentasse apagar, só aumentava quando ele estava por perto. Mas ele também era a minha ruína.

Eu sabia que não poderia ceder completamente, por mais que ele tentasse me dominar. Eu precisava encontrar forças dentro de mim para resistir, para manter o pouco de identidade que me restava. No entanto, cada vez que ele me tocava, que me pressionava com sua presença avassaladora, eu me via mais fraca, mais próxima de perder a luta interna.

*

Acordo, dessa vez estou deitada na cama fria, desde que ele me desacorrentou, estou dormindo aqui, o colchão é duro, mas é bem mais confortável que o chão. Meu corpo doía em cada músculo, um lembrete das punições físicas que eu tinha sofrido. A fome roía meu estômago, mas era o menos dos meus problemas. Tudo o que eu conseguia pensar era no que Matteo tinha planejado para o dia. Depois de ontem, eu temia a próxima sessão de tortura, mas, ao mesmo tempo, havia uma expectativa amarga, quase ansiosa.

A porta se abriu com um rangido, e Matteo entrou, sua postura sempre imponente. Vestido com um traje despojado, ele estava com uma camiseta preta e uma calça moletom da mesma cor e chinelos nos pés, sua postura altiva estava lá como se nada o perturbasse, ele me olhou com aquela frieza que mascarava um inferno de emoções não ditas. Seus olhos escuros encontraram os meus, e naquele momento, eu sabia que ele estava ali para continuar o que havia começado.

Ele não disse nada, apenas estendeu a mão em minha direção, seus dedos se movimentando em uma ordem silenciosa para que eu me levantasse. Relutante, eu levantei e segurei a sua mão, meus dedos frios encontrando os dele, quentes e firmes. Assim que fiquei de pé, ele me puxou para mais perto, seu olhar cravado em mim como se pudesse enxergar minha alma.

— Vamos continuar o que deixamos inacabado. — ele disse, sua voz baixa, mas com uma ameaça velada — Mas desta vez, principessa, você vai aprender que não há mais como resistir.

Minhas pernas ameaçavam fraquejar sob o peso daquelas palavras, mas eu me recusei a mostrar fraqueza. Mantive meu olhar firme no dele, mesmo que, por dentro, cada parte de mim gritasse por fuga. Matteo levou uma das mãos ao meu rosto, acariciando minha bochecha com uma gentileza que parecia contradizer a frieza de suas palavras.

— Hoje... — ele continuou — ... você vai entender o que significa ser minha. Não apenas no corpo, mas na mente. Não haverá espaço para mais nada na sua mente.

Seus dedos deslizaram para o meu pescoço, onde ele apertou de leve, o suficiente para me lembrar de seu controle absoluto. Meu coração batia forte no peito, e cada fibra do meu ser estava em alerta máximo. Ao mesmo tempo, algo dentro de mim se despedaçava, como se soubesse que essa era a última barreira que eu tinha.

Sua mão segurou o meu braço e começou a me puxar, quando tentei acompanhar os seus passos, os meus pés vacilaram, eu não andavam mais de um metro a dias. Antes que meu corpo fosse ao chão, sinto braços fortes rodearem a minha cintura me segurando. Tudo acontece muito rápido, quando dou por conta, estou nos braços de Matteo.

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