Prometida a Máfia

16

Matteo some da minha vista após o beijo que me deixou desnorteada e não o vejo mais por um longo tempo. Ouço o comandante anunciar que vamos pousar.

A aeronave pousou suavemente na pista privada da mansão de Matteo, pelo que pude ver pela janela pequena do avião, cortando o céu escuro com suas luzes brilhantes. O jatinho aterrissou com um ronco final que se dissipou rapidamente no silêncio daquele dia nublado.

Tiro o meu cinto e me dirijo a porta de saída da aeronave quando ouço passos, viro para observar e vejo Matteo vindo em minha direção. Ele me observa com um olhar que misturava frieza e uma intensidade calculista. Seu olhar me causava arrepios de medo e algo mais que eu não sabia distinguir.

Não querendo a sua proximidade, desci pelas escadas do jato, chegando finalmente a terra firme. Uma BMW preta de vidros escurecidos estava estacionada à nossa espera, pelo que pude ver, e os capangas de Matteo abriram as portas com precisão. O medo me dominou, sentia que ele estava atrás de mim, calculando todos os meus passos para que eu não fizesse nada suspeito.

Paro em frente a porta do carro, e o meu coração acelerou automaticamente, eu não quero ir, senti Matteo colocar sua mão nas minhas costas e me empurrar para dentro do veículo, tento resistir, mas já era tarde, estava novamente nas mãos dele, e não sabia o que me esperava. Ele entra em seguida e as portas são fechadas, entram dois capangas no banco da frente e começamos a sair para fora do aeroporto particular.

— Senhor, arrumamos tudo como o senhor pediu! — o homem que estava no banco do passageiro fala.

— Ótimo! Nos deixem lá! O resto é comigo. — Matteo fala e me olha de canto. Estou encolhida no banco da janela oposta a ele. Não sabia mais o que esperar.

Matteo era a imagem da autoridade, o rosto impassível e os olhos fixos em mim, observando cada movimento meu com um misto de desaprovação. A cada olhar que eu lhe dirigia, ele parecia emanar uma mistura de satisfação no seu olhar e outra coisa que não consegui decifrar, era óbvio que o meu sofrimento estava agradando-o.

Quando a limusine finalmente chegou à mansão, o imponente portão de ferro se abriu para dar passagem. A mansão, com sua arquitetura sombria e elegante, parecia um castelo gótico sob a luz das lanternas, aquele céu nublado só deixava a atmosfera ainda mais sombria. Entrar ali novamente era como sentir a sensação de estar adentrando as portas do abismo.

Assim que a BMW estacionou, o capanga, que não sei o nome, abriu a minha porta e vejo Matteo descer pela por do outro lado e vir até a minha. Seu braço alcançou o meu e me puxou com brutalidade, me arrancando dali e me levando para a dentro da casa.

Vejo que passamos por o hall, está aqui novamente me dava calafrios, e me traziam algumas lembranças como o nosso beijo.

— Matteo, me solta por favor! — digo tentando puxar o meu braço, mas ele segue me arrastando.

— Eu fui muito bonzinho com você, principessa! Está na hora de mostrar porque me chamam de cruel. — ele fala e continua a me arrastar.

Chegamos numa porta escura, ele coloca a sua mão em um dispositivo eletrônico, e essa porta é aberta, ele me puxa para dentro e vejo que estamos num corredor. Ao final há uma escada que levava para baixo, a iluminação diminui, o ar sinistro está começando a me deixar mais aflita. O que ele vai fazer comigo?

Descemos a escada e avistei uma porta bem reforçada, no final do corredor, acho que de aço. Ele então usa novamente as suas digitais para abrir a porta.

A porta se abre e então o cheiro de podridão invade as minhas narinas, tampo o nariz com a mão livre para não vomitar ali mesmo. Olho para dentro, o espaço era uma cela austera, havia apenas o essencial: uma cama dura, uma mesa pequena e um vaso sanitário. A frieza do ambiente era palpável, um reflexo do controle absoluto que Matteo pretendia exercer para comigo. Se algum dia pensei que poderia haver um pingo de bondade, essa possibilidade acabara de ser anulada.