Capítulo 16 | Fofoca boa é fofoca mal contada

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Eu não quero enlouquecer
Eu não estou conseguindo passar por isso
Ei, eu deveria rezar?
Deveria rezar? É
Para mim mesmo, para um deus
Para um salvador que possa
Remendar o que foi quebrado
Desdizer estas palavras ditas
Encontrar esperança na falta de esperança
Me tirar desse desastre

Train Wreck — James Arthur

4 de Setembro, Quarta, 6:00 horas da manhã

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4 de Setembro, Quarta, 6:00 horas da manhã

— Por que está me evitando? Acha que eu não percebi? — Me assustei com a voz do meu pai ressoando atrás de mim ao levar o copo cheio de leite quente à boca. 

Engoli o líquido com dificuldade, a garganta travando no meio do caminho.
Bati levemente nas costas do peito, tossindo baixinho, e me virei lentamente, sentindo o calor subir ao rosto.

Fui pega no flagra.

O olhar severo do meu pai me perfurava, e eu sabia que não havia como escapar daquela conversa por mais tempo.

Desejava nunca ter acordado e ficado em meu quarto, para não esbarrar com ele.

Ele não ousaria entrar se eu estivesse dormindo...

Não depois de eu tê-lo ignorado por três dias.

— Do que está falando, papai? Eu… eu não estou te evitando. — Menti fazendo-me de desentendida, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente. Meu pai suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros.

O silêncio se estendeu entre nós, pesado e opressor, enquanto eu buscava uma maneira para sair escapar o mais rápido possível.

Ele ergueu minhas sapatilhas vermelhas manchadas de sangue seco, que tinham ficado no porão — a única evidência que eu havia esquecido de limpar ou jogar fora.

Meu coração disparou ao ver os calçados em sua mão, e um frio percorreu minha espinha, com a culpa misturando-se com a falha tentativa de esconder o que aconteceu.

Tentei não focar minha atenção nos calçados em sua mão e olhá-lo diretamente, mas era difícil desviar o olhar da prova incriminadora.
 
— Eu não sou bobo, Ayla. Kora não foi comigo e com seu irmão à toa... — Ele diminuiu o tom de voz, com medo de que alguém o ouvisse.

A menção de Kora fez meu interior se revirar, e eu sabia que ele estava se referindo aquele dia.

Sua mão se abaixou, ficando ao lado de sua cintura, e seus olhos se fecharam de cansaço, abrindo logo depois para fazer uma busca minuciosa em meu corpo, procurando pelas marcas entre o meu uniforme.

Eu podia sentir seu olhar pesado, cada detalhe sendo analisado, e me esforcei para manter a calma.

Parando para pensar, fazia sentido minha mãe ter ido com eles e nos deixado aqui, e por isso defendeu a ideia do papai e...

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