Capítulo 20 | Preparativos

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Tão perdida, cheguei no meu limite
Tinha voz, tinha uma voz, mas eu não conseguia falar
Você me colocou pra baixo
Eu luto para voar agora, oh

Bird Set Free — Sia

9 de Setembro, Segunda, 9 horas e 33 minutos da manhã

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9 de Setembro, Segunda, 9 horas e 33 minutos da manhã

— Não era para os professores estarem nos ajudando em vez de ficarem conversando? — Melinda perguntou com audácia, fazendo o delicioso favor de falar alto para que eles ouvissem.

Ela apontou com a cabeça na direção do grupo de professores acomodados em uma mesa do refeitório.

Alguns deles vigiavam os alunos do terceiro ano, mas apenas passavam o olhar de vez em quando, só para dizer que estavam cumprindo seu papel.

Diferente deles, Francesco era o único que realmente se envolvia com a multidão de alunos, ajudando ativamente. Ele se dedicava à tarefa, concentrado, ignorando as vozes confusas ao redor. O único que realmente se mexia para fazer algo, ainda que a tarefa não fosse importante.

Ele dava o exemplo de um verdadeiro professor que se importa, não conosco, óbvio, mas em nos ajudar.

Aquele ser tão indiferente às pessoas e destruidor de corações indefesos estava disposto a ajudar seus alunos a adiantarem uma tarefa banal, a qual não era para nós fazermos.

Não tínhamos obrigação nenhuma...

— Você acha que eles ligam pra essa merda? — Charlotte balançou a fitinha amarela, tentando juntar as pontas no meio. — Eles só estão fazendo isso porque são obrigados. Além disso, só deram pontos porque ninguém ia querer fazer isso. — Confessou, indignada com a atitude daqueles que deveriam ser exemplo.

Essa era a pior verdade.

No fundo, fingiam se importar com o evento e, lá na frente, diriam palavras bonitas. Não porque se preocupavam conosco ou com as pessoas que tentam e conseguem se suicidar, mas porque ganhariam algo em troca.

Suas contas bancárias estariam recheadas, como as dos palestrantes da campanha de conscientização, enquanto seguiam com suas vidas normalmente. E as pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade, buscando conforto na morte, continuariam a viver na solidão opressiva que as envolvia.

Eles só estão fazendo o trabalho deles, enquanto as vidas são ceifadas uma após a outra, sem que ninguém consiga salvá-las a tempo. A tempo de tentar, ao menos, mudar o percurso de uma vida.

Seria difícil? Claro.

Mas o que custa tentar de verdade? Incentivar essas pessoas a afastar os pensamentos sombrios e mudar a mentalidade daqueles que as cercam, mostrando que os problemas não são culpa exclusiva da vítima? Que não existe apenas um culpado, um alvo para despejar todas as frustrações?

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