Capítulo 17 |O passado nunca estava esquecido

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Olhos castanhos culpados e mentirinhas do bem
Sim, eu me fiz de boba, mas sempre soube
Que você falava com ela, talvez tenha feito ainda pior
Eu fiquei quieta para poder manter você

E não é engraçado como você correu para ela
No segundo em que terminamos?
E não é engraçado como você disse que eram amigos?
Agora, com certeza não é o que parece

Traitor — Olivia Rodrigo

6 de Setembro, sexta-feira, 5 horas e 26 minutos da manhã

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6 de Setembro, sexta-feira, 5 horas e 26 minutos da manhã

Espreguicei o corpo, bocejando alto, e deitei de lado, com preguiça de levantar.

Observei as feições de Benjamin, tão sonolento que mal percebia meus movimentos na cama.

O colchão velho rangia a cada movimento, tornando impossível não acordá-lo.

Benjamin tinha o sono pesado como eu.

Não importa o barulho ou caos ao seu redor, ele não acordaria. Só o faria se balançassem seu corpo repetidas vezes.

Beijei o topo da cabeça do meu irmão, que roncava abraçado a mim, com uma baba escorrendo de sua boca para o travesseiro. A manta cobrindo seu corpinho pequeno deveria estar com um cheirinho ruim, já que ele nos obrigava a não lavá-la. Mas eu a pegava escondida para deixá-la limpa e livre da sujeira ou mofo.

Ainda bem que não era a minha.

O dia de ontem foi chato e parado como qualquer outro. Sem brigas, sem discussões ou sermões.

Não via a hora de chegar a sexta-feira e poder ficar no quarto com Benjamin fazendo-me companhia até a madrugada, contando histórias e jogando os jogos de tabuleiro.

Me levantei, retirando-o delicadamente de cima de mim, e calcei as pantufas macias ao lado da cama, indo até minha mesa de estudo.

O chão ainda estava gelado, igual à água do chuveiro, como se estivesse caindo gelo na caixa d'água.

Verifiquei a data no calendário, marcando o dia 6.

Agora faltavam apenas três dias para o dia 10 de setembro, e treze malditos dias até que a ida do Caius para outro país fizesse um ano. E, como era de seu feitio, ele voltaria antes, só para me deixar desesperada e para me atormentar.

Natalie já tinha me avisado, e por isso eu queria ficar trancada, não sair hoje e fingir que fui para a escola. Entretanto, se eu cogitasse faltar, seria mais um motivo para a diretora pegar no meu pé.

Mas eu também poderia me esconder dela, quem sabe?

Óbvio que Francesca não desistiria tão facilmente e seria insistente até conseguir me levar para sua sala e fazer uma reunião com todos os professores e meus pais presentes desta vez.

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