Capítulo 15 | Mudanças na rotina

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Bem, venha pegar agora, venha pegar agora
Querida, me mostre o que está fazendo, venha e se vire
Porque não é só uma figura de linguagem, você me colocou de joelhos
Está ficando mais difícil de respirar

Meddle About — Chase Atlantic

3 de Setembro, Terça-feira, 13 horas e 50 minutos da tarde

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3 de Setembro, Terça-feira, 13 horas e 50 minutos da tarde

Recuei alguns passos para trás depois de observar o nada além dos túmulos e das árvores ao meu redor.

Inalei o ar impregnado do cheiro de grama molhada e me abaixei até ficar na altura da pedra funerária, que continha o nome, a data de nascimento e a de morte dos indivíduos.

Eu ainda sentia a dor latejante se espalhar pelo meu pau. Mas não perderia a minha sanidade e dignidade deitando-me e rolando no chão até que a dolorosa sensação de tê-lo machucado passasse.

Aquele pequeno monstrinho sabia como me desabilitar; atingindo meu pior ponto fraco.

Passei meu indicador no nome Alya Walker Hayes, cravado na placa, sentindo a textura das letras prateadas profundas.

Intercalei o olhar entre a senhora — seus cabelos brancos e soltos caindo como uma cascata nos ombros e os olhos oliva claros, tão claros que chegavam a ter uma semelhança com os de uma cobra — e seu marido, Edgar Patel Hayes, com a mesma fisionomia de sua mulher.

Ela só podia ser neta deles.

Uma Hayes.

Carregava o sangue de pessoas brutas.

Os antigos e falecidos proprietários deste terreno e dos cachorros que estão esperando até hoje por um lar, já que ninguém daquela família os quis. Eles já estão velhos demais, o que torna difícil alguém que os queira, ainda mais três.

Eu precisava adotar alguns, de preferência que fossem ferozes, treinados para comerem qualquer tipo de carne. E, ao receberem a ordem de matar, que o fizessem imediatamente, sendo cães obedientes, mais do que os meus próprios homens de confiança.

Meu pai e meu avô jamais deixariam o corpo da minha avó ser enterrado aqui, sem antes pesquisarem tudo sobre o local, cada mínimo detalhe, até mesmo os donos.

Antes de morrerem, eles venderam essa parte, sem saber que serviria para o seu próprio enterro, onde sua casa ficava ao lado. Aquilo era uma herança dos seus pais, que fora deixada para o casal que enfrentou problemas financeiros e teve que vender uma grande parte, já que o dinheiro da aposentadoria não era o suficiente. Eles tinham retirado tudo, até a cabana vermelha que Domenico um dia mencionou.

Eu odeio me envolver em questões burocráticas como essa, e meu pai sempre obrigou a mim e a meus irmãos a andarmos como cola ao seu lado enquanto ele resolvia seus problemas ou tentava nos explicar como funcionava, para que um dia seus filhos não precisassem depender dos outros e fizessem tudo sozinhos.

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