Capítulo 18 | Os olhos nunca mentem

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Eu não me identifico com você
Eu não me identifico com você, não
Porque eu nunca me trataria tão mal assim
Você me fez odiar esta cidade

E eu não falo merda sobre você na internet
Nunca disse nada de ruim a ninguém
Porque essa porra é constrangedora, você era tudo para mim
E tudo o que você fez foi me deixar triste pra caralho

Happier Than Ever — Billie Eilish

7 de Setembro, Sábado, 9 horas e 35 minutos da manhã

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7 de Setembro, Sábado, 9 horas e 35 minutos da manhã

O espanador esfregava contra os livros empilhados na estante tão rápido que eu jurava que não estava limpando-os direito. 

Depois de ajeitar a casa com Kora ajudando e Carolina, o que me deixou intacta por alguns minutos enquanto processava a visão, fui limpar o único canto que faltava: o escritório acolhedor, que guardava pequenas lembranças.

Mas era sempre assim quando tínhamos visitas e elas dormiam aqui.

Tudo se transformava em uma encenação tão perfeita que, às vezes, me deixava chocada. Faziam de tudo para não levantar suspeitas, fingindo que éramos perfeitos aos olhos dos Santoro ou de outras pessoas.

No entanto, Caius sabia a verdade e, com certeza, zombava por dentro, rindo do espetáculo que apreciava, fingindo que nunca soubera que aquilo não era real e admirando a bela atuação. 

Enquanto limpava, meus pensamentos vagavam, e foi então que algo chamou minha atenção.

Joguei o espanador de penas na poltrona e me abaixei, puxando uma caixa debaixo do móvel. Os joelhos tocaram o chão, as costas inclinadas para baixo, na vã tentativa de puxar a outra no fundo. 

— Só uma olhadinha... 

Elas pareciam tão chamativas à minha curiosidade.

O papai nem vai saber que mexi nelas.

Essa é a minha deixa...

Apollo saiu para trabalhar e, como não estava em casa, eu poderia espiar o que havia ali dentro para ele nunca ter me deixado tocar e optou por esconder de mim.

Porém, agora, elas estavam aqui, de volta.

Delicadamente, abri-as, segurando a aba com uma mão para mantê-la no lugar.

Sentei-me no chão e puxei algo coberto por um envelope amarelo. Apertei a base, os dedos tateando por cima, tomando cuidado para não rasgá-lo.

Por sorte, o papel não estava lacrado.

Ao erguer a lapela, consegui puxar o retrato de dentro. Ele era muito, mas muito antigo, e tinha uma folha tapando a foto.

Retirei-a, colocando-a no meu colo, e meus dedos alisaram o rosto de Alya e Edgar, abraçados ao meu corpo, que descansava na maca do hospital. Abaixo, uma data indicava o dia em que a foto foi tirada. 

A IlusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora