10. É um...

88 4 0
                                    

P.O.V. CARINA DELUCA

Acordei cedo naquele dia, o sol mal havia nascido, mas já iluminava o quarto com sua luz suave, preenchendo o espaço com um calor reconfortante. Senti a presença de Maya ao meu lado, sua respiração profunda e ritmada enquanto dormia. 

Sorri para mim mesma, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo se formando no meu peito. Hoje era um dia especial. Hoje, íamos descobrir se seríamos mães de uma menina ou de um menino, muito provavelmente.

Passei a mão carinhosamente pela curva da minha barriga, sentindo o pequeno ser dentro de mim se mexer levemente em resposta ao meu toque. A sensação sempre me enchia de uma alegria indescritível. Cada movimento, cada chute, era uma prova viva de que havia vida crescendo dentro de mim, uma vida que nós criamos juntas.

Enquanto olhava para o teto, perdida em pensamentos, ouvi minha esposa se mexer ao meu lado. Ela suspirou, ainda meio adormecida, e virou-se para mim, abrindo os olhos lentamente.

— Bom dia, amore mio — sussurrei, inclinando-me para beijar sua testa.

Ela sorriu, ainda meio grogue, mas seus olhos brilharam ao perceber a minha excitação.

— Bom dia, Carina — ela respondeu, sua voz rouca de sono — Hoje é o grande dia.

— Hoje é o grande dia — repeti, com um sorriso que eu sabia que não conseguiria esconder.

Maya se espreguiçou e me puxou para mais perto, passando o braço em volta da minha barriga.

— Como você está se sentindo? — ela perguntou, com sua mão acariciando suavemente minha barriga.

— Ansiosa, mas de um jeito bom — confessei, repousando minha mão sobre a dela — Não consigo acreditar que estamos finalmente aqui. Sete meses, Maya. Parece que foi ontem que eu te dei a notícia de que eu estava grávida.

— Eu sei — ela respondeu, sua voz suave e cheia de emoção — Mas parece também que já estamos esperando por esse momento há muito tempo. Hoje vamos descobrir quem está aqui dentro, quem está vindo para completar nossa família.

Seu sorriso era cheio de amor, e por um momento, fiquei apenas olhando para ela, sentindo-me profundamente grata por tê-la ao meu lado nesta jornada. Não era apenas sobre ter um bebê, era sobre compartilhar esse momento com a pessoa que eu amava mais do que qualquer coisa no mundo.

Depois de mais alguns minutos de preguiça na cama, finalmente nos levantamos para nos prepararmos para a consulta. Enquanto me vestia, olhei para o espelho, observando minha barriga que agora estava bem redonda. Coloquei um vestido leve que se ajustava confortavelmente ao meu corpo, destacando a curva da minha gravidez. Quando saí do banheiro, Maya já estava pronta, vestindo jeans e uma camiseta que parecia feita para ela.

— Você está linda — disse ela, me olhando com um sorriso de admiração — A gravidez só te deixou mais bonita.

— E você está tão linda quanto sempre, bambina — respondi, aproximando-me dela e roubando um beijo rápido — Vamos? Não quero nos atrasar.

Liam havia ficado essa noite com Katherine, pela primeira vez, o que nos deixou mais tranquilas. No caminho para o hospital, o carro estava preenchido por uma energia silenciosa, mas cheia de expectativas. Maya segurava minha mão, seu polegar traçava círculos suaves na minha pele, um gesto que sempre me acalmava. Sabíamos que qualquer que fosse o resultado, seria perfeito. Mas ainda assim, a curiosidade e a expectativa eram inegáveis.

Quando chegamos ao hospital, fomos recebidas por sorrisos calorosos e cumprimentos das enfermeiras que já nos conheciam bem. Passamos pelos corredores até a sala de Jo Wilson, minha amiga e colega, que faria o ultrassom.

Ela nos esperava com um sorriso acolhedor quando entramos na sala.

— Olá, vocês duas! — ela nos cumprimentou, levantando-se para nos abraçar — Estão prontas para o grande momento?

— Mais prontas do que nunca — respondi, tentando controlar a emoção na minha voz.

Jo sorriu e me guiou até a mesa de exame.

— Carina, pode se deitar aqui e levantar a blusa. Vamos dar uma olhada no bebê.

Fiz o que ela pediu, enquanto minha esposa se aproximava para segurar minha mão novamente. Senti uma onda de ansiedade e excitação, tudo ao mesmo tempo, enquanto Wilson preparava o equipamento.

— Tudo bem, vou passar um pouco de gel — disse ela, enquanto espalhava aquela coisa fria sobre minha barriga — Pode ser um pouco gelado, mas é só por um instante. Eu às vezes esqueço que você é médica também, esqueça isso.

Nós rimos juntas. O toque frio me fez estremecer levemente, mas logo me acostumei. Maya apertou minha mão com mais força, e olhei para ela, encontrando seus olhos cheios de amor e expectativa. Não precisávamos de palavras. Sabíamos o que estávamos sentindo.

Jo começou a mover o transdutor pela minha barriga, seus olhos focados na tela ao lado. O som rítmico e familiar dos batimentos cardíacos do bebê encheu a sala, fazendo meu coração acelerar ainda mais. Eu podia sentir minha esposa se inclinar para mais perto, grudando seus olhos na tela.

— Tudo parece ótimo até agora — comentou Wilson, sua voz calma enquanto continuava a examinar — O bebê está crescendo bem, e o batimento cardíaco é forte.

Eu mal conseguia respirar de tanta emoção. Ver aquele pequeno ser na tela, tão vivo e cheio de energia, era algo que nunca deixava de me emocionar. Sabia que Maya sentia o mesmo.

Finalmente, a médica parou e virou-se para nós com um sorriso.

— Querem saber o sexo do bebê? — ela perguntou, embora a resposta já estivesse clara em nossos olhos.

— Sim, por favor — Maya respondeu, sua voz carregada de emoção. Daquela posição, eu não conseguia ver direito.

Jo deu uma última olhada na tela e então voltou-se para nós, seus olhos brilhando.

— Parabéns, DeLuca-Bishops. Estão esperando uma menina, terão 3 contra 1 em casa!

Senti uma onda de felicidade me inundar, lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto. Era uma menina. Nossa menina. Minha esposa apertou minha mão com força, e quando olhei para ela, vi que seus olhos também estavam cheios de lágrimas. Ela sorriu, e naquele momento, sabia que não havia nada mais perfeito no mundo.

— Uma menina... — Maya sussurrou, quase como se estivesse se permitindo acreditar nisso — Vamos ter uma menina, meu amor.

— Sim, uma menina — repeti, minha voz embargada de emoção.

Wilson nos observou, sorrindo diante da nossa reação.

— Vocês duas serão mães incríveis para essa garotinha — ela disse, seu tom caloroso e sincero — Ela tem muita sorte de ter vocês.

Passei a mão pela minha barriga novamente, sentindo a vida dentro de mim com ainda mais intensidade.

— Não vejo a hora de conhecê-la — murmurei, olhando para Maya, que estava ao meu lado, cheia de amor e felicidade. Ela se inclinou e beijou minha testa.

— Nem eu. E eu vou amá-la com todo o meu coração, Carina.

A sala estava cheia de amor, e naquele momento, soube que a nossa filha já era profundamente amada. A vida, em toda a sua complexidade e beleza, nos presenteou com algo que jamais poderíamos ter imaginado. E, com Maya ao meu lado, sabia que nossa família estava apenas começando a se formar de uma maneira que seria infinitamente bela e cheia de amor.

Enquanto minha amiga e médica imprimia as imagens do ultrassom, ficamos ali, nos olhando, segurando as mãos uma da outra, conectadas por essa nova vida que estava prestes a chegar. E sabíamos que, independentemente de qualquer desafio que pudesse vir, estávamos prontas para enfrentá-lo juntas. Afinal, estávamos criando algo lindo, algo que era apenas o começo de uma nova jornada.

One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora