24. Chegou a hora

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P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

O som da água caindo no chão me fez virar automaticamente, o coração disparando em meu peito. Carina estava parada na cozinha, os olhos arregalados e a mão segurando o balcão para se apoiar. 

Por um segundo, meu cérebro não processou o que estava acontecendo. E então a realidade bateu.

— Amore mio... — ela começou, com a voz trêmula, mas ela nem precisou terminar a frase. 

Eu já sabia. A bolsa dela havia estourado.

Meu corpo entrou em modo automático. Tudo o que vínhamos preparando nas últimas semanas, todo o plano de parto que organizamos com tanto cuidado, surgiu na minha mente como se eu estivesse revisando uma checklist mental.

Plano de parto. Prancheta. Travesseiros. Bolsa. Chaves. Liam. Ligar para Andy. Ligar para Miranda e Ben.

Eu respirei fundo, tentando me concentrar para não entrar em pânico. Olhei para Carina, que agora estava respirando de maneira mais profunda, tentando se manter calma.

— Está tudo bem, meu amor — eu me aproximei dela, segurando sua mão com firmeza e dando um beijo rápido em sua testa — Vamos fazer isso como planejamos. Vai dar tudo certo.

Ela assentiu, os olhos fixos nos meus, confiando em mim como sempre fazia.

Eu rapidamente fui até a mesa da cozinha e peguei a prancheta que estava pendurada no gancho próximo à porta. O plano de parto estava ali, prontinho, com cada detalhe anotado. Tínhamos ensaiado para esse momento mais vezes do que eu conseguia contar, mas agora que estava acontecendo de verdade, era diferente.

— Ok, primeiro... Travesseiros favoritos — eu murmurei para mim mesma, os olhos escaneando a lista — Onde deixamos os travesseiros?

— No quarto do Liam — Carina disse com uma respiração pesada, apertando a mão na barriga enquanto mais uma contração parecia começar.

— Certo, eu vou buscá-los — saí correndo em direção ao quarto de hóspedes, voltando em poucos segundos com os travesseiros nas mãos. Coloquei-os em um saco e joguei o pacote ao lado da bolsa de parto, que já estava pronta fazia semanas — Travesseiros, check. Bolsa... Já está pronta.

Minha esposa deu um leve sorriso, mas eu podia ver a tensão crescendo em seus ombros enquanto outra onda de dor começava a se manifestar. Não tínhamos muito tempo.

— Agora as chaves... — fui até o aparador perto da porta e encontrei o chaveiro com facilidade, jogando-o no bolso da calça — Check.

Liam estava brincando na sala de estar, alheio à tensão que tomava conta da casa. Ele estava empilhando blocos de madeira e rindo sozinho, sem saber que sua irmã estava prestes a chegar.

— Liam, vem cá — eu o chamei com a voz mais suave que consegui, tentando não deixar transparecer a pressa que sentia. Ele olhou para mim com curiosidade, e então se levantou com dificuldade, vindo em minha direção com seu dinossauro de pelúcia na mão.

— Mamma? — ele disse, apontando para Carina, que agora se sentava com cuidado na cadeira mais próxima, as mãos descansando sobre a barriga.

— Sim, mamma está bem, só precisamos ir ao hospital porque sua irmãzinha está chegando — eu me abaixei na altura dele e dei um beijo rápido em sua bochecha — Agora você vai passar um tempinho com a tia Miranda e o tio Ben, ok?

Ele pareceu não entender muito bem, mas sorriu de volta para mim. Coloquei-o no carrinho, ajeitei seus brinquedos e rapidamente voltei para Carina, que soltou um gemido baixo enquanto outra contração começava.

One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora