15. Macarrão

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P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

O cheiro de molho de tomate fresco invadiu a cozinha, se misturando ao aroma de alho refogado e manjericão. A visão de Carina, com seu avental florido amarrado sobre a barriga grávida, balançando levemente ao ritmo de uma canção italiana que ela cantarolava, me fez sorrir. Ela estava radiante, e eu sentia uma felicidade imensa apenas por observá-la.

Estava de pé ao lado dela, tentando me concentrar na tarefa que havia me dado — fazer o macarrão. Só tinha um pequeno detalhe: eu não sabia exatamente o que estava fazendo. Cozinhar não era minha praia. E ela sabia disso, mas estava decidida a me ensinar. Ou, como ela colocou, "desafiá-la em uma competição culinária".

— Amore mio, você tem certeza de que quer competir comigo? — minha esposa brincou, seus olhos brilhavam com malícia — Eu sou italiana, lembra? Isso não é muito justo.

Revirei os olhos, mas o sorriso não deixava meu rosto.

— Claro que não é justo, mas talvez eu possa aprender alguns dos seus segredos. Ou, quem sabe, te surpreender?

Ela riu, um som doce e melodioso que sempre conseguia iluminar meu dia.

— Está bem, está bem. Vamos ver do que você é capaz. Mas saiba que, independentemente do resultado, vou te amar de qualquer jeito.

Aquela última frase me derreteu um pouco por dentro. Carina sempre sabia como me fazer sentir amada, mesmo nas situações mais triviais. 

Peguei a embalagem de espaguete, observando as longas tiras de massa com um pouco de hesitação. Carina, do outro lado da cozinha, já havia preparado sua massa fresca, que repousava sobre a bancada, coberta com um pano de prato limpo. Claro que ela tinha que elevar o nível, fazendo o macarrão do zero.

Comecei a abrir o pacote, tentando ignorar a pressão que sentia.

— Você está indo bem pra quem nunca abriu um pacote de macarrão, bambina. Só mantenha a calma — Carina incentivou, rindo de mim.

Respirei fundo e segui as instruções que ela havia me dado antes de começarmos. Mas quando chegou o momento de colocar o macarrão na água fervente, hesitei. Era muito longo, e a panela não parecia grande o suficiente. Ela fazia parecer tão fácil, mas para mim, aquilo parecia um enigma. Decidi quebrar as tiras de espaguete ao meio antes de colocá-las na panela.

O som do macarrão quebrando foi o que quebrou o encantamento na cozinha. Imediatamente, minha esposa parou o que estava fazendo e olhou para mim, os olhos arregalados em descrença.

— Maya! O que você está fazendo? — exclamou ela, a voz carregada de horror.

Meus olhos se arregalaram ao perceber o erro que cometi.

— Eu... Eu achei que não ia caber na panela...

Mas antes que eu pudesse me explicar completamente, vi seus olhos se encherem de lágrimas. Lágrimas genuínas.

— Você quebrou o macarrão! — Carina choramingou, sua voz embargada enquanto enxugava as lágrimas que começavam a escorrer por suas bochechas. — Na minha casa, isso é uma heresia!

Parei de mexer no macarrão imediatamente, sentindo meu coração apertar ao vê-la tão emotiva. Sabia que ela estava mais sensível por causa dos hormônios da gravidez, mas nunca pensei que quebrar o macarrão pudesse ter um efeito tão devastador.

— Carina, eu sinto muito! Eu não sabia... — me aproximei dela, tentando abraçá-la, mas ela estava inconsolável, e eu não sabia o que fazer.

Liam, que estava sentado em sua cadeirinha ao lado da mesa, observava tudo com curiosidade. Quando ouviu o som do choro da mãe, soltou uma risadinha alegre, como se achasse graça na situação.

One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora