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P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

Acordei antes do sol nascer, algo que, após anos de serviço como bombeira, havia se tornado um hábito. No entanto, hoje era diferente. Não era apenas mais um dia comum, era meu aniversário de 37 anos. O ar estava tranquilo, e a casa parecia envolta em um silêncio acolhedor, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Carina ao meu lado.

Olhei para ela por um momento, admirando como, mesmo em repouso, sua beleza era estonteante. Sua pele estava iluminada pela luz suave que entrava pela janela, e seu rosto trazia um ar de serenidade. Ela estava grávida de sete meses, e eu podia ver o cansaço nos traços de seu rosto, mesmo enquanto dormia. A noite havia sido difícil para ela, nosso bebê estava ativo, chutando sem parar, e, apesar disso, ela não se queixava. 

Inclinei-me suavemente, tentando não acordá-la, e depositei um beijo leve em sua testa. Ela se mexeu um pouco, suspirando em seu sono, mas não acordou. Sorri, sentindo o calor que aquele simples gesto trouxe ao meu peito, e decidi deixar que ela continuasse descansando. Era o mínimo que eu podia fazer.

Levantei-me da cama com cuidado e saí do quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de mim. Passei pelo corredor em direção ao quarto de Liam. Nosso menino, já com 10 meses, estava crescendo rápido. Cada dia era uma nova descoberta, tanto para ele quanto para nós. Quando abri a porta do quarto dele, um sorriso automático se formou em meu rosto. Ele estava dormindo profundamente, com seu pequeno corpo aninhado sob as cobertas. Ele parecia tão em paz, um pequeno anjo carequinha e com um rostinho que me fazia derreter.

Aproximei-me da cama e fiquei observando-o por alguns instantes, sentindo uma onda de gratidão me inundar. Tinha uma vida que, há alguns anos, eu não poderia nem sonhar. Uma família maravilhosa, uma esposa que era meu tudo, e um filho que me enchia de alegria todos os dias. Inclinei-me e dei um beijo leve em sua teste, como fiz com minha esposa, antes de sair do quarto.

De volta ao corredor, parei em frente ao espelho do hall de entrada, observando meu reflexo. Era estranho pensar que já estava chegando aos 40, mas, ao mesmo tempo, sentia que estava no auge da minha vida.

Decidi que uma corrida ao amanhecer seria a melhor maneira de começar meu dia. Precisava de um tempo para refletir, para me conectar comigo mesma antes de mergulhar nas responsabilidades do dia. Vesti minha roupa de corrida, amarrei os cadarços dos tênis, e saí de casa, deixando o calor acolhedor para trás enquanto o ar fresco da manhã me envolvia.

O sol ainda não havia aparecido completamente, mas o céu começava a clarear, tingido por tons suaves de rosa e laranja. Iniciei em um ritmo constante, o som rítmico dos meus passos ecoando pela rua deserta. Conforme corria, sentia meus pensamentos fluírem, acompanhando o ritmo das batidas do meu coração.

Era um bom momento para refletir sobre o ano que passou. Muita coisa havia acontecido, e as mudanças em minha vida foram profundas. Pensei em Liam, como ele entrou em nossas vidas e trouxe uma nova dimensão de felicidade. A jornada da adoção foi cheia de altos e baixos, mas a recompensa foi maior do que qualquer obstáculo que enfrentamos. Ele era nosso pequeno milagre, e cada sorriso dele me lembrava de como valeu a pena.

E então, havia Carina. Ela estava grávida do nosso segundo bebê, e mesmo com toda a incerteza sobre o sexo, – nosso pequeno teimoso que insistia em manter as pernas cruzadas durante os ultrassons – a emoção e o amor que sentíamos eram indescritíveis. Cada chute, cada movimento dentro dela era uma lembrança de que logo nossa família cresceria ainda mais. O amor que tínhamos um pelo outro só parecia aumentar a cada dia, e eu sabia que estava exatamente onde deveria estar.

Enquanto corria, comecei a refletir sobre meu papel como mãe e esposa. Sempre me vi como uma líder, mas ser mãe era uma luta completamente nova. Era sobre paciência, amor incondicional e, acima de tudo, estar presente. Aprendi a equilibrar minha carreira com a vida em casa, e embora não fosse fácil, cada desafio superado me fazia sentir que estava me tornando uma pessoa melhor.

One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora