19. Furacão Lane

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P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

A manhã estava normal para os padrões da Estação 19. Eu estava na recepção, ajustando os papéis que precisava entregar para Shirley, a nova contadora, e irmã da Chefe Ross. 

Ela havia se integrado à equipe recentemente e, apesar de ser séria e muito focada, era bem eficiente e até agradável de trabalhar. Eu conferi o último documento e assinei rapidamente, empurrando-o na direção dela.

— Aqui está, Shirley. Tudo certo — sorri, entregando os papéis.

— Obrigada, Maya — ela assentiu e pegou os documentos, organizando-os com precisão antes de guardá-los na pasta.

Antes que eu pudesse me despedir e voltar para o meu turno, a porta da estação se abriu com um estrondo. A figura imponente que entrou fez meu estômago despencar instantaneamente. 

Lane Bishop, meu pai, atravessou a entrada como uma tempestade em fúria. Seus olhos estavam arregalados, e seu maxilar travado com uma raiva contida que eu conhecia bem demais.

Eu congelei no lugar, surpresa e ao mesmo tempo já antecipando o desastre que estava por vir. Ele não deveria estar aqui. 

Nunca esteve, nunca apoiou a minha carreira que não fosse olímpica, e com certeza não sabia sobre a minha família, ou pelo menos, eu achava que não.

— Maya! — a voz dele ecoou pelo saguão, carregada de frustração e fúria.

Shirley levantou os olhos da mesa, claramente surpresa, enquanto eu endireitei a postura e respirei fundo. Precisava manter a calma.

— Pai? O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando não deixar transparecer minha inquietação.

Ele avançou para mim, os olhos semicerrados em puro julgamento.

— O que estou fazendo aqui? — ele repetiu, incrédulo — Você ousa me perguntar o que estou fazendo aqui depois de tudo? Depois de descobrir que você tem um filho? Um neto que eu nunca soube que existia?

Meu coração disparou no peito. Ele sabia. 

De alguma forma, ele tinha descoberto sobre Liam, algo que eu mantinha deliberadamente longe dele, sabendo o tipo de homem que ele era.

— Como você... — comecei, mas ele me interrompeu, a raiva dele crescendo a cada palavra.

— Eu fui ver o muquifo onde sua mãe está morando, garota. E lá, o que eu vejo? Uma foto! Uma foto de você e uma criança! Meu neto! Você acha que é assim que eu deveria descobrir? — ele avançou, sua voz ficando mais alta.

Minhas mãos apertaram os punhos, e eu podia sentir o calor subir pelo meu corpo, como uma onda prestes a explodir. Mas eu respirei fundo, tentando manter o controle. 

Minha relação com ele sempre foi um campo de batalha, e a última coisa que eu queria era brigar no meio da estação.

— Essa não é uma discussão para termos aqui, Lane — disse, deliberadamente o chamando pelo nome. Eu já tinha superado o costume de chamá-lo de "pai".

Ele bufou, indignado, e jogou as mãos para o alto.

— Não é uma discussão para termos aqui? E onde deveria ser então, Maya? Onde é o lugar certo para eu confrontar a minha filha sobre esconder de mim o fato de que eu tenho um neto? — ele se virou para os outros bombeiros que passavam, incluindo Andy, que estava perto o suficiente para ouvir a conversa.

Ela me lançou um olhar preocupado e se aproximou, tentando intervir.

— Sr. Bishop, por que não respiramos um pouco e conversamos com calma? — Herrera disse, sempre a voz da razão.

One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora