One Shots Marina (PT-BR)

23. Momentos

P.O.V. CARINA DELUCA-BISHOP

O relógio na parede marcava pouco depois das 10h da manhã, e o silêncio confortável que preenchia a sala era pontuado apenas pelo som suave da respiração de Liam e os pequenos movimentos dele enquanto se aconchegava nos braços de Maya. Eu estava sentada no sofá, observando os dois, completamente hipnotizada pela cena à minha frente. 

Aquele era o tipo de momento que me fazia perceber o quanto nossa vida havia mudado, e, ao mesmo tempo, o quanto ela havia se tornado exatamente o que eu sempre sonhei. A loira à minha frente estava exausta, isso era óbvio. 

Ela havia chegado de mais um plantão longo e desgastante na estação há pouco tempo, os ombros ligeiramente curvados sob o peso do cansaço acumulado. Mas, mesmo assim, ali estava ela, sentada com ele no colo, segurando a mamadeira com tanto carinho que parecia uma segunda natureza para ela. 

Seus olhos, apesar de pesados, estavam cheios de ternura enquanto ela olhava para nosso filho, como se ele fosse o centro do universo. E para ela, eu sabia que ele era.

— Você é incrível, Maya — murmurei, mais para mim mesma do que para ela. 

Meu olhar não deixava o rosto de minha esposa, seus traços tão familiares e ao mesmo tempo tão diferentes agora que a maternidade tinha moldado partes dela que eu nem sabia que existiam. Maya olhou para mim por cima de Liam, um sorriso suave se formando em seus lábios.

— Só estou dando a mamadeira, Carina — ela respondeu em um tom brincalhão, mas eu podia ver o orgulho discreto por trás das palavras.

— Não é só isso — retruquei, sem conter o sorriso que brotava em meus lábios — Você sempre está aqui para ele, mesmo quando está exausta, mesmo quando acabou de sair de um plantão de 12 horas. Ele te adora. Você vê isso nos olhos dele, né?

Ela abaixou o olhar novamente para o pequeno, que, de olhos semicerrados, estava concentrado na mamadeira. Ele segurava o dedo dela com sua pequena mão, apertando suavemente como se precisasse daquela conexão física para se sentir seguro.

— Eu acho que estou me apaixonando por ele mais a cada dia — minha esposa disse em voz baixa, com seus olhos brilhando de emoção — É como... Eu não sei, amor. Às vezes, sinto que não estou fazendo o suficiente, mas quando ele me olha assim...

Ela não precisou terminar a frase. Eu sabia exatamente o que ela queria dizer. 

Ser mãe era um constante jogo de dúvidas, de se perguntar se estávamos fazendo tudo certo. Mas, ao olhar para eles juntos, eu sabia que estávamos. 

Nós estávamos criando algo especial, algo que ia além das nossas próprias expectativas. Eu me inclinei um pouco mais no sofá, apoiando as pernas no encosto, observando os dois como se fosse uma espectadora de um espetáculo íntimo. Havia algo tão simples, mas ao mesmo tempo tão profundo naquela cena. 

— Você sabe que ele vai ser igualzinho a você, né? — comentei, ainda com o olhar fixo em Liam, que agora bocejava enquanto terminava a mamadeira — Tão teimoso, e apaixonado por aqueles malditos caminhões de bombeiros! Já posso imaginar vocês dois correndo por aí, ele tentando fazer tudo que você faz.

Maya riu baixinho, o som quente e reconfortante.

— Se ele for tão teimoso quanto eu, estamos com problemas.

Eu me aproximei dela, sentindo o calor no meu peito aumentar a cada segundo que eu olhava para eles. Aquilo era o que nós tínhamos construído, o que sempre sonhamos. 

Uma família. E não importava o quão cansativo fosse, o quão difícil fossem alguns dias, tudo valia a pena quando eu via a conexão que eles compartilhavam.