One Shots Marina (PT-BR)

14. Susto

P.O.V. CARINA DELUCA-BISHOP

Era uma noite tranquila na Estação 19, o que, considerando as últimas semanas, era uma raridade. O som baixo das risadas e conversas preenchia o refeitório enquanto alguns bombeiros e médicos aproveitavam o jantar. Estávamos sentadas à mesa, Maya e eu, uma refeição simples de massa com molho de tomate e pão de alho na nossa frente. A comida não era nada sofisticada, mas era caseira o suficiente para trazer um certo conforto depois de tudo o que havíamos passado.

Do outro lado da sala, eu podia ver Andy brincando com Liam no sofá, fazendo caretas e sons engraçados que arrancavam risadinhas do nosso filho. Era um alívio vê-lo tão feliz e despreocupado, especialmente depois do caos recente. A imagem dos dois, tão envoltos, trouxe um sorriso ao meu rosto.

— Ele está se divertindo — comentei, desviando meu olhar para ela, que estava concentrada em girar os fios de massa no garfo — Herrera é ótima com ele.

— Ela tem um jeito natural com crianças — concordou a loira na minha frente, um pequeno sorriso curvando seus lábios — Eu sabia que ele ia adorar passar um tempo com ela.

A conversa era leve, um bem-vindo contraste com os dias anteriores. Mesmo que estivéssemos na estação, onde o perigo e a ação nunca estavam muito longe, havia uma serenidade em estar aqui, juntos. Ben e Joey também estavam no refeitório, trocando histórias enquanto jantavam. O ambiente estava impregnado de uma sensação de comunidade, algo que eu sabia ser fundamental para Maya.

Enquanto terminávamos de comer, comecei a sentir um aperto familiar na parte inferior do meu abdômen. Não era dor, exatamente, mas uma pressão desconfortável. Respirei fundo, esperando que passasse, mas a sensação apenas se intensificou. Eu sabia o que era – as famosas contrações de Braxton Hicks – mas mesmo assim, uma ponta de preocupação se insinuou.

Eu deveria estar acostumada com isso, já que estava no meu terceiro trimestre, mas cada vez que as contrações surgiam, era difícil não pensar no parto que se aproximava. E minha esposa... Bem, ela estava sempre em alerta máximo.

O aperto ficou mais forte, e acabei soltando um pequeno suspiro de dor. Isso foi o suficiente para fazer Maya parar o que estava fazendo e olhar para mim, os olhos instantaneamente cheios de preocupação.

— Carina, o que foi? — perguntou ela, com a tensão evidente na voz.

Tentei sorrir para tranquilizá-la, mas a expressão dela só se tornou mais séria.

— Braxton Hicks — respondi, tentando soar calma — Nada demais, só um pouco desconfortável.

Mas ela ficou imediatamente em alerta. Seus olhos se arregalaram, e ela começou a se levantar tão rapidamente que quase derrubou seu prato no processo.

— Você tem certeza? — ela perguntou, já se aproximando de mim como se estivesse pronta para me levar ao hospital naquele instante.

— Sim, tenho certeza — respondi, rindo suavemente ao ver a reação exagerada dela — É normal, bella. O corpo está se preparando para o parto, só isso.

Ela hesitou, claramente ainda preocupada, mas sentou-se de volta, embora seus olhos continuassem fixos em mim, atentos a qualquer sinal de desconforto.

— Eu sei, eu sei — disse ela, suspirando enquanto passava a mão pelo cabelo — Mas... Você sabe que eu me preocupo.

— E eu te amo por isso — respondi, estendendo a mão para segurar a dela sobre a mesa — Mas realmente, estou bem. Não precisa se preocupar tanto.

O toque da minha mão pareceu acalmá-la um pouco, mas a preocupação ainda não havia desaparecido completamente. Era um lado dela que eu conhecia bem – o lado protetor, sempre pronto para entrar em ação a qualquer sinal de perigo. Mas naquele momento, o que eu precisava era que ela relaxasse, que aproveitássemos o tempo sem estresse.