18. Mamma

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P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

A estação estava em silêncio, exceto pelos sons distantes do rádio no andar de baixo e o suave farfalhar das árvores do lado de fora. Era quase meia-noite, e eu estava no meu bunk, deitada ao lado de Liam. 

Ele estava encostado na parede, aninhado em meio aos cobertores, seu pequeno corpo era aquecido pelo meu. Ele tinha 11 meses agora, cheio de energia e curiosidade, mas naquela noite, ele estava um pouco mais quieto, um pouco mais carente.

Carina estava há mais de um dia fora, e eu sabia que ele estava sentindo sua falta. Ele ainda não entendia completamente o conceito de tempo, mas ele sabia que algo estava errado. 

Estava enjoadinho, e parecia que nada do que eu fazia conseguia confortá-lo completamente. Mesmo eu sendo a mommy Maya, era a minha esposa que ele queria naquele momento.

— Ei, pequeno, vamos ver umas fotos da mamma, que tal? — perguntei suavemente, pegando meu celular de cima da mesa ao lado.

Meu filho olhou para mim com aqueles olhos grandes e curiosos, o que me fez sorrir. Eu abri o álbum de fotos que tinha várias imagens de Carina — algumas antigas, outras recentes. 

Tinha uma de quando ela já estava grávida, outra dela rindo com ele nos braços, e muitas outras que eu guardava como lembranças preciosas.

— Olha aqui — deslizei o dedo pela tela, mostrando a foto dela com um sorriso radiante — Lembra dessa? Ela estava te segurando no colo no parque. A mamma estava tão feliz!

Liam olhou para a tela, curioso, e depois olhou para mim, como se estivesse processando as imagens. Ele estendeu a mãozinha gordinha e tocou a tela do celular, os dedos se fechando sobre a imagem dela. 

Um sorriso fraco surgiu em seus lábios, mas logo ele franziu a testa, como se algo estivesse errado.

— Mamma? — ele murmurou, com a voz baixa, mas cheia de emoção.

Meu coração parou por um segundo. Ele já tinha balbuciado sons antes, mas essa era a primeira vez que ele dizia a palavra claramente. 

Um sorriso bobo se espalhou pelo meu rosto enquanto eu segurava o celular mais perto dele.

— Sim, isso mesmo, Liam. Mamma. Essa é a sua mamma. — falei animada, mas com a voz suave, para não assustá-lo.

Ele franziu o cenho novamente e, dessa vez, a palavra saiu com mais convicção.

— Mamma! — disse, batendo levemente na tela do celular.

Eu ri, surpresa e encantada ao mesmo tempo. Era como se ele estivesse tentando chamá-la, como se estivesse buscando aquela presença familiar que sempre o acalmava. 

Meus olhos ficaram um pouco marejados. Ele estava crescendo tão rápido, e aquele momento, mesmo simples, era monumental.

— Mamma vai ficar tão feliz quando ouvir você dizer isso — murmurei, beijando o topo da cabeça dele.

Eu continuei mostrando as fotos de Carina, contando pequenas histórias sobre cada uma delas. Mesmo que ele não entendesse tudo, eu sabia que a familiaridade com as imagens e minha voz o acalmavam.

— Olha essa, probie. A mamma estava te dando banho, lembra? Você estava rindo tanto... — comentei, apontando para a foto de Carina segurando Liam na banheira, ambos cobertos de espuma e sorrisos.

Liam sorriu levemente, como se entendesse. Mas depois de um tempo, seu sorriso desapareceu, e ele novamente murmurou, com a voz um pouco mais baixa desta vez:

— Mamma... mamma...

Meu peito apertou. Era incrível como, mesmo tão jovem, ele já tinha esse laço profundo com Carina. Ele sentia muito cada ausência dela.

One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora