One Shots Marina (PT-BR)

17. Choro

P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

Eu estava deitada na cama, ainda sonolenta, tentando aproveitar os últimos minutos de paz antes de o dia começar de verdade. Carina tinha levantado mais cedo, como era ultimamente, e estava no banheiro.

Eu ouvi a água correndo enquanto ela se movimentava, o som suave do chuveiro preenchendo o silêncio do quarto. Liam ainda dormia no quarto ao lado, e eu estava ansiosa para ter mais um dia tranquilo com a nossa pequena família.

O sol entrava pelas cortinas semiabertas, iluminando a cama com uma luz suave e dourada. Me espreguicei preguiçosamente, sem muita pressa, me permitindo relaxar naquele raro momento de sossego. 

De repente, um som abafado veio do banheiro. Um som que fez meu coração acelerar: o som de choro.

No início, pensei que estivesse imaginando coisas, mas quando prestei mais atenção, não havia dúvida. Carina estava chorando. 

O som era suave, quase contido, mas eu sabia reconhecer. Ela estava tentando não fazer barulho, mas suas emoções haviam transbordado de alguma forma. 

Levantei-me imediatamente, o instinto de protegê-la sempre tomava conta de mim. Abri a porta do banheiro devagar, tentando não assustá-la. A visão que encontrei fez meu coração apertar.

Ela estava de pé diante do espelho, ainda de lingerie, com uma mão apoiada no balcão da pia e a outra acariciando levemente a barriga de sete meses. Ela ainda não havia entrado no box, e seu corpo tremia levemente enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Sua expressão era uma mistura de tristeza e frustração, e eu sabia que ela estava se sentindo vulnerável.

— Carina, o que foi? — perguntei suavemente, me aproximando, sem querer invadir seu espaço.

Ela olhou para mim através do reflexo no espelho, seus olhos brilhando com as lágrimas. A dor em seu olhar era tão intensa que meu peito doeu por ela.

— Eu... Eu simplesmente... — ela tentou falar, mas sua voz falhou, e ela virou o rosto para longe do espelho, tentando conter o choro.

Caminhei até ela, envolvendo meus braços ao redor de seu corpo, abraçando-a gentilmente por trás. Senti a pele quente dela contra a minha, e o peso do bebê entre nós fez o momento parecer ainda mais profundo. 

Minha esposa respirou fundo, tentando recuperar o controle. Eu podia sentir como ela estava lutando com suas emoções.

— Você não precisa segurar tudo sozinha, meu amor — sussurrei, apertando-a um pouco mais — Estou aqui, Carina. O que está te incomodando?

Ela hesitou, respirando fundo novamente antes de soltar um pequeno suspiro.

— Eu... Eu me sinto tão grande, Maya — a voz dela soava trêmula, e meu coração apertou ainda mais — Olha pra mim... Eu sei que estou grávida, sei que isso faz parte, mas às vezes, quando eu me olho no espelho... Eu não me reconheço. Me sinto feia.

As palavras saíram dela de uma forma dolorosa, como se fosse difícil admitir esses sentimentos. Eu podia ver o quanto aquilo a estava afetando, o quanto ela estava lutando com sua autoimagem, mesmo sabendo que estava gerando uma nova vida dentro de si.

— Meu amor — comecei, suavemente, virando-a de frente para mim. Coloquei minhas mãos em suas bochechas, forçando-a a me olhar nos olhos — Você está criando nosso bebê. Cada curva, cada mudança no seu corpo... É a coisa mais bonita que eu já vi. Você está linda, Carina.

Ela tentou sorrir, mas as lágrimas ainda corriam pelo rosto dela, e eu sabia que esse era um daqueles momentos em que palavras, por mais sinceras que fossem, não apagariam completamente os sentimentos que ela estava carregando.