28. Íntimo

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P.O.V. MAYA DELUCA-BISHOP

O silêncio do quarto do hospital era reconfortante. O único som era o suave sussurro da minha voz enquanto balançava Nina de um lado para o outro, tentando manter o ritmo para que ela não despertasse completamente. 

Seus pequenos olhos estavam começando a se abrir, piscando lentamente, enquanto o rostinho ainda inchado do nascimento fazia expressões curiosas. Estávamos sozinhas naquele pequeno momento de paz, com Carina adormecida na cama e Liam enrolado como uma bolinha no carrinho ao lado.

Olhei para minha esposa, exausta, seu rosto sereno de quem finalmente cedeu ao cansaço depois de horas de trabalho de parto. Ela estava tão linda, mesmo assim. 

Meu coração apertava de amor por ela, pelo que tinha acabado de passar, pela força que sempre demonstrava, mesmo em seus momentos de maior vulnerabilidade. Eu sabia que ela precisava desse descanso, e eu estava mais do que feliz em cuidar de nossa pequena por enquanto.

— Oi, princesa — sussurrei suavemente, olhando para minha filha, cujos olhos agora estavam quase completamente abertos, o brilho curioso e confuso típico de recém-nascidos — Você quer ver o mundo, não é? Ou talvez só queira ver sua mamma e seu irmão.

Ela se mexeu levemente em meus braços, soltando um pequeno suspiro, enquanto seus olhinhos cor de mel encontravam os meus pela primeira vez. Aquele momento foi um golpe de ternura tão avassalador que eu quase perdi o fôlego. 

O tempo parecia parar. Era como se todo o hospital desaparecesse e restássemos apenas nós duas, conectadas por algo indescritível.

Meus olhos olhos marejados pela emoção. Eu nunca achei que poderia sentir tanto amor por alguém que acabei de conhecer.

Ela piscou lentamente, o olhar dela ainda um pouco desfocado, mas o suficiente para me encontrar, como se ela soubesse que eu era sua mãe. Como se, de alguma forma, ela já me reconhecesse. Eu me senti vista, amada por esse pequeno ser que acabava de chegar ao mundo, e a sensação foi algo que palavras não conseguiam descrever.

— Você é tão pequena — continuei a murmurar, balançando-a suavemente — Tão perfeita. E já é tão amada. Você sabe disso, não é? Sua mamma e eu estávamos esperando por você por tanto tempo... E agora você está aqui.

A sala estava envolta naquela luz suave do início da manhã, o sol entrando pelas persianas meio fechadas e criando padrões de sombras sobre as paredes brancas. Eu sabia que o mundo lá fora estava continuando, mas aqui dentro, parecia que estávamos em uma bolha, uma bolha onde só existiam eu, Nina e o amor que sentíamos por nossa família.

— Seu irmãozinho está dormindo — disse baixinho, olhando para Liam, que respirava suavemente no carrinho — Ele ainda não sabe o quanto a vida dele mudou. Mas eu sei que ele vai ser o melhor irmão mais velho que você poderia ter. Ele já te ama tanto, mesmo sem entender ainda.

Eu me aproximei do carrinho de Liam, ainda com minha menina nos braços, e olhei para os dois. Meu coração transbordava de felicidade e gratidão. Essa era a vida que sempre sonhei, mesmo que nunca soubesse até encontrá-la.

Nina se mexeu de novo, os pequenos braços balançando levemente, e eu sabia que era questão de minutos até que ela voltasse a dormir. Eu a segurei com mais firmeza, sentindo a suavidade de sua pele contra meus dedos, e me inclinei para lhe dar um beijo na testa.

— Vocês são o meu mundo.

Ela piscou uma última vez antes de fechar os olhinhos completamente, o sono a dominando de novo. 


One Shots Marina (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora