15~O corpo

30 8 8
                                    

Eu sinto que eu deveria ler a carta, mas tem coisas mais importantes neste momento, as poças, por exemplo. Saio do quarto, indo em busca de um rodo e um pano, aliás, morar sozinho exige muita responsabilidade... E eu acho isso um saco. Depois de enxugar, eu me sento no sofá. Olhando a mesa, vejo a caixa de cigarros, o que me deu vontade de experimentar... Pego um dos cigarros e acendo. A fumaça me faz tossir. Dou uma breve tragada, mas logo fico com ânsia de vômito.

Não penso duas vezes e logo apago o cigarro, limpando a boca com as costas da mão, com uma expressão de nojo.

- Que coisa ruim do cão... - eu falo sozinho, tossindo entre cada palavra dita.

Meu apartamento é consumido pelo cheiro pútrido do cigarro, o que faz eu me arrepender de ter acendido ele... Me sento no sofá, relaxando minha cabeça para trás, olhando o teto.

"Que horas devem ser? 23hrs? Meia noite? Tanta coisa aconteceu hoje...". Eu sinto meu corpo se arrepiar, talvez seja frio. "Não tenho nada para fazer... Também estou sem sono...". Ponho as mãos no rosto, as quais estão com o odor do cigarro.

- Mas que saco... Não tem ninguém para fazer com que eu me divirta? Uma mulher... Um homem... Criança... Até velho aceito. Alguém que eu possa desabafar? - eu nego com a cabeça. - Aí eu já estaria exigindo um psicólogo... - dou um suspiro longo e profundo. - Ah, do jeito que o Kai é desatarefado, talvez ele esteja disponível!

Pego meu celular, procurando pelo nome de Kai nos contatos, mas acabo não achando. "Oxi... Não salvei o número dele?". Suspiro mais uma vez e ponho o celular na mesinha. "Mais uma vez sozinho...". Me levanto e vou até meu quarto mais uma vez, agora disposto a ler aquela carta. Ela é toda em branco, um envelope feito com folha sulfite. Eu abro o envelope, tem uma folha de almaço dobrada dentro. Assim que eu a desdobro, começo a ler.

"Seu irmão vai voltar, fique atento, Chung-lee...", era o que estava escrito no pequeno pedaço de papel dobrado.

- Sinceramente... - olho para a carta com cara de muxoxo. - Eu esperava mais de algo que veio do nada... - ponho a mão no queixo, pensativo. - Realmente... Como essa carta veio parar aqui? Será que foi o serviço de quarto? Não, acho que não. Senão iriam me avisar de alguma carta ou encomenda... Então, como ela chegou até meu quarto? - eu suspiro, cansado de pensar. - Quer saber? Deixa quieto, melhor eu nem me estressar com isso...

Coloco a carta no criado mudo e me deito na cama, cruzando os dedos por cima de meu peito, estava parecendo um cadáver. Eu fecho os olhos junto de um suspiro. "Eu só preciso relaxar...".

De repente, meu despertador começa a tocar. Eu abro meus e me sento, apressado. Olho o relógio.

- 6hrs? Cacete! - começo a trocar minha roupa com muita pressa. - Nesse horário eu estou saindo de casa...

Ponho meus sapatos e dou uma ajeitada no cabelo. Pego as chaves e saio correndo. A esta hora, meu ônibus já foi embora, então tive que ir de a pé. Chego na delegacia, ofegante e meramente suado. Me encontro com Kai, logo nos corredores.

- Ah, Lee, está muito atrasado, hein. - diz ele, com um olhar de preocupação. - Teve motivo? Você nunca atrasa...

- Eu... Eu... - tento falar, mas andar tudo o que andei me deixou sem ar.

- Ah, tanto faz então, não se importe. Temos uma novidade para você.

Levanto minha cabeça, para poder vê-lo.

- Que novidade?

- Venha. - ele passa o braço por cima de meus ombros. - Temos um dos corpos das vítimas de Pyeong Hyun-soo.

Nós começamos a andar pelo corredor.

- Conseguiram um corpo tão fácil assim?

- Oras, ele, pelo visto, retornou do hiatus que teve.

- Como...? - arqueio a sobrancelha. - Hiatus?

- Ele matou, aparentemente, umas 30 ou 40 pessoas no primeiro ano. Depois, 68 no segundo ano. Ele não matou mais desde então, até que, só esse ano, já temos 12 casos. Ele está a ativa mais uma vez...

- Como ele não é tão procurado, então?

- Bom, é como se ele nunca deixasse testemunhas para trás.

Entramos na sala de corpo de delito. Tem um corpo na maca de ferro, era meio pequeno, talvez de uma mulher? O corpo estava com um grande pano branco, que encobria da cabeça aos pés. Eu me aproximo, tirando o pano. Arregalo os olhos quando vejo quem era a pessoa... "Aiko?", eu penso, "até você...?"

Analiso o seu rosto por mais uns segundos, então suspiro. "Não, não é você... Essas adolescentes de hoje em dia são tão parecidas.". Eu desço mais o pano, deixando seu tronco de fora. Seus seios médios e suas costelas bem aparentes, pelo visto, ela fazia dietas rigorosas... Seu corpo tem marcas de facadas, elas eram sem sentido e aleatórias.

Não sei o que aconteceu comigo, mas seus seios me chamaram a atenção... Tem uma coisa neles, um símbolo, era bem no meio do peitoral. Os peitos médios tapavam uma grande parte do que estava lá. "Uma tatuagem?". Eu hesito, mas logo ponho as mãos entre seus seios, afastando-os um do outro. Tinha realmente uma tatuagem, é um círculo de pétalas, com um símbolo yin e yang no meio. "Que coisa estranha...". Realmente, a tatuagem não era tão bonita assim, mas chamava atenção. Por um tempo, até me esqueço que estava segurando seus seios e, também, que Kai estava na sala. Arregalo os olhos e os solto, levantando os braços e me virando para Kai.

- Que tatuagem é essa? - eu pergunto, já com os braços abaixados.

- Nós não sabemos... Você é inteligente, poderia ir procurar pistas junto a mim e a Shin?

Penso por um tempo, logo assento com a cabeça.

- Está bem, ajudo.

Continua...

𝐏𝐞𝐫𝐢𝐠𝐨 𝐞𝐦 𝐒𝐞𝐮𝐥: 𝑢𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝐾𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟 01Onde histórias criam vida. Descubra agora