Quando o Passado Volta

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- Quem é vivo sempre aparece... - Suspira Eddie - A não ser que você esteja morto, ou preso.

- É... - Sorriu em acanho - Você... Cresceu. Não?

- Todo mundo cresce "Biff". Uns mais, outros menos... É o "Ciclo da Vida".

- Você... Com certeza herdou o "Humor Duvidoso" do seu pai. Isso e... - Indagou - Todo resto, ao que parece.

- A "Lataria" pode até ser do papai mas o resto... Com certeza e "Ainda bem" que não.

- Será que eu... Posso entrar? Eu precisava falar com você.

- É que sabe de uma coisa? Acho que não vai dar não Biff, hoje é dia de faxina e eu não vou ter nem meio minutinho pra te passar um café enquanto a gente fala do... Seu grande amigão presidiário "Bobby".

- Eddie... Por favor. Olha só eu... Sei que faz muito tempo que a gente não se vê e... Sei que não deve ter sido assim como não deve estar sendo fácil pra você passar todo esse período sem o seu pai mas...

- Não, não, não " Tio Biff". - Interrompe - Você com certeza não faz a menor idéia do que eu passei enquanto o seu amigo via o sol nascer quadrado nos últimos anos...

- Eu fui ver o "Bobby". - Dissera - Ele conseguiu uma renegociação que vai adiantar o processo de soltura dele. Ele queria muito te ver, digo... Queria resolver as coisas com você pra quando sair quem sabe vocês dois não...

- "Quem sabe" o quê? Recompensar o tempo perdido? Ir numa dessas lojas de roupas e comprar camisetas iguais? Ah! Já sei... - Ria - Esperar que eu compre uma caneca escrito "Para o Melhor Pai do Mundo"! - Exclamava

- Ele queria que eu viesse te ver. Ver como está. Que homem havia se tornado...

- É um pouco tarde pra isso não acha "Titio Biff"? Mas, como pôde ver, eu tô' "Incrível" e muito bem, digo, "Bem pra Caramba!" sem o Sr. Presidiário. Pode dizer isso á ele da próxima vez que o ver. Ah! E aproveita pra dizer também, que ele esqueceu o forno ligado quando saiu algemado de casa por bancar o "Piloto de Fuga" do seu Filminho de "Bang-Bang".

- Eu sinto muito pelo o que aconteceu Eddie. E sim, o seu pai errou. Errou com você, com a sua mãe, com ele mesmo. E eu sei disso, porque ele mesmo disse isso pra mim da última vez que eu o vi. Assim como também disse que teve muitos arrependimentos na vida, mas com toda certeza, você não foi um deles. Na verdade... - Suspira - Você foi a única coisa que ele fez de bom na vida dele.

- Já acabou? - Respondeu ele aos suspiros, olhando em fixo para um vazio denso e embargado á sua frente

- Já... Já sim. - Ele pontua - Bem, qualquer coisa... Eu moro no mesmo lugar de sempre. E ficaria feliz se mudasse de idéia filho.

Ele não reage, e apenas vê o homem se retirar da frente do Trailer. Eddie fecha a porta, ele ainda está voltado para essa, quando Emy resolve se aproximar:

- Ouviu isso também Dawson? - Indaga - O papai quer me ver. - Dissera ainda de costas

- Ouvi... Ouvi sim. - Ela responde, conforme se achegava vagarosamente á esse - Eddie...

- Ahh... - Suspirou espreguiçando-se - Me bateu uma fome agora... Gosta de "Tacos"? - Se dirigiu á cozinha abrindo a geladeira em seguida

A moça, o seguia com os olhos. Ela o via inquieto, abrindo e fechando ás portas do armário suspenso, e embaixo da pia. Por fim, ele apoia às mãos sob a bancada, curvando sua cabeça contra essa:

- É sempre assim... - Suspirava em tom de desgaste - Quer dizer, a minha vida pode estar às mil maravilhas! - Esbraveja abrindo os braços em euforia - Daí, qualquer coisinha que esteja relacionada á ele, saí de algum buraco da terra como que no "Thriller" do Michael Jackson e vêm pra me assombrar! - Sorri - E de quebra, me lembrar que "SIM!" eu tenho um pai, mas do que adianta se esse mesmo cara, está atrás de uma grade! Ele diz querer saber como eu estou? Achando que isso vai recompensar tudo do "Caramba" que ele me fez passar? Dia dos Pais, Aniversários, Natais, Dia das Profissões, Reuniões de Pais e Mestres... O que ele vai fazer com tudo isso?! Vai roubar um DeLorean e bancar o Doutor numa viagem ao passado? Ele quer saber o que eu quero? Beleza então, que ele fique sabendo que eu quero que ele "Vá pro Interno!" - Gritou esse, batendo por uma última vez às portas de um dos móveis, que ainda estava aberta

Aos ofagos, e elevando às mãos ao rosto, conduzindo os cabelos para trás, alí mesmo, Eddie se curva, e de "Cócoras" contra o piso do Trailer, respira descompassadamente:

A garota se aproxima, os pés calçados por uma botinha de cano curto estavam á altura do campo de vista do rapaz, que sente uma das mãos dessa suavemente repousa contra um dos seus ombros, antes de também se abaixar:

- Porque ele fez isso comigo? - Elevou o seu rosto á mesma, que nota algumas lágrimas escorrerem pôr se sobre - Por que? - Quationava em recusa - Porque ele não pensou em mim!

Emilly, dentre todas as frases que podia formular naquele instante, optou pelo gesto isento dessas, onde num inclino ligeiro, envoltava os braços em Eddie, o acolhendo num abraço. Aos poucos, e ainda sob efeito de ofagos, Eddie se rende áquele elo, comprimindo o corpo da moça contra o seu, enquanto declinava os olhos molhados em seu ombro direito, á medida em que sentia o perfume de seus cabelos e o calor de sua pele:

- Eu tô' aqui... - Sussurrou ao pé de seu ouvido

Emy estava ao sofá, Eddie, retornava do banheiro enxugando o rosto com uma toalha de mão. Relaxando os ombros, esse toma um lugar ao lado dessa, e se lançando de costas contra o seu colo, reclina sua cabeça na almofada que repousava às pernas da garota;

- Tá' melhor? - Perguntou a moça, á medida em que o olhava

- Como um gato folgado em sua almofada preferida... - Brincava com as pontas dos cabelos de Emy

- Olha só... - Se ajeita - Eu prometo, que não vou tocar mais no assunto quando não quiser, ou insistir nisso, mas eu só quero, que fique bem claro, que você sempre vai poder contar comigo. - Diz - Desde um "Cafuné" como esse, á um ouvindo atento pra escutar tudo o que você sentir, em me contar... Tá' legal?

Ele se levanta. Aproxima-se da mesma, por mais uma vez envoltando os seus braços entorno dessa. E numa carícia ao queixo, sentindo a textura de sua pele com as costas do dedo, ele suspira ao dizer:

- Eu não queria que você tivesse me visto daquele jeito... Sabe? - Olhava em atenção e aos lamentos para os seus lábios - Eu não queria sequer, pensar nele... Justamente por me fazer se sentir um "Garotinho Chorão e Remelento" de novo.

- Acha mesmo que eu gosto apenas...Da parte de você que me faz rir? - O questionou com doçura - Ou dos bons momentos que temos a sorte de passarmos juntos? - Procurava os seus olhos, enquanto esse brincava com as pontinhas do seu cabelo, trazendo sua atenção novamente para ela - Me escuta tá'? A sua humanidade, e o fato de não querer escondê-la, ou dar a mínima pro que os outros pensam á respeito dela, sempre vai ser a parte que eu mais vou querer ter por perto. Entendeu?

Com os olhos parcialmente marejados, e com um sorriso largo, Eddie acena com a cabeça em afirmativo. Numa troca "Tímida", de olhares com essa. Eddie, se inclina, e a surpreende com um beijo, que sendo esse intenso e duradouro, conforme aconchegava-se ao seu corpo, apenas certificava-se, da importância daquelas palavras e a convicção, dos sentimentos nutridos por esses, um pelo outro. Como que num desejo mútuo:

- Você é... - Suspirou esse aos ofagos - De tirar o fôlego Dawson. Literalmente... - Sorria com a mesma por alguns instantes - Valeu' ... Sério. - Concordara - Valeu' mesmo.

Ela lhe adianta um último beijo, dócil e ameno. Entreabrindo um sorriso largo logo em seguida:

- Eu tenho que ir agora... Tá'?

- É né'? Nada do que eu disser ou fizer vai adiantar mesmo... - Suspirou

- Talvez se... Você tocasse alguma coisa pra mim da última vez, do tipo... "Please Don't Go". Eu sempre quis que um cara cantasse isso pra mim...

- Eu vou me lembrar dessa da próxima vez... - Sorri vendo-na se levantar em seguida. De joelhos no sofá, e á altura da moça, Eddie sobrepõe às mãos envolta da sua cintura, trazendo-na gentilmente para mais perto, num suspiro que vagava de modo lento e prazeroso

- O que foi agora? - Questionou manuseando sua franja com a ponta dos dedos - Hum?

Olhando para o seu rosto, num elo que delimitava-se entre os lábios vultosos e hálito fresco, cílios longos de olhos redondos e bem contornados. Ele por mais uma vez entreabriu um sorriso e com uma das mãos ao seu rosto, dissera:

- Nada... Ou melhor, tudo.

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