Sob a Luz da Fogueira

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Era por volta do horário das 22:00h, o último grupo de jovens que estava a papear em volta da fogueira, haviam saído de lá já fazia um bom tempo. Agora, todos os alunos já estavam reclusos em seus Alojamentos, todos, menos um, ou melhor, dois.

Emilly estava com a impressão de que ficar reclusa em seu Alojamento, já não era mais uma opção de fuga ou um refúgio para colocar as ideias no lugar, tendo em vista de que aquele silêncio estava a deixá-la ainda mais atordoada e conflitada com os seus próprios sentimentos. Foi então, que envoltada por uma manta, ela iniciou uma caminhada noturna pela pousada, sem uma direção exata ou destino certo, ela só sabia que precisava do frescor daquele ar de aroma florestal adentrando em seus pulmões que faziam a troca do ar quente, pelo ar frio.

Ela caminha em direção ao pátio das fogueiras, tudo parecia quieto e calmo até então, mas ao se aproximar, a mesma notou o perceptível som de um violão que ao seguir, o mesmo instrumento que estava anteriormente no Hall Principal após ser utilizado por um dos alunos, agora era tocado pelas mãos repletas de anéis de Eddie Munson que sozinho, assentado de frente a fogueira solava "House Of The Rising Sun - The Animals" aquela cena chamou a atenção de Emy, e em vagarosos e imperceptíveis passos, ela ia se aproximando enquanto assistia e ouvia aquela cena.

- Eu tinha me esquecido de que Eddie Munson também tocava... - Induziu - E muito bem por sinal - Concluiu ainda em pé e próxima a ele.

Eddie dispara um sorriso entreaberto voltado aos olhos de Emilly.

- E aí Dawson?

- Oi Eddie... Posso? - Perguntara referindo, se podia tomar um assento sob aquele velho tronco de árvore

- A vontade... - O diz inclinando com uma das mãos ao apontar para o assento ao lado - Mas dúvido que o que eu esteja tocando, possa ser tão refinado ou culto, do que você está acostumada a ouvir e cantar no seu rádio.

- Por que não faz uma tentativa? - Novamente, essa lhe induz uma pergunta, inclinando o corpo para frente enquanto debruça os braços sob os joelhos

- Sem julgamentos?

- Sem julgamentos... - Consentiu num meio sorriso

Ele a olha num semblante fechado por alguns instantes, mas vagarosamente afrouxa um sorriso de sonoridade anasalada e convidativa.

- Tá' legal então... - Suspirou esse, enquanto ajeitava o violão rente ao corpo

Eddie, começa ao que parecia acariciar as cordas daquele violão, enquanto em movimentos inicialmente sutís reproduz o solo de "Nothing Else Matters - Mettalica", que é encorpado conforme o crescer e o intensificar das estrofes isentas de palavras, porém compostas por notas em acordes que transmitiam uma espécie de sensibilidade sem perder a ênfase dramática que fazia vibrar não apenas as cordas, mas algo vindo de dentro de Emy, que quase inerte, concentrava os seus olhos nos dedos de Eddie, até que os mesmos pausadamente parassem.

- A letra dessa música... - Disseram antes que o mesmo pudesse lhe dizer algo, provavelmente que a fizesse rir - Fala sobre o quê?

- Aí que tá' Dawson... - Suspira - A música em si, é uma interpretação livre. Uma incógnita, como o próprio ser humano, quer dizer, ela pode vir em várias formas, cores, modelos e tamanhos, dependendo de quem a escuta.

- E qual seria a forma que ela veio até você?

- Eu não sou bom em formular nada muito poético quando me pedem pra explicar alguma coisa mas... Ao meu ver, essa canção fala sobre "Saudade", "Ausência", sobre pessoas que estão longe de nós, que nos fazem falta e o quão isso costuma ser dilacerante em alguns momentos - Enfatiza - Principalmente, quando notamos a ausência delas quando mais precisamos, porém de uma forma meio que cientificamente inexplicável, a distância não é capaz de desconectar ou simplesmente quebrar o que ainda sentimos por essas pessoas, ou por uma pessoa em particular. Enfim..

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