Sob Pressão

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Era Munson quem havia a chamado, esse que agora estava assentado ao seu lado, naquele banco de estacionamento e que a mesma, não tinha percebido estando tão imersa adentro de seu interior, que estava por um fio de entrar em erupção, como que num vulcão ao colapsar as suas extremidades.

- Eddie... - Dissera procurando recompor-se - Ahh... - Ela suspira - Eu..

- Aí... Não precisa falar nada se não quiser. - Esse a olha encarecidamente

"Os alunos do ensino fundamental estavam em período de aula, bom... Exceto Eddie, que caminhava pelos corredores da escola procurando por algo mais divertido do que ter de copiar o exaustivo questionário dos eventos antecedentes á Revolução Francesa, ao mesmo tempo que cauteloso, fugia dos inspetores responsáveis por vigiar e capturar os alunos "Burladores" de regras. Mas, fora quando este passava de frente ao reservado feminino, que escutou o que parecia ser um choro ameno, de gemidos contidos, porém que soara mais nítido á medida em que encostava seu ouvido ao madeiro da porta.

Emilly abaixada próximo ao vaso sanitário da última cabine do banheiro, com os joelhos envoltos pelos braços e a cabeça curvada, chorava em silêncio, porém deixava de modo consideravelmente auditivo, suspiros melancólicos que saíam de sua boca, nos intervalos de suas sentidas lágrimas, as mesmas que gotejavam sob o branco azulejo quadriculado de sob os seus pés.

Fora quando, no espaço retangular do rodapé da porta, que uma mão passou por debaixo da mesma e ao lado de Emilly, que estava com as costas voltadas para essa, achegou-se uma embalagem de TWIX aberta, com o chocolate adentro que alcançava os engraxados sapatos de fivela da garotinha que notando além da inusitada porém amigável guloseima achocolatada, avistou o pequeno Eddie.

Que sentado do outro lado da porta, enquanto mastigava e degustava o doce sabor daquele chocolate recheado de caramelo com pedacinhos levemente salgados de amendoim, disse:


- Não precisa falar nada se não quiser só... Come o chocolate pra tirar esse amargo estranho e viscoso que fica na boca quando a gente chora. - Ele parou de falar por alguns instantes - Sente falta dos seus pais não sente? - Eddie questionou - Eu não estou por dentro de tudo o que aconteceu pra você ter se mudado pra casa dos seus tios mas... Eu costumava ficar assim também, quando sentia falta dos meus. E tudo bem chorar por causa disso, dói tanto quanto um respingo de limão no olho ou num arranhão aberto, a real é eu que... Eu só queria fazer uma limonada, e pra variar eu tinha cortado o dedo naquela mesma semana então... - Suspira - Já pode imaginar o que aconteceu quando o suco do limão também respingou no meu dedo.

Eddie consegue ouvir uma curta risadinha, que emanara do outro lado.

- [...] Tudo o que você precisa saber é que... Por mais que magoe na hora, no final, tudo acaba bem...

Ele escuta um barulho, e logo percebe a mesma entreabrindo a porta, terminado de enxugar às lágrimas e mordiscando um pedaço daquele chocolate.

- Obrigada... - Emilly disse, apesar de quase soar a palavra de modo inaudível

Aquela teria sido a primeira palavra que Eddie havia escutado ser pronunciada por Emilly, que desde que chegara na escola, o que seria cerca de dois meses, não proferia uma única palavra. Mas, a partir daquele dia, o garoto na havia apenas conseguido realizar o feito de fazê-la voltar a falar novamente, como também, a fez sorrir pela primeira vez. Pela primeira vez, depois de muito tempo".

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